sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

PARA SEMPRE HAITI

Haiti solto no mar
Frouxo nas nuvens densas e escurecidas
Não há desenho de algodão
Nem herói, nem boneca, nem guloseima mordida
Cinzas de fumaças confusas
Gritos vazios sem perdão...

Que desassossego o tum tum tum do coração
Ah! Meu irmão:
- Uma dose a mais de fé, imploro a ti
Que tristeza, que tremor, revolta da natureza
Sem julgamento, sem lei, nem culpado
A equação resulta errada

Os anjos procuram por esperança
Ajoelham-se, murmuram preces
Acalentam as almas partidas
Cobrem as asas, descem o véu
Não mudam o já feito

Almejam por ânimo, os da terra
Por ajuda, os feridos
Por amor, os benevolentes
Por compaixão, os desesperançados
Por chão, os inocentes
Pesar de quem fica
Que triste subida!
Zilda Arns... Alma tão imensuravelmente rica.
Ciclo da vida, da morte ou da lida?

Choro o choro dos impotentes
Do espectador
Da poltrona em frente ao palco
De sangue, de medo...
Engolindo sem chance a pílula de metal,
na combinação indigesta de náusea e de dor.

Peço aos produtores que o espetáculo chegue ao fim
Aos oportunistas, a solidariedade
Aos poderosos, o olhar retilíneo da boa vontade
Aos amorosos, o afeto consolador
Aos mais raivosos, a Luz da serenidade
Aos levados pelo colo da morte, a Paz
Aos corpos desprezados no solo tão sofrido, a dignidade
Aos navios do Porto, a reconstrução do cais
Ao Príncipe, o santo escudo da majestade

E a mão do tempo, um aperto Amigo!

sábado, 9 de janeiro de 2010

ISSO É UMA VERGONHA, Boris!


Enchentes, deslizamentos, saques a bens de vítimas da desapropriação inevitável de suas casas, ponte que desmoronou no Rio Grande do Sul, negligência médica causando mortes de inocentes, assaltos e assassinatos, dois mil presos não voltam após indulto e a primeira chacina do ano, em São Paulo, Itapevi, deixa quatro mortes, durante a madrugada deste sábado.
Ainda neste mesmo período balas perdidas mataram pelo menos cinco inocentes e dois ficaram feridos durante uma guerra entre traficantes rivais, no Complexo do Juramento, Zona Norte do Rio de Janeiro.

Essas são algumas das más notícias que foram ou serão veiculadas na imprensa brasileira dos últimos dias. Acontecimentos tristes, violentos, desnecessários, imprudentes, injustos e incompreensiveis para alguns e, para outros, que fazem parte do ciclo da vida... Mas, como classificar a atitude do apresentador da TV Bandeirantes, Boris Casoy?

No dia 31 de dezembro durante o Jornal da Band, ele subestimou a classe dos garis. Dois deles desejaram felicidades aos brasileiros em 2010. Enquanto, eles exibiam uma atitude nobre, que vai na contra-mão das mazelas noticiadas, o apresentador, a troco do que não sei, fez um comentário, no mínimo deselegante.

Não resolvi falar disso agora para ser mais uma pessoa a protestar o comportamento do apresentador. O meu intuito é deixar o ato registrado para uma reflexão, pois atitudes como esta fere não somente uma classe, mas todas as minorias - descentralizadas. Sim, porque juntas, formam a Maioria.

Uma fala como esta coloca em dúvida a prestação de serviço do jornalismo, coloca em dúvida a seriedade das notícias, a imparcialidade das informações, que já é bem duvidosa, e, indubitavelmente, o caráter e ética do apresentador e toda a sua turma, pois é possível ouvir risinhos cínicos difundidos na transmissão. De quem? Produtores? Roteiristas? Editores? Repórteres? Diretores? Quem mais pensa como ele?

Desse acontecimento, o Brasil inteiro ficou sabendo, porque o áudio vazou. Imaginem, então, o que fora dito em outras ocasiões que deflagrara vozes e risinhos como estes? E os que estão por vir e que, provavelmente, serão mais resguardados?

É apropriado resgatar um fato ocorrido em julho de 2007: Demissão da comentarista econômica Salete Lemos da TV Cultura, após o simples ato de ter criticado o enriquecimento ilícito dos banqueiros e a postura do governo Lula ao compactuar com eles, em detrimento da boa fé de cidadãos brasileiros. E o Boris será demitido? O que você acha desse rê-tê-tê?
Estamos em um momento em que os tempos pedem, a cada segundo, mais solidariedade, tolerância, compaixão, amizade, igualdade, compreensão, respeito aos recursos naturais e humanos, inclusão social... Há muitas pessoas na face da terra preocupadas com o rumo pelo qual a humanidade está sendo levada, mas infelizmente, são desdenhadas!

O próprio filme Avatar, vangloriado por sua linguagem gráfica inovadora, traz a mensagem de que o mundo precisa cultivar a mãe terra e a “árvore das almas”. O que seria essa “árvore das almas”? Disso falou-se muito pouco!

Os anos 80 anunciaram a Era de Aquário e a esperança de um período que vibraria a Luz da Alma, uma Consciência mais elevada entre os seres humanos. Cerca de 40 anos antes dessa época, T. S. Eliot escreveu “Luz... Luz, a lembrança visível da luz invisível”.
Uma passagem hassídica grafa: “Deixemos que a luz penetre a escuridão até que esta brilhe e não mais exista qualquer divisão entre as duas”. Mais pragmático, Honoré de Balzac profetizou a grande batalha interna da humanidade. “Sinto em mim uma vida tão luminosa que poderia iluminar um mundo, mas mesmo assim estou encerrado em uma espécie de mineral”.

Um mineral, por exemplo, a pedra, é para os hinduístas o estado de consciência mais primitivo do mundo material. E tomando por base as imagens televisivas, Boris Casoy parece ter, e em muito, a consciência reduzida a ele.

Se desejar, clique neste link http://www.youtube.com/watch?v=U6SFqhYVmaE&feature=related e tire as suas próprias conclusões! Neste endereço http://www.youtube.com/watch?v=x3O-qjHXki8 relembre a dignidade de Salete Lemos, como oposição às trevas.