sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

PARA SEMPRE HAITI

Haiti solto no mar
Frouxo nas nuvens densas e escurecidas
Não há desenho de algodão
Nem herói, nem boneca, nem guloseima mordida
Cinzas de fumaças confusas
Gritos vazios sem perdão...

Que desassossego o tum tum tum do coração
Ah! Meu irmão:
- Uma dose a mais de fé, imploro a ti
Que tristeza, que tremor, revolta da natureza
Sem julgamento, sem lei, nem culpado
A equação resulta errada

Os anjos procuram por esperança
Ajoelham-se, murmuram preces
Acalentam as almas partidas
Cobrem as asas, descem o véu
Não mudam o já feito

Almejam por ânimo, os da terra
Por ajuda, os feridos
Por amor, os benevolentes
Por compaixão, os desesperançados
Por chão, os inocentes
Pesar de quem fica
Que triste subida!
Zilda Arns... Alma tão imensuravelmente rica.
Ciclo da vida, da morte ou da lida?

Choro o choro dos impotentes
Do espectador
Da poltrona em frente ao palco
De sangue, de medo...
Engolindo sem chance a pílula de metal,
na combinação indigesta de náusea e de dor.

Peço aos produtores que o espetáculo chegue ao fim
Aos oportunistas, a solidariedade
Aos poderosos, o olhar retilíneo da boa vontade
Aos amorosos, o afeto consolador
Aos mais raivosos, a Luz da serenidade
Aos levados pelo colo da morte, a Paz
Aos corpos desprezados no solo tão sofrido, a dignidade
Aos navios do Porto, a reconstrução do cais
Ao Príncipe, o santo escudo da majestade

E a mão do tempo, um aperto Amigo!

5 comentários:

Anônimo disse...

É um prazer enorme te conhecer e aprender com seus comentários e lição de vida! Parabéns! bj

Anônimo disse...

Tânia F Siqueira

JUNIOR BROTAS disse...

...Mais uma vez você consegue expressar perfeitamente em palavras o sentimento de todos, melhor ainda quando é em forma de poesia. Acompanho o BLOG sempre e vejo que a cada dia o contador tá maior, fruto do seu trabalho e tempo dedicado quando você vai falar sobre um assunto. Parabens!

Nilton Ramos disse...

Nossa Senhora! Que coisa mais linda! Comecei a ler pensando se tratar de uma citação, como vemos às vezes sobre um texto...mas já era o texto. A prosa, o poema.
É muito bom ver que acertamos na escolha dos bons amigos que temos. Quando podemos 'ter' um pouco do seu coração em palavras como essas e nos sentir bem acompanhados na vida. Parabéns. E obrigado.

Nilton Ni

ER disse...

Washington, 14 jan (EFE).- O pastor americano Pat Robertson, dono do canal "Christian Broadcasting Network", disse que a tragédia provocada pelo terremoto de terça-feira no Haiti foi decorrente do "pacto com o diabo" que setores da população fizeram para que o país se tornasse independente da França.

Robertson é conhecido por fazer declarações incendiárias, como aquelas em que defendeu o assassinato do presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Em seu programa de ontem, segundo alguns meios de comunicação americanos, ele insinuou que, "muito tempo atrás, aconteceu algo no Haiti". "E o povo talvez não queira falar sobre isso", acrescentou.

"Os haitianos estavam sob o jugo da França (...). Eles se uniram e fizeram um pacto com o diabo. Disseram: 'Serviremos a ti caso nos liberte da França'", declarou o pastor.

Robertson insistiu na veracidade da história, que, segundo ele, terminou com as partes entrando em um acordo. O resultado, destacou, foram "a maldição" sobre os haitianos e as catástrofes que atingem o país mais pobre do hemisfério ocidental desde a sua independência, em 1804.

As críticas ao pastor não demoraram a chegar. A assessora da Casa Branca , Valerie Jarrett, afirmou hoje, na rede de TV "ABC", que os comentários do líder religioso a deixaram sem comentários e não expressavam o espírito dos americanos nem do presidente Barack Obama.

Comentaristas de diferentes jornais também condenaram as palavras de Robertson, como o editor de uma coluna religiosa do "Washington Post", David Waters.

Waters classificou como "vergonhoso" alguém sugerir que Deus ou as pessoas pobres do Haiti têm alguma relação com as causas da tragédia.

Um porta-voz do pastor, Chris Roslan, disse que as polêmicas palavras de Robertson se referiam aos rituais de vodu que eram praticados na ilha por escravos, e "não à ira de Deus". EFE sid/sc