sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Depois de publicar, no último dia 28 de novembro,...

... um texto sobre a exposição “Rebobine, Por Favor”, presente no MIS (Museu da Imagem e do Som) até 11 de janeiro de 2009, o seu Blog É todo um RÊ-TÊ-TÊ traz hoje trechos da entrevista coletiva com o cineasta francês Michel Gondry, idealizador e curador da mostra.

Ele, que começou dirigindo vídeo clipes, é também o diretor do filme “Rebobine, Por favor” (Be Kind Rewind), em cartaz na cidade de São Paulo desde o dia 12 deste mês.

Em uma clara homenagem aos sucessos do cinema dos anos 80, a película conta a história de um dono de uma locadora (Danny Glover) em apuros diante da concorrência, que passa a investir em estruturas mais modernas, atraindo seus clientes.

Sem dinheiro, ele sequer tem condições para as reformas básicas que a prefeitura exige em seu prédio. Então, o proprietário opta por estudar o novo negócio dos digital video discs, deixando o ajudante Mike (Mos Def, de 16 Quadras) gerenciando o seu estabelecimento.

Mike tem um amigo desmiolado, Jerry (Jack Black), que acaba desmagnetizando acidentalmente todas as fitas da locadora. Desesperados, eles “refilmam” as histórias, utilizando antigos recursos do cinema.

A intenção é “refazer” no quintal de casa filmes como “O Rei Leão”, “Os Caça-Fantasmas”, “Hora do Rush” e “Conduzindo Miss Daisy”, entre outros.

Além de recompor as prateleiras, os trapalhões também não querem perder a fidelidade da única cliente da loja, vivida por Mia Farrow.

Entrevista

Michel Gondry ficou mais conhecido após ganhar o Oscar de melhor roteiro pelo filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004), o qual também tem a sua assinatura como diretor.

Muito discreto e quase tímido, o cineasta falou, durante a sua primeira vinda ao Brasil, sobre o seu livro “You´ll Like This Film Because You´re In It: The Be Kind Rewind Protocol”, a exposição, o filme e suas experiências inusitadas ao realizar workshops reunindo pessoas leigas, no que diz respeito à sétima arte, pertencentes a diversos países onde tem visitado.

Sobre o argumento e a exposição do “Rebobine, Por favor”

Basicamente essa idéia surgiu há duas décadas, quando observava alguns cinemas sendo esvaziados na cidade de Paris, por causa da concorrência das salas maiores, as quais exibiam filmes blockbusteres. Pensei em aproveitar essas salas menores, que estavam sendo abandonadas e transformá-las em estúdios para realizar filmes caseiros. Abandonei essa idéia durante alguns anos e a retomei depois de filmar “Rebobine, Por favor”. Isso porque eu comecei a pensar sobre como seria se as pessoas fizessem filmes caseiros e os exibissem para elas mesmas. Daí peguei os cenários do meu filme como ambientes para essa exposição e aproveitei essa antiga idéia, utilizando os cenários como uma espécie de estúdio.

Novas tecnologias

As novas tecnologias e a Internet ajudam a produzir e divulgar esses materiais audiovisuais. Mas essa facilidade em produzir esses materiais tem afastado as pessoas do convívio comunitário, pois hoje tornou-se fácil fazer uma produção caseira dentro de seu quarto e depois divulgá-la na Internet, que será visto por pessoas dentro também de seus quartos. Por isso, tive a idéia de fazer dessa exposição, uma maneira de as pessoas produzirem seus filmes caseiros de forma comunitária e fora de seus quartos, no local da exposição. Juntar as pessoas num mesmo espaço, estimulando a participação conjunta entre elas.

Sua visão é crítica em relação a essas novas tecnologias?

Acho que você tem de ter um controle sobre o uso dessas mídias. Eu quando chamei o meu filho para morar comigo, disse a ele que não teria videogame. Mais tarde também tirei a TV dele. Percebi que com o tempo, isso nos ajudou a ficar mais criativos. É importante controlar o quê você vê, senão, você será controlado por isso.

Como você vê uma pessoa influenciada por suas idéias?

Na verdade eu prefiro muito mais estimular uma pessoa com o meu trabalho do que influenciá-la. O estímulo ajuda as pessoas a serem mais criativas.

Nunca ficou tentado a aceitar um convite de Hollywood?

Já houve uma aproximação entre nós, mas as pessoas [dos estúdios] se aproximavam de mim sem conhecer o meu trabalho, a minha filosofia... Eles não estavam interessados nas minhas idéias. Elas queriam apenas agregar seus selos aos meus projetos. Não me identifico com a forma de trabalho deles. Além disso, há coisas que desprezo em Hollywood, como o tratamento que eles dão aos personagens nos filmes. Todo mundo é apenas bom ou apenas mau. Os ricos são sempre maravilhosos e os pobres sempre estúpidos.

Sobre projetos em andamento

Tenho vários projetos que quero realizar. Estou fazendo uma animação com o meu filho. Há uma experiência que estou tendo com algumas crianças dentro de um ônibus escolar. Percebi que algumas delas ficam retraídas, quando estão todas juntas dentro do ônibus. Quando elas ficam em número reduzido seus processos criativos se ampliam. E têm outros projetos que ainda estou pensando.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Madonna no Brasil

Conforme a mídia, a platéia brasileira, Rio de Janeiro e São Paulo, foi a mais animada, mais empolgada, mais festejada, a mais devota de Madonna. As afirmações foram atribuídas à equipe da estrela, aos organizadores dos shows e a ela própria.

A deusa mencionou a amabilidade de seus “súditos” brasileiros em todas as ocasiões que pôde, seja durante suas apresentações e passagens de som.

No último, domingo, dia 21, em São Paulo, ela - trajando calça de ginástica preta, modelo pescador, uma camiseta preta e tênis também preto cantou “Don´t Cry for me, Argentina”, substituindo aquele país por São Paulo. No decorrer do ensaio, também dançou, cantou e pulou corda.

Ela prestava atenção em cada detalhe e descontraidamente leve brincava com a calorosa platéia. Um grande presente para quem enfrentava a chuva.

Ao se despedir, a musa disse para as pessoas rezarem, pedindo que parasse a chuva. Atendendo ou não às preces, São Pedro fechou a torneira e a rainha, depois de um atraso que já ficou esquecido na memória de seus fãs, entrou triunfante sentada em seu trono.

Mas por que Madonna é ainda um fenômeno em solo brasileiro, mesmo sem subir ao palco por 15 anos? A fidelidade e lealdade são notórias em todas as faixas etárias. Era possível ver crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, tanto na pista quanto nas arquibancadas, cadeiras e camarote.

Os heróis brasileiros morreram de over dose, como já dizia Cazuza, no século passado. E Madonna é tratada como uma heroína e muito mais...

Ela disse no último show que tinha muita sorte. A diva reconhece! As mulheres olham para ela e vêem uma mãe realizada. Três filhos saudáveis. A mais velha, Lourdes Maria, é fruto de um envolvimento com seu ex-personal trainer, Carlos Leon. Fetiche para muitas!

O segundo da prole, Rocco, é um belo menino, resultado de um casamento de oito anos com o dislexo Guy Ritchie, cineasta inglês, nascido em Hertfordshire. Transformar (de certa forma) a vida em filme é arquétipo coletivo.

E, por último, ela ainda arruma espaço para amar (é o que se espera) o filho adotivo David Banda, que conheceu em sua fundação "Raising Malawi". O processo de adoção legal do garoto africano perdurou por dois anos. Admirável, não? (sem mencionar outros artistas hollywoodianos, os quais iniciaram a ação).

Além disso, ao final do show, era comum ouvir mulheres dizerem que a partir daquela noite o destino certo era uma academia de ginástica e uma reeducação alimentar. A boa forma de Madonna é contagiante, senão invejável.

Muitos homens estavam preocupados com as finanças da artista. Não raro ouviam-se comentários sobre a arrecadação dos shows, da turnê e, também, em relação ao corpo malhado, à ousadia e energia da diva.

Carência de ídolos? De bons exemplos no Brasil? Sem dúvida a auto-imagem idealizada - conscientes e inconscientes - de muitos brasileiros vão ao encontro das concretizações reais de Madonna, por esses e muitos outros RÊ-TÊ-TÊs.

Alguns famosos também renderam-se ao "encanto da flauta", deixando de ser estrelas para se tornarem tietes. Preta Gil e Luana Piovani, por exemplo, seguiram a musa do Rio a São Paulo. Já Hortência (ex-jogadora de basquete da seleção) levou os filhos para apresentar Madonna como um bom exemplo, quando o assunto é bem-estar e qualidade de vida.

A mídia, então, nem se comenta. Falaram bem (na maioria das reportagens) ou muito mal como Jotabê Medeiros, na desnecessária e gratuita crítica negativa, publicada no Estadão Online, no dia 12 de dezembro, que parece ter sido retirada do ar.

No palco, a diva é mesmo magnetizante. Quase impossível tirar os olhos. E não adianta falar mal, o público prova que ela tem seus atrativos, cantando bem ou não. A paixão que ela desperta é indiscutível. Incrivelmene cativante. A auto-estima da cantora, dançarina e, raramente atriz, está mesmo em alta!

Se realmente somos auto responsáveis por tudo que temos, já que somos quem criamos e pensamos ser, conforme a lei da atração tão divulgada no Brasil, principalmente nos anos de 2006 e 2007, por meio de filmes e livros como “Quem somos nós?” e “O Segredo”, Madonna criou toda a atmosfera em que vive.

Em uma de suas entrevistas, ela afirmou querer ser Deus. Se Deus é simpático, ela de fato é uma deusa. Na passagem do som de domingo, carisma e atenção não faltou ao público.

Falante e feliz, parecia apossar da sensação de dever comprido. Mais tarde a impressão foi confirmada na final “Give it to me”, quando foi abraçada pelos dançarinos e derrubada no chão, sem perder o ótimo humor. Antes, emocionada chorou ao cantar “You must love me” e agradecer aos filhos, à equipe, aos fãs por tamanha felicidade!

O lado milimetricamente profissional da artista também foi evidenciado. Seja na troca de roupa, em que tudo é altamente esquematizado e pensado, até os passos precisos e sincronizados que realiza com seus super dançarinos.

Ela controla tudo! Precisa estar segura de que tudo dará certo, não se importando com as acusações sobre a maneira de fazer shows mecanizados.

Mecânico sim. Porém impecável. A diva realmente não “entrega pra Deus”. É muita tecnologia, muitos profissionais envolvidos... Muita responsabilidade. Quem sabe ela poderia ensinar esse profissionalismo ao staff da “Tickets For Fun”, que deu um show de incompetência na sua vinda para o Brasil, pelo menos.

Na quinta, dia 18, ingressos nas mãos dos cambistas custavam cerca de 10 a 30% dos valores oficiais, vendidos (muito mal) pela Internet e nas bilheterias. Já sábado e domingo era possível achar lugares pela metade do preço. Sem contar a cobrança da infame taxa de conveniência.

Cambistas e empresários da área de turismo que pretendiam lucrar com os shows foram ludibriados pela ganância. Alguns deles resolveram salvar o medíocre “negócio”, comprando mais barato de quem não assistiria ao show, por diversos motivos, e vendendo mais caro.

No domingo, um grupo de sete pessoas vendeu para um dos “negociantes” tíquetes na pista por R$ 30. Depois da transação, esse mesmo “comprador” oferecia os mesmos bilhetes por R$ 150. E, ainda, havia orgulho ao exercer a “profissão”!

“Compra de mim que sou cambista. Ele é amador. Eu tenho os ingressos. Sou profissional”, disse um, disputando a venda, em frente à entrada para a arquibancada azul, naquela tarde chuvosa.

Além da grande margem de chances para essa imensa vergonha, que passou desapercebida pelas autoridades responsáveis, a 4 Fun pecou também na distribuição.

Próximo das datas dos eventos, muita gente foi trocar seus tíquetes nas bilheterias do Credicard Hall. Eles estavam sem o código de barra. E, portanto, na hora da entrada por não haver leitura seriam considerados falsos. Pode?

No início, as pessoas precisavam comparecer aos guichês da casa de espetáculo por mais de uma vez, pois era exigida a fatura do cartão de crédito. Muitas tiveram de pedir a segunda via, esperar o reenvio, para depois efetuar a troca.

Ao final, talvez porque a notícia se espalhou e vários fãs estavam na mesma situação, bastava apresentar os ingressos “falsos”, vendidos nas bilheterias oficiais do evento e trocá-los. Eu participei dessa leva!

Para a próxima, se houver, a equipe técnica da Madonna deveria preparar um workshop para o grupo de amadores da 4 Fun. Vamos torcer!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mostra Bertolucci

A abertura da mostra “Estratégia do Sonho: O Primeiro Cinema de Bertolucci” foi realizada ontem no CCBB, com os documentários “Carta a Bertolucci” (1993), de Marcos Jorge, e “Bernardo Bertolucci: Pra que Serve o Cinema?” (2002), de Sandro Lai.

Após as projeções, ocorreu um debate esclarecedor sobre a obra do cineasta e algumas curiosidades de sua vida. Uma delas é a paixão do diretor pelo Brasil, com ênfase, à Bahia, estado que alinhavou laço estreito, em função de sua amizade com Glauber Rocha e Caetano Veloso, entre outros artistas.

Bertolucci não pôde participar do evento e tampouco deu entrevista à imprensa, por estar se recuperando de uma cirurgia mal sucedida que sofreu, na Suíça, em decorrência de problemas na coluna.

No entanto, o cineasta enviou - especialmente para a mostra - um vídeo gravado por ele, contendo uma carinhosa mensagem. Entre outros fatores, ele manifestou a honra ao receber a homenagem, a admiração que tem pelo País e sua arte, a importância do cinema em todos os tempos e sua vontade de participar dos debates em São Paulo e Rio de Janeiro, onde o evento começou primeiro e termina neste domingo.

O objetivo da programação é revelar o "mundo desconhecido" de Bernardo Bertolucci. É a primeira vez, no Brasil, que acontece uma abordagem da fase inicial de sua filmografia (1962 a 1979).

O acervo reúne curtas, clássicos e documentários sobre o cineasta italiano como “Novecento” (1976), “A Via do Petróleo” (1967) e “A Saúde está Doente” (1971).

Sua estréia no cinema deu-se com o filme “La Commare Secca”, em 1962, porém, ele ganhou notoriedade mundial com o “O Último Imperador” (1987), vencedor de 9 Oscar, incluindo os de melhor filme e melhor diretor.

O mestre do cinema moderno popularizou-se também com os provocadores “O Último Tango em Paris” (1972) e “La Luna” (1979).

Onde?
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112
Tel. 11- 3113-3651
70 lugares
De 17/12 a 4/1/09 – quarta a domingo
R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada)
Programação completa no site http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/sp/DetalheEvento.jsp?Evento.codigo=33082&cod=2

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Saramago II

Segunda parte da entrevista coletiva com José Saramago.

Literatura

“Sempre me perguntam se a literatura pode salvar o mundo. Quantas obras literárias foram escritas e se tornaram monumentos extraordinários da criatividade humana com seus grandes temas filosóficos e religiosos, e nem por isso conseguimos mudar os rumos da história”.

Corrupção

“Quantos delinqüentes há no mundo? Seria interessante fazer essa sondagem e perguntar quantas pessoas estão diretamente e indiretamente ligadas à delinqüência e a corrupção? Ficaríamos estarrecidos se soubéssemos a quantidade de pessoas ligadas a isso”.

Pensando certo, fazendo errado

“Quando poderíamos imaginar pais que não têm mais autoridade sobre seus filhos. Esses reis e rainhas do mundo fazendo o que acham que tem de ser feito. Depois vão sofrer os encontrões e reversões da realidade, quando não tiverem, para se defender, a áurea e a esperança que a juventude transporta consigo”.

Quem é pessimista?

“Dizem que sou bastante pessimista. Eu não sou pessimista é o mundo que é péssimo”.

Panorama mundial

“O homem bom almeja um mundo melhor. Pode parecer tolice, mas para mudar esses acontecimentos absurdos que vemos hoje, é preciso resgatar a bondade. Ela é inerente ao ser humano e deve ser resgatada. Deve ser vista, colocada em evidência. Não podemos mudar a vida e não mudarmos de vida!”.

* Foto de Saramago aos 10 anos. Arquivo Fundação José Saramago

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Entrevista com Saramago

Recentemente o admirável e respeitado escritor José Saramago esteve em São Paulo para lançar mundialmente o seu mais recente livro “A Viagem do Elefante”.

A ocasião foi publicada neste blog, no dia 26 de novembro, no formato de narrativa. Porém, a coletiva para a imprensa havia acontecido no dia anterior. Após alguns pedidos, o RÊ-TÊ-TÊ publica trechos da entrevista.
Boa leitura!

A primeira pergunta foi sobre pergunta

“Quando digo que estou cansado de dar entrevista, em parte é por causa de vocês da imprensa que repetem as mesmas perguntas. Quando vocês fazem as mesmas perguntas, eu fatalmente vou ser tentado a dar as mesmas respostas. Mas eu me esforço, quando fazem as mesmas perguntas, em dar respostas que não sejam exatamente iguais”.


Sobre a comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos

“Nesses dias que estão próximos de comemorar os sessenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, temos que refletir sobre as reais conquistas desse documento. Ele foi escrito do ponto de vista Ocidental, da Igreja Católica, Igreja Cristã. Mas parece que os direitos humanos ficaram só no papel, pois de fato nunca existiram. Infelizmente tenho que reconhecer que nunca existiu os direitos humanos, esse documento ficou só no papel, uma coisa ridícula. Uma grande parcela da humanidade não sabe, nem sequer, o que está escrito no documento. A grande causa que a humanidade poderia mobilizar-se seria essa: reivindicar os seus direitos. Mas sei que é muito difícil colocá-lo em ação. Não vejo como. A Declaração é uma intenção”.

Sobre sustentabilidade

“Uma vida sustentável está se transformando numa coisa impossível para milhões de pessoas que estão perdendo seus empregos, depois da crise financeira mundial. Mas do ponto de vista ecológico, as pessoas deveriam preservar mais os bens da natureza. Estamos distantes de Governos que pensam na ecologia, no mundo atual”.

O que o intelectual pensa sobre a crise?

“Essa crise fez com que milhões de pessoas que antes pertenciam à classe média e que agora não pertencem mais, estejam sem saber o que fazer. Não sabemos até onde isso vai parar. Como é que os responsáveis por tudo isso não perceberam o que poderia acontecer; O que é paradoxal é que os mesmos agentes que antes diziam que tínhamos que ter menos Estado, são os mesmos que hoje pedem socorro ao Estado”.

Quanto à prática de ações efetivamente políticas

“Não há uma alternativa política para o panorama econômico atual. Vamos viver essa vida de remendos até quando?”.

A cara da morte estava viva

“Quando eu comecei a escrever esse conto, que prefiro chamar assim, no lugar de romance, eu tive um grave problema de saúde e tive de parar de escrever. Quando voltei a escrevê-lo, depois de me curar e voltar do hospital, eu estava pesando cinqüenta e um quilos, para eu que pesava em torno de setenta quilos, isso era demais. Hoje peso setenta e seis. Eu pensei que não ia mais viver e aqui estou. Antes de ficar doente eu tinha escrito quarenta páginas e depois que saí da enfermidade, fiz o resto. Mas o que é interessante é que você, ao ler, não percebe nenhuma descontinuidade na história”.

Humor em um momento de tristeza

“’A Viagem do Elefante’ é o meu primeiro livro que conta com humor. Embora pareça paradoxal, pelas circunstâncias em que foi escrito. O meu livro é bem humorado e faz com que os leitores dêem algumas gargalhadas”.

Serenidade para poucos

“Não mudou quase nada minha visão do mundo. Sem a doença, eu estaria dizendo aqui as mesmas coisas que hoje estou dizendo. Posso dizer que uma coisa acentuou. Foi a minha serenidade. Embora eu sempre a tive, a serenidade acentuou ainda mais no meu comportamento. E eu nem precisei ler Paulo Coelho. Não precisei ler toda a sua obra”, brincou.

A origem simples

“Sempre fui calado, melancólico e até mesmo reservado. Vivia no campo com meus familiares e amigos que eram filhos de camponeses como eu. Me tornei o escritor que hoje sou, pelas leituras que fui fazendo no decorrer da minha vida, pois meus familiares eram quase analfabetos. Esse homem que está aqui, que tem Prêmio Nobel de Literatura, viveu de uma certa maneira”.

Saramago também é blogueiro

“Eu tenho certas dúvidas em relação à revolução da Internet. No fundo sou um ingênuo. Escrevo os textos (em seu blog) para ter mais contato com o leitor e poder trocar idéias. A Internet, talvez no futuro, seja uma coisa totalmente diferente do que é hoje... Será que teremos a mesma liberdade que temos hoje? Não sei, pois vejo que a Internet está a se transformar em um grande negócio?”.

Ideologia para viver

“É preciso conquistar o poder político para que possamos mudar o estado das coisas”.

* Foto de Saramago. Lisboa, 2006 (Kim Manresa)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Lançamento: “Onde a Água Encontra a Terra”

Para você que gosta de fotografia, amanhã, dia 16, às 18 horas, o crítico de arte Paulo Herkenhoff estará, na Livraria Arte e Cultura, lançando o livro “Onde a Água Encontra a Terra”.

Decorrente da exposição homônima, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em julho deste ano, a obra reúne trabalhos dos fotógrafos Carol Armstrong, Fernando Azevedo e Leonardo Kossoy.

Os três profissionais, interessados em discutir as relações entre a imagem e temas sobre a teoria da cultura, convidaram Herkenhoff, curador da exposição, para fazer parte também desse projeto.

Editada pela G. Ermakoff Casa Editorial, a publicação apresenta um aprofundado estudo sobre a imagem e sua poética, estabelecendo nexos entre a presença da água na fronteira com a terra.

Segundo a assessoria de imprensa do evento, o livro “Onde a Água Encontra a Terra” conta com inúmeras referências de obras, pensadores, artistas, movimentos e conceitos que tecem o consistente pensamento crítico construído pelo autor a partir de significativos nomes como Edmund Hussel, Merleau-Ponty, Roland Barthes e Gaston Bachelard.

O que?
Livro “Onde a Água Encontra a Terra”
228 páginas, 128 imagens, capa dura com sobrecapa
Em Português e Inglês
R$ 90
Livraria Arte e Cultura
Avenida Paulista, 2073 – Conjunto Nacional


Tenha uma linda semana!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Direitos Humanos no Cinema

Um importante evento, realizado na cidade, completa dois anos e, segundo seus incentivadores, entre eles, o ex-ministro José Gregory e Presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, o Entretodos Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos terá um longo ciclo de vida.

O encerramento do II Festival ocorreu nesta última quarta-feira, dia 10, no Sesc Vila Mariana, com a premiação de sete categorias, envolvendo 8 filmes vencedores, dos 27 concorrentes e mais de 100 inscritos. Além do troféu alguns dos ganhadores receberam entre 7 e 8 mil reais.

O evento contou com a presença da candidata à última eleição para prefeito de São Paulo, Soninha Francine, profissionais da cinematografia brasileira e entusiastas da imagem e do som.

Uma platéia pequena, porém consciente, e pouco interesse da mídia na comemoração de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma pena!

Um acontecimento como o Festival faz lembrar o quanto há diferenciados tipos de direitos humanos que, ainda, precisam ser garantidos pela sociedade brasileira, assim como outros que algumas pessoas nem imaginam que existam.

Entre os pensamentos ou revolta fica a grande importância de se valorizar a arte e a cultura, sobretudo, entendê-las. Juntas, elas também apontam para a necessidade de lutar por condições mais justas.

A área da saúde, por exemplo, a qual a cada dia enfrenta inúmeros problemas, há muito perdeu espaço na mídia para as disputadas fofocas sobre celebridades, mulheres melancias, forró estilizado e, lamentavelmente, crimes bárbaros e toda essa “lixificação” do homem.

Os filmes trouxeram à platéia, durante os dias 2 e 8 deste mês, relevantes reflexões sobre o que representam os direitos humanos, esforçando-se para desmistificarem o chavão de que o “estatuto” aplicado no Brasil defende ladrões.

Embora a arte seja um excelente veículo de forma a promover debates, discussões, reflexões sobre o verdadeiro significado desse, entre outros temas fundamentais, o Brasil, infelizmente, tem um longo caminho até, efetivamente, respeitar e reconhecer a diversidade, oferecer condições básicas de sobrevivência e defender a inclusão social, em seus variados aspectos.

Mas, não é por isso, que os direitos humanos, os quais continuam no papel por estas bandas de cá e de lá, não devem ser lembrados e relembrados como parte essencial para se alcançar mais respeito e dignidade Entre Todos.

Deixar de abordar o assunto, é entregar esse direito, e até certo ponto um dever, nas mãos das pessoas preocupadas apenas em viver em redomas gelatinosas com seus pares.

Portanto, se você tiver oportunidade de assistir a esses curtas em algum momento de sua vida, anote. Não perca a oportunidade!

Melhor Filme – “Depois do Ovo”, de Canói Ramará - PE
Melhor Diretor Estreante – André Marques, com “João e o Cão”
Melhor Roteiro – “Café com Leite”, de Daniel Ribeiro – SP
Prêmio Mochileiro e Menção Honrosa 1 – “Dia sim, dia não”, de Eveline Costa – RJ
Menção Honrosa 2 – “Dez Centavos”, de César Fernando de Oliveira – BA
Menção Honrosa 3 – “O Ano do Porco”, de Cláudia Calderón - SP
Prêmio Visão Social – “Solidário Anônimo”, de Débora Diniz
Troféu Assovio – “Menino Aranha”, de Mariana Lacerda

"Cansamos de tentar abrir um caminho pela matéria bruta. Escolhemos, agora, um outro caminho e nos lançamos, apressados, aos braços do infinito. Mergulhamos em nós mesmos e criamos um novo mundo". Frase do filósofo e cientista dinamarquês Henrik Steffens, ao descrever o movimento Romântico do século XVIII, no qual pertencia. Ele também lecionou na Alemanha e foi um grande influenciador do romantismo alemão.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Não acostumado com o clima...

... de festas do tipo rave, ele foi para um desses encontros, realizado em uma área afastada da cidade.

Depois de horas perdidos pelo caminho, por vias não certeiras, ele e seus amigos da faculdade encontraram a tal da rave.

“Que festa estranha, que gente mais esquisita”, pensou ele quando chegou ao local.

Mas já que o rê-tê-tê estava formado, decidiu não comentar sobre a sua primeira impressão. Receava criar uma atmosfera indigesta, envolvendo seus quatro amigos do primeiro ano do curso de Rádio e TV. Afinal, ele tinha de fazer jus ao esforço que havia feito para ser convidado.

Muita gente, música ensurdecedora, muitos gritos, cenas de namoros ardentes entre alguns dos participantes. Homem com homem, mulher com mulher, homem com mulher.

“Nossa, que... moderno”, refletiu sem ter muita certeza do que realmente achara naquele primeiro momento.

Até aquela encantadora experiência, ele só havia freqüentado festas promovidas por sua família e, às vezes, em casa de filhos de amigos de seu pai, que era desembargador.

“Ei garoto quer um pouco?”, disse uma menina magra, bem menor do que ele, loirinha, bonitinha, voz melosa, meio mole.

“O que é?”, respondeu ele, sem graça.

“Toma logo. Está com medo de mim?”, gargalhou em “câmera lenta” a garota.

Mesmo desconfiado tomou o líquido, bem parecido com água. Preferia arriscar a ser considerado medroso, covarde ou não aceito.

“Nossa, estou ficando um pouco tonto”, olhava para a garota que havia o levado para o meio da pista, perto de uma piscina.

Ele olhava para ela e via seu rosto desfocado, deformado, nebuloso... Ficou com muita vontade de rir. E... riu pro-funnnnnnnnn-da-mente.

Sentia-se feliz com toda aquela gente ao redor, que não o conhecia. “Que bom. Ninguém sabe se sou rico ou pobre, se me chamam de CDF da classe ou o malandrinho que sempre passa de ano colando as provas”, supôs saboreando a flutuação da alma.

Aos poucos o seu corpo foi assumindo um descontrole muito próprio. Libertou-se! Sentia-se livre e feliz pela primeira vez na vida.

Uma outra garota bem mais alta do que ele aproximou-se. Proprietária de uma voz grave, perguntou:

“Oi, você tem pó?”

“Pó, pó, um pó, né? Ah! Não tenho não... Mina”.

“E folhinha?”

“Hum, folhinha? Essa acabou agora a pouco”.

“E bala cara, tem uma bala aí?”

“Desculpe-me, deixei as minhas pastilhas no carro”.

“Puxa... Você conhece alguém aqui que tem um GHB?”

“Não, eu não conheço não. O meu também acabou”.

“Está bem moleque, então me dá um chiclete”.

“Olha sabe o que é: - A verdade é que é a primeira vez que eu venho a uma festa assim. Chiclete? Essa droga eu não conheço. Como ela é?”

“Você está me tirando. Chiclete? É chiclete, ué!”

* Baseado em história real.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tomie Ohtake, a exposição

Hoje abre para o público a exposição individual, intitulada “Tomie Ohtake”. São 14 telas e 6 esculturas realizadas neste ano, entre outros trabalhos, pela artista japonesa de 95 anos.

É uma rara oportunidade para apreciar esses dois tipos de expressão de Tomie, que reúne em sua extensa trajetória 20 Bienais Internacionais (6 em São Paulo), mais de 200 exposições entre o Brasil e o exterior e outras tantas importantes realizações.

“A opção por apresentar ao lado de pinturas um pequeno, mas significativo número de esculturas lineares realizadas em tubos metálicos pintados de branco, termina por evidenciar a agilidade do raciocínio da artista, a maneira desenvolta com que ela lida com a linha, uma das protagonistas recorrentes de sua obra, fazendo-a transitar do espaço plano da tela para o espaço do ambiente, saltando de um para o outro, conquistando seu lugar no mundo”, explica Agnaldo Farias, crítico de arte e organizador da mostra.

Costumava-se observar que as linhas da pintura de Tomie num determinado momento, principalmente a partir de sua sala especial na Bienal Internacional de São Paulo, em 1996, foram para o espaço alcançar a linguagem escultórica.

Nestas novas pinturas, a linha parece retornar calma à tela, porém, como elemento estruturante, ao mesmo tempo em que continua a habitar as novas esculturas, que podem brotar das paredes e do teto, ou “simplesmente” permanecerem apoiadas no chão. Para Agnaldo, a poética de Tomie está no modo como ela opera a relação entre cor, plano e linha, engendrando situações tão diversas quanto surpreendentes.

Onde?
Galeria Nara Roesler - galeria térreo
Av. Europa, 655
Tel: 11.3063-2344
Até 31 de janeiro de 2009
Grátis
http://www.nararoesler.com.br/

Mas se você prefere...

... a sétima arte ibérica a artes plásticas, programe-se! Amanhã começa a mostra “Cinema Espanhol Atual”, na Cinemateca Brasileira.

Além desse espaço, as exibições, que vão até o próximo dia 14, contam com os apoios da Embaixada da Espanha no Brasil e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional. O evento promete presentear o público com um breve panorama da nova cinematografia espanhola.

A partir da exibição de títulos premiados, aclamados pela crítica e, em sua maioria, nunca lançados comercialmente no Brasil, o ciclo é uma boa oportunidade para você conferir os rumos e tendências da telona na Espanha.

Confira!

Dia 10, às 20h30 - Azulescuroquasepreto (Azuloscurocasinegro), de Daniel Sánchez Arévalo
Espanha, 2006, 35mm, cor, 105’ I Legendas eletrônicas em português, com Quim Gutiérrez, Marta Etura, Antonio de la Torre, Héctor Colomé.
Depois de passar anos estudando, cuidando do pai doente e trabalhando como faxineiro, um jovem decide mudar o rumo de sua vida

Dia 11, às 20h30 - O melhor de mim (Lo mejor de mí), de Roser Aguilar
Espanha, 2007, 35mm, cor, 85’ Legendas eletrônicas em português, com Marian Álvarez, Juan Sanz, Lluís Homar, Alberto Jiménez.
Quando criança, Raquel não conseguia entender porque as pessoas falavam tanto sobre o amor, pois ela pensava no que poderia acontecer se ninguém a amasse.

Dia 12, às 20h30 - Eu sou a Juani (Yo soy ja Juani), de Bigas Luna
Espanha, 2006, 35mm, cor, 90’ Legendas eletrônicas em português, com Verónica Echegui, Dani Martín, Laya Martí, Gorka Lasaosa.
A jovem Juani tem problemas em casa. Seu namorado é insuportável e, não aturando mais seus ciúmes, ela o abandona e decide fazer tudo aquilo que não fez enquanto estava com ele.

Dia 13, às 20h30 – Um Franco, 14 pesetas (Un Franco, 14 pesetas), de Carlos Iglesias
Espanha, 2006, 35mm, cor, 96’ Legendas eletrônicas em português, com
Carlos Iglesias, Javier Gutiérrez, Nieve de Medina, Isabel Blanco.
Em 1960, dois amigos abandonam suas famílias na Espanha e partem para a Suíça em busca de trabalho.

Dia 14, às 20h30 - Salvador – Estória de um Milagre Cotidiano e Tua Vida em 65’

Salvador – Estória de um milagre cotidiano, de Hwidar Abdelatif
Espanha, 2007, 35mm, cor, 14’ Legendas eletrônicas em português, com Nacho Fresneda, Gabriel Merchán, Orlín Morán.
O diretor Hwidar Abdelatif idealiza a trágica manhã de 11 de março de 2004, em Madri, dia em que uma série de atentados terroristas foram cometidos na rede ferroviária da cidade.

Tua vida em 65 minutos (Tu vida en 65 minutos), de María Ripoll
Espanha, 2006, 35mm, cor, 100’ Legendas eletrônicas em português
Javier Pereira, Oriol Vila, Marc Rodríguez, Tamara Arias.
Num domingo, três jovens lêem uma nota de óbito e acreditam que o morto é um antigo colega de escola. A partir daí, a confusão e o acaso tecem uma história de amizade, amor e morte.

Onde?
Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207, próxima ao Metrô Vila Mariana
Tel. 11 – 3512.6111 (ramal 215)
Grátis
Não indicado para menores de 16 anos

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Teatro Grátis!

Você gosta de teatro? Se a resposta é sim. Então, que tal assistir à leitura dramática de “Noite de Reis”, de William Shakespeare, dirigida por Amir Haddad, no Mosteiro de São Bento, centro da Cidade?

O encontro será amanhã, dia 9, às 19 horas, e contará com os atores Dalton Vigh, Alinne Moraes, Leopoldo Pacheco, Luiz Araújo, Edgar Bustamante, Haylton Farias, Jairo Matos, Maximiliana Reis e Maurício Marques.

A iniciativa é da produtora Julia Catelli e marca o início do projeto para a montagem do espetáculo, prevista para o segundo semestre de 2009.

De acordo com a assessoria de imprensa do evento, esta é a primeira vez que o Salão Monástico do Mosteiro de São Bento é aberto, inclusive ao público, para a realização de uma leitura dramática.

Onde?
Mosteiro de São Bento – Salão Monástico
Largo do São Bento, sem número.
Tel. 3833.0110
Grátis
Retirar senha dia 9, a partir das 15 horas
Capacidade: 100 lugares


O que é?
"Noite de Reis"
é considerada, entre muitos críticos atuais e daquela época, a comédia mais bem escrita por Shakespeare. Trata-se de um grupo de pessoas que arma uma cilada para Malvólio de bobo, o qual não sabe se divertir e muito menos aceitar a diversão dos outros.

Uma segunda personagem, não imbuída do espírito de diversão naquele Dia de Reis, por conta da morte do irmão, é Olívia. Mas esse estado perde a importância, quando a moça conhece Cesário e por ele se apaixona.

Neste ponto da peça, segundo especialistas, nota-se a genialidade de Shakespeare ao lidar, de modo magistral, com questões de amores não correspondidos, afetos impossíveis, identidades falseadas, levando a trama cômica a um final feliz de acertamentos amorosos. "Noite de Reis" revela-se altamente circunstancial e, na maioria das vezes, comicamente apaixonada.

Tenha uma linda semana!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

RÊ-TÊ-TÊ informa:

... Se você quer ouvir hoje música popular brasileira de qualidade, de forma descontraída e ao lado de pessoas para lá de especiais, não perca a apresentação do grupo musical “A Força”.

Formada pelos artistas Nilton Ni, Anna Paula Par e Caio, a “A Força” apresenta-se em bares e eventos da capital há cerca de 6 anos e, desde então, tem proporcionado ao público momentos ímpares de admiração, cultura e entretenimento. Portanto, não perca!

Onde?
Fun Bar, sobre o Boca Club
Rua Augusta, 902
Tel.: 11-3459.7010
Hoje, às 21h



Outra dica, que começa hoje e vai até o dia 14, é o Festival Fábricas de Cultura, em que jovens da periferia apresentam-se em programação inédita.

O evento reúne um conjunto de nove diferentes modalidades artísticas, envolvendo dança (coordenação Inês Bogéa), teatro (coordenação Marcio Aurélio), música (coordenação Ari Colares) e circo.

As montagens são inspiradas na obra Petrouchka e o resultado foi alcançado após um ano de vivências artístico-culturais e ensaios, com cerca de mil jovens, moradores dos bairros de Capão Redondo, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Jaçanã, Jardim São Luís, Luz, Sapopemba, Vila Curuçá e Vila Nova Cachoeirinha.

Petrouchka

Em uma feira popular de São Petersburgo repleta de danças e de apresentações de artistas de rua, surge um misterioso Mago com suas três marionetes: Petrouchka, Mouro e Bailarina. Com toques de sua flauta, ele dá vida aos bonecos, que aprendem a se relacionar e a amar. O triângulo amoroso que se desenrola leva ao conflito entre o Mouro e Petrouchka que, em meio aos espantados espectadores, disputarão o amor da Bailarina em pleno carnaval.

Com música de Igor Stravinsky e coreografia de Michel Fokine, Petrouchka estreou em 13 de junho de 1911, no Théâtre du Châtelet, em Paris, com o lendário Nijinsky no papel do introvertido boneco.

Onde?
Teatro Sérgio Cardoso
Quinta, sexta e sábado, às 20h; domingo, às 18h
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Tel.: 11-3288.0136
Acessibilidade para pessoas com deficiências
Grátis
Indicação Etária: Livre
Retirada de senhas na bilheteria, uma hora antes do espetáculo.
Estações do Metrô próximas: São Joaquim e Brigadeiro

Parque do Ibirapuera - espaço atrás do Auditório
Domingo, dia 7, às 11h; única apresentação
Espetáculo “Pedrinho Capão Redondo”
Grátis
Informação no Teatro Sérgio Cardoso

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Chorara pelos momentos...

...que ainda não tinha vivido. Não sabia se por falta de coragem, oportunidade ou manobras do destino.

Sentia como se o vento soprasse e a levasse para horizontes desconhecidos, sem que tivesse controle do leme.

O leme já há muito estava longe de suas mãos. Não sentia dona de sua vida, de seus sentimentos e tampouco de seu coração.

Era um coração leviano e maldoso, porque só a colocava nas piores situações. Por mais que lesse livros de auto-ajuda, de psicologia, de espiritismo, de hinduismo, de budismo, de taoismo e todos os ismos, não achava uma explicação plausível para tanto vendaval existencial. Era um atrás do outro. Como Deus poderia permitir uma coisa dessas, se é que Deus existia!

Tinha dia que ela se sentia mais feliz, motivada a acordar, agradecia pelo sol, mais tarde pela lua, estrelas, o céu, a chuva e o mar. Sentia até vontade fazer ásanas (yoga).

No outro pedia para morrer. Sem esperanças, queria apenas acabar com a profunda dor que sentia. A dor que não sabia de onde vinha e nem o porquê.

Sim, não queria mais saber o motivo do sofrimento. Até da terapia já tinha desistido. “Que Freud, que Jung, que Eva Pierrakos, que nada!”, pensava enfurecida.

"Abaixo o autoconhecimento", escreveu com o seu batom de cor mais escura na vidraça de sua janela da sala de jantar, do 21º andar, da avenida Antônio Carlos Berrini, no Morumbi.

Após o ato de redenção, foi tomar banho.

Naquela noite queria banho de espumas para alvejar a pele. Em seguida, trocou a água e despejou um vidro de óleo importando (to take a shower), o qual havia trazido do Canadá.

Guardou a fragrância por um ano. Esperava uma ocasião... A dois! Mas como a noite ou o dia fabuloso nunca chegara, resolveu usar tudo de uma só vez. Jogou o vidro contra a parede. “Tão difícil e impossível que nem quebrou”, pensou aludindo mais à deplorável situação do que ao próprio frasco.

Saiu da banheira lentamente, enxugou cada parte de seu corpo, sentindo seu toque como se estivesse despedindo de seu corpo. Esfregou o hidratante que trouxera de sua mais recente viagem a Nova Iorque, sem sequer imaginar o momento que havia planejado para usar o tal moisturizing.

Foi até o closet. Tirou da gaveta a camisola de seda inglesa, comprada naquela tarde, e a colocou, juntamente com aquela glamurosa calcinha do tipo fio dental da famosa marca americana, feita para "dar asas à imaginação".

Caminhou penosamente até a varanda. Olhou os carros pequeninos que passavam por entre as diversas ruas desertas daquela noite.

Fitou o jardim bem cuidado de seu condomínio. Deslizou as unhas na cor "la boheme" pela grade dourada, que cercava a sacada.

Foi até o espelho da sala de jantar. Era o maior entre os vários que decoravam o belo duplex de 500 metros quadrados herdado de seus pais.

Dirigiu-se ao refrigerador. Pegou o champanhe que havia colocado há menos de uma hora para gelar. Voltou à varanda. “Que noite linda”, pensou debruçada na grade.

Abriu a garrafa, derramou lentamente o líquido em uma de suas taças, entre as muitas de cristal que colecionava, tomou com dificuldade a bebida, brindando a sua maravilhosa solidão!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Duas festas para você

Se você está pensando em que festa pretende ferver nos próximos dias, seguem duas dicas de eventos de dois amigos que estão se empenhando para realizar um RÊ-TÊ-TÊ inesquecível. Cada um com o seu encantamento:

Nesta sexta, dia 5, você (que é fã ou não de Madonna) poderá ouvir de “tudo um pouco”, conforme a Cia Teatro de Janela, organizadora do evento, que está preparando um mix musical, unindo o "velho e o novo", com direito a performances e outras surpresinhas!

Onde?
A festa chama-se “Friends of Madonna”
No Galharufa (antigo Ópera Bufa), a partir das 23h
Praça Roosevelt, 82, Consolação
R$ 10
Tem estacionamento em frente
Ps.: O local só não aceita o cartão Mastercard



O outro Rett é dia 10, quarta-feira, e tem a proposta de festejar a VIDA, encontrando "conhecidos e desconhecidos", para juntos comemorarem o final de 2008. Se você tem motivos para celebrar, eis a oportunidade! Se não tem, que tal criar uma? Esse é o lema do evento, que será realizado no Vermont Itaim Bar e Restaurante.

Onde?
A festa chama-se “Across The Universe”
Rua Pedroso Alvarenga, 1.192 - Itaim Bibi
Das 20h às 2h
R$ 10
Tel. (11) 3707-7721/ 3071-1320
Ps.: Chope gelado por R$ 3,50