sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Depois de publicar, no último dia 28 de novembro,...

... um texto sobre a exposição “Rebobine, Por Favor”, presente no MIS (Museu da Imagem e do Som) até 11 de janeiro de 2009, o seu Blog É todo um RÊ-TÊ-TÊ traz hoje trechos da entrevista coletiva com o cineasta francês Michel Gondry, idealizador e curador da mostra.

Ele, que começou dirigindo vídeo clipes, é também o diretor do filme “Rebobine, Por favor” (Be Kind Rewind), em cartaz na cidade de São Paulo desde o dia 12 deste mês.

Em uma clara homenagem aos sucessos do cinema dos anos 80, a película conta a história de um dono de uma locadora (Danny Glover) em apuros diante da concorrência, que passa a investir em estruturas mais modernas, atraindo seus clientes.

Sem dinheiro, ele sequer tem condições para as reformas básicas que a prefeitura exige em seu prédio. Então, o proprietário opta por estudar o novo negócio dos digital video discs, deixando o ajudante Mike (Mos Def, de 16 Quadras) gerenciando o seu estabelecimento.

Mike tem um amigo desmiolado, Jerry (Jack Black), que acaba desmagnetizando acidentalmente todas as fitas da locadora. Desesperados, eles “refilmam” as histórias, utilizando antigos recursos do cinema.

A intenção é “refazer” no quintal de casa filmes como “O Rei Leão”, “Os Caça-Fantasmas”, “Hora do Rush” e “Conduzindo Miss Daisy”, entre outros.

Além de recompor as prateleiras, os trapalhões também não querem perder a fidelidade da única cliente da loja, vivida por Mia Farrow.

Entrevista

Michel Gondry ficou mais conhecido após ganhar o Oscar de melhor roteiro pelo filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004), o qual também tem a sua assinatura como diretor.

Muito discreto e quase tímido, o cineasta falou, durante a sua primeira vinda ao Brasil, sobre o seu livro “You´ll Like This Film Because You´re In It: The Be Kind Rewind Protocol”, a exposição, o filme e suas experiências inusitadas ao realizar workshops reunindo pessoas leigas, no que diz respeito à sétima arte, pertencentes a diversos países onde tem visitado.

Sobre o argumento e a exposição do “Rebobine, Por favor”

Basicamente essa idéia surgiu há duas décadas, quando observava alguns cinemas sendo esvaziados na cidade de Paris, por causa da concorrência das salas maiores, as quais exibiam filmes blockbusteres. Pensei em aproveitar essas salas menores, que estavam sendo abandonadas e transformá-las em estúdios para realizar filmes caseiros. Abandonei essa idéia durante alguns anos e a retomei depois de filmar “Rebobine, Por favor”. Isso porque eu comecei a pensar sobre como seria se as pessoas fizessem filmes caseiros e os exibissem para elas mesmas. Daí peguei os cenários do meu filme como ambientes para essa exposição e aproveitei essa antiga idéia, utilizando os cenários como uma espécie de estúdio.

Novas tecnologias

As novas tecnologias e a Internet ajudam a produzir e divulgar esses materiais audiovisuais. Mas essa facilidade em produzir esses materiais tem afastado as pessoas do convívio comunitário, pois hoje tornou-se fácil fazer uma produção caseira dentro de seu quarto e depois divulgá-la na Internet, que será visto por pessoas dentro também de seus quartos. Por isso, tive a idéia de fazer dessa exposição, uma maneira de as pessoas produzirem seus filmes caseiros de forma comunitária e fora de seus quartos, no local da exposição. Juntar as pessoas num mesmo espaço, estimulando a participação conjunta entre elas.

Sua visão é crítica em relação a essas novas tecnologias?

Acho que você tem de ter um controle sobre o uso dessas mídias. Eu quando chamei o meu filho para morar comigo, disse a ele que não teria videogame. Mais tarde também tirei a TV dele. Percebi que com o tempo, isso nos ajudou a ficar mais criativos. É importante controlar o quê você vê, senão, você será controlado por isso.

Como você vê uma pessoa influenciada por suas idéias?

Na verdade eu prefiro muito mais estimular uma pessoa com o meu trabalho do que influenciá-la. O estímulo ajuda as pessoas a serem mais criativas.

Nunca ficou tentado a aceitar um convite de Hollywood?

Já houve uma aproximação entre nós, mas as pessoas [dos estúdios] se aproximavam de mim sem conhecer o meu trabalho, a minha filosofia... Eles não estavam interessados nas minhas idéias. Elas queriam apenas agregar seus selos aos meus projetos. Não me identifico com a forma de trabalho deles. Além disso, há coisas que desprezo em Hollywood, como o tratamento que eles dão aos personagens nos filmes. Todo mundo é apenas bom ou apenas mau. Os ricos são sempre maravilhosos e os pobres sempre estúpidos.

Sobre projetos em andamento

Tenho vários projetos que quero realizar. Estou fazendo uma animação com o meu filho. Há uma experiência que estou tendo com algumas crianças dentro de um ônibus escolar. Percebi que algumas delas ficam retraídas, quando estão todas juntas dentro do ônibus. Quando elas ficam em número reduzido seus processos criativos se ampliam. E têm outros projetos que ainda estou pensando.

2 comentários:

Anônimo disse...

Gostaria de ver aqui um POST sobre as novas regras da lingua portuguesa... gostaria de ver dicas e exemplos do que mudará no proximo ano.
Obrigadooo....

Renata Rainho disse...

oi, faz tempo que não passo por aqui...desculpa...
então eu assisti ao filme rebobine por favor. amei. bj bj