sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Depois de publicar, no último dia 28 de novembro,...

... um texto sobre a exposição “Rebobine, Por Favor”, presente no MIS (Museu da Imagem e do Som) até 11 de janeiro de 2009, o seu Blog É todo um RÊ-TÊ-TÊ traz hoje trechos da entrevista coletiva com o cineasta francês Michel Gondry, idealizador e curador da mostra.

Ele, que começou dirigindo vídeo clipes, é também o diretor do filme “Rebobine, Por favor” (Be Kind Rewind), em cartaz na cidade de São Paulo desde o dia 12 deste mês.

Em uma clara homenagem aos sucessos do cinema dos anos 80, a película conta a história de um dono de uma locadora (Danny Glover) em apuros diante da concorrência, que passa a investir em estruturas mais modernas, atraindo seus clientes.

Sem dinheiro, ele sequer tem condições para as reformas básicas que a prefeitura exige em seu prédio. Então, o proprietário opta por estudar o novo negócio dos digital video discs, deixando o ajudante Mike (Mos Def, de 16 Quadras) gerenciando o seu estabelecimento.

Mike tem um amigo desmiolado, Jerry (Jack Black), que acaba desmagnetizando acidentalmente todas as fitas da locadora. Desesperados, eles “refilmam” as histórias, utilizando antigos recursos do cinema.

A intenção é “refazer” no quintal de casa filmes como “O Rei Leão”, “Os Caça-Fantasmas”, “Hora do Rush” e “Conduzindo Miss Daisy”, entre outros.

Além de recompor as prateleiras, os trapalhões também não querem perder a fidelidade da única cliente da loja, vivida por Mia Farrow.

Entrevista

Michel Gondry ficou mais conhecido após ganhar o Oscar de melhor roteiro pelo filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004), o qual também tem a sua assinatura como diretor.

Muito discreto e quase tímido, o cineasta falou, durante a sua primeira vinda ao Brasil, sobre o seu livro “You´ll Like This Film Because You´re In It: The Be Kind Rewind Protocol”, a exposição, o filme e suas experiências inusitadas ao realizar workshops reunindo pessoas leigas, no que diz respeito à sétima arte, pertencentes a diversos países onde tem visitado.

Sobre o argumento e a exposição do “Rebobine, Por favor”

Basicamente essa idéia surgiu há duas décadas, quando observava alguns cinemas sendo esvaziados na cidade de Paris, por causa da concorrência das salas maiores, as quais exibiam filmes blockbusteres. Pensei em aproveitar essas salas menores, que estavam sendo abandonadas e transformá-las em estúdios para realizar filmes caseiros. Abandonei essa idéia durante alguns anos e a retomei depois de filmar “Rebobine, Por favor”. Isso porque eu comecei a pensar sobre como seria se as pessoas fizessem filmes caseiros e os exibissem para elas mesmas. Daí peguei os cenários do meu filme como ambientes para essa exposição e aproveitei essa antiga idéia, utilizando os cenários como uma espécie de estúdio.

Novas tecnologias

As novas tecnologias e a Internet ajudam a produzir e divulgar esses materiais audiovisuais. Mas essa facilidade em produzir esses materiais tem afastado as pessoas do convívio comunitário, pois hoje tornou-se fácil fazer uma produção caseira dentro de seu quarto e depois divulgá-la na Internet, que será visto por pessoas dentro também de seus quartos. Por isso, tive a idéia de fazer dessa exposição, uma maneira de as pessoas produzirem seus filmes caseiros de forma comunitária e fora de seus quartos, no local da exposição. Juntar as pessoas num mesmo espaço, estimulando a participação conjunta entre elas.

Sua visão é crítica em relação a essas novas tecnologias?

Acho que você tem de ter um controle sobre o uso dessas mídias. Eu quando chamei o meu filho para morar comigo, disse a ele que não teria videogame. Mais tarde também tirei a TV dele. Percebi que com o tempo, isso nos ajudou a ficar mais criativos. É importante controlar o quê você vê, senão, você será controlado por isso.

Como você vê uma pessoa influenciada por suas idéias?

Na verdade eu prefiro muito mais estimular uma pessoa com o meu trabalho do que influenciá-la. O estímulo ajuda as pessoas a serem mais criativas.

Nunca ficou tentado a aceitar um convite de Hollywood?

Já houve uma aproximação entre nós, mas as pessoas [dos estúdios] se aproximavam de mim sem conhecer o meu trabalho, a minha filosofia... Eles não estavam interessados nas minhas idéias. Elas queriam apenas agregar seus selos aos meus projetos. Não me identifico com a forma de trabalho deles. Além disso, há coisas que desprezo em Hollywood, como o tratamento que eles dão aos personagens nos filmes. Todo mundo é apenas bom ou apenas mau. Os ricos são sempre maravilhosos e os pobres sempre estúpidos.

Sobre projetos em andamento

Tenho vários projetos que quero realizar. Estou fazendo uma animação com o meu filho. Há uma experiência que estou tendo com algumas crianças dentro de um ônibus escolar. Percebi que algumas delas ficam retraídas, quando estão todas juntas dentro do ônibus. Quando elas ficam em número reduzido seus processos criativos se ampliam. E têm outros projetos que ainda estou pensando.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Madonna no Brasil

Conforme a mídia, a platéia brasileira, Rio de Janeiro e São Paulo, foi a mais animada, mais empolgada, mais festejada, a mais devota de Madonna. As afirmações foram atribuídas à equipe da estrela, aos organizadores dos shows e a ela própria.

A deusa mencionou a amabilidade de seus “súditos” brasileiros em todas as ocasiões que pôde, seja durante suas apresentações e passagens de som.

No último, domingo, dia 21, em São Paulo, ela - trajando calça de ginástica preta, modelo pescador, uma camiseta preta e tênis também preto cantou “Don´t Cry for me, Argentina”, substituindo aquele país por São Paulo. No decorrer do ensaio, também dançou, cantou e pulou corda.

Ela prestava atenção em cada detalhe e descontraidamente leve brincava com a calorosa platéia. Um grande presente para quem enfrentava a chuva.

Ao se despedir, a musa disse para as pessoas rezarem, pedindo que parasse a chuva. Atendendo ou não às preces, São Pedro fechou a torneira e a rainha, depois de um atraso que já ficou esquecido na memória de seus fãs, entrou triunfante sentada em seu trono.

Mas por que Madonna é ainda um fenômeno em solo brasileiro, mesmo sem subir ao palco por 15 anos? A fidelidade e lealdade são notórias em todas as faixas etárias. Era possível ver crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, tanto na pista quanto nas arquibancadas, cadeiras e camarote.

Os heróis brasileiros morreram de over dose, como já dizia Cazuza, no século passado. E Madonna é tratada como uma heroína e muito mais...

Ela disse no último show que tinha muita sorte. A diva reconhece! As mulheres olham para ela e vêem uma mãe realizada. Três filhos saudáveis. A mais velha, Lourdes Maria, é fruto de um envolvimento com seu ex-personal trainer, Carlos Leon. Fetiche para muitas!

O segundo da prole, Rocco, é um belo menino, resultado de um casamento de oito anos com o dislexo Guy Ritchie, cineasta inglês, nascido em Hertfordshire. Transformar (de certa forma) a vida em filme é arquétipo coletivo.

E, por último, ela ainda arruma espaço para amar (é o que se espera) o filho adotivo David Banda, que conheceu em sua fundação "Raising Malawi". O processo de adoção legal do garoto africano perdurou por dois anos. Admirável, não? (sem mencionar outros artistas hollywoodianos, os quais iniciaram a ação).

Além disso, ao final do show, era comum ouvir mulheres dizerem que a partir daquela noite o destino certo era uma academia de ginástica e uma reeducação alimentar. A boa forma de Madonna é contagiante, senão invejável.

Muitos homens estavam preocupados com as finanças da artista. Não raro ouviam-se comentários sobre a arrecadação dos shows, da turnê e, também, em relação ao corpo malhado, à ousadia e energia da diva.

Carência de ídolos? De bons exemplos no Brasil? Sem dúvida a auto-imagem idealizada - conscientes e inconscientes - de muitos brasileiros vão ao encontro das concretizações reais de Madonna, por esses e muitos outros RÊ-TÊ-TÊs.

Alguns famosos também renderam-se ao "encanto da flauta", deixando de ser estrelas para se tornarem tietes. Preta Gil e Luana Piovani, por exemplo, seguiram a musa do Rio a São Paulo. Já Hortência (ex-jogadora de basquete da seleção) levou os filhos para apresentar Madonna como um bom exemplo, quando o assunto é bem-estar e qualidade de vida.

A mídia, então, nem se comenta. Falaram bem (na maioria das reportagens) ou muito mal como Jotabê Medeiros, na desnecessária e gratuita crítica negativa, publicada no Estadão Online, no dia 12 de dezembro, que parece ter sido retirada do ar.

No palco, a diva é mesmo magnetizante. Quase impossível tirar os olhos. E não adianta falar mal, o público prova que ela tem seus atrativos, cantando bem ou não. A paixão que ela desperta é indiscutível. Incrivelmene cativante. A auto-estima da cantora, dançarina e, raramente atriz, está mesmo em alta!

Se realmente somos auto responsáveis por tudo que temos, já que somos quem criamos e pensamos ser, conforme a lei da atração tão divulgada no Brasil, principalmente nos anos de 2006 e 2007, por meio de filmes e livros como “Quem somos nós?” e “O Segredo”, Madonna criou toda a atmosfera em que vive.

Em uma de suas entrevistas, ela afirmou querer ser Deus. Se Deus é simpático, ela de fato é uma deusa. Na passagem do som de domingo, carisma e atenção não faltou ao público.

Falante e feliz, parecia apossar da sensação de dever comprido. Mais tarde a impressão foi confirmada na final “Give it to me”, quando foi abraçada pelos dançarinos e derrubada no chão, sem perder o ótimo humor. Antes, emocionada chorou ao cantar “You must love me” e agradecer aos filhos, à equipe, aos fãs por tamanha felicidade!

O lado milimetricamente profissional da artista também foi evidenciado. Seja na troca de roupa, em que tudo é altamente esquematizado e pensado, até os passos precisos e sincronizados que realiza com seus super dançarinos.

Ela controla tudo! Precisa estar segura de que tudo dará certo, não se importando com as acusações sobre a maneira de fazer shows mecanizados.

Mecânico sim. Porém impecável. A diva realmente não “entrega pra Deus”. É muita tecnologia, muitos profissionais envolvidos... Muita responsabilidade. Quem sabe ela poderia ensinar esse profissionalismo ao staff da “Tickets For Fun”, que deu um show de incompetência na sua vinda para o Brasil, pelo menos.

Na quinta, dia 18, ingressos nas mãos dos cambistas custavam cerca de 10 a 30% dos valores oficiais, vendidos (muito mal) pela Internet e nas bilheterias. Já sábado e domingo era possível achar lugares pela metade do preço. Sem contar a cobrança da infame taxa de conveniência.

Cambistas e empresários da área de turismo que pretendiam lucrar com os shows foram ludibriados pela ganância. Alguns deles resolveram salvar o medíocre “negócio”, comprando mais barato de quem não assistiria ao show, por diversos motivos, e vendendo mais caro.

No domingo, um grupo de sete pessoas vendeu para um dos “negociantes” tíquetes na pista por R$ 30. Depois da transação, esse mesmo “comprador” oferecia os mesmos bilhetes por R$ 150. E, ainda, havia orgulho ao exercer a “profissão”!

“Compra de mim que sou cambista. Ele é amador. Eu tenho os ingressos. Sou profissional”, disse um, disputando a venda, em frente à entrada para a arquibancada azul, naquela tarde chuvosa.

Além da grande margem de chances para essa imensa vergonha, que passou desapercebida pelas autoridades responsáveis, a 4 Fun pecou também na distribuição.

Próximo das datas dos eventos, muita gente foi trocar seus tíquetes nas bilheterias do Credicard Hall. Eles estavam sem o código de barra. E, portanto, na hora da entrada por não haver leitura seriam considerados falsos. Pode?

No início, as pessoas precisavam comparecer aos guichês da casa de espetáculo por mais de uma vez, pois era exigida a fatura do cartão de crédito. Muitas tiveram de pedir a segunda via, esperar o reenvio, para depois efetuar a troca.

Ao final, talvez porque a notícia se espalhou e vários fãs estavam na mesma situação, bastava apresentar os ingressos “falsos”, vendidos nas bilheterias oficiais do evento e trocá-los. Eu participei dessa leva!

Para a próxima, se houver, a equipe técnica da Madonna deveria preparar um workshop para o grupo de amadores da 4 Fun. Vamos torcer!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mostra Bertolucci

A abertura da mostra “Estratégia do Sonho: O Primeiro Cinema de Bertolucci” foi realizada ontem no CCBB, com os documentários “Carta a Bertolucci” (1993), de Marcos Jorge, e “Bernardo Bertolucci: Pra que Serve o Cinema?” (2002), de Sandro Lai.

Após as projeções, ocorreu um debate esclarecedor sobre a obra do cineasta e algumas curiosidades de sua vida. Uma delas é a paixão do diretor pelo Brasil, com ênfase, à Bahia, estado que alinhavou laço estreito, em função de sua amizade com Glauber Rocha e Caetano Veloso, entre outros artistas.

Bertolucci não pôde participar do evento e tampouco deu entrevista à imprensa, por estar se recuperando de uma cirurgia mal sucedida que sofreu, na Suíça, em decorrência de problemas na coluna.

No entanto, o cineasta enviou - especialmente para a mostra - um vídeo gravado por ele, contendo uma carinhosa mensagem. Entre outros fatores, ele manifestou a honra ao receber a homenagem, a admiração que tem pelo País e sua arte, a importância do cinema em todos os tempos e sua vontade de participar dos debates em São Paulo e Rio de Janeiro, onde o evento começou primeiro e termina neste domingo.

O objetivo da programação é revelar o "mundo desconhecido" de Bernardo Bertolucci. É a primeira vez, no Brasil, que acontece uma abordagem da fase inicial de sua filmografia (1962 a 1979).

O acervo reúne curtas, clássicos e documentários sobre o cineasta italiano como “Novecento” (1976), “A Via do Petróleo” (1967) e “A Saúde está Doente” (1971).

Sua estréia no cinema deu-se com o filme “La Commare Secca”, em 1962, porém, ele ganhou notoriedade mundial com o “O Último Imperador” (1987), vencedor de 9 Oscar, incluindo os de melhor filme e melhor diretor.

O mestre do cinema moderno popularizou-se também com os provocadores “O Último Tango em Paris” (1972) e “La Luna” (1979).

Onde?
Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Álvares Penteado, 112
Tel. 11- 3113-3651
70 lugares
De 17/12 a 4/1/09 – quarta a domingo
R$ 4 e R$ 2 (meia-entrada)
Programação completa no site http://www44.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr2/sp/DetalheEvento.jsp?Evento.codigo=33082&cod=2

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Saramago II

Segunda parte da entrevista coletiva com José Saramago.

Literatura

“Sempre me perguntam se a literatura pode salvar o mundo. Quantas obras literárias foram escritas e se tornaram monumentos extraordinários da criatividade humana com seus grandes temas filosóficos e religiosos, e nem por isso conseguimos mudar os rumos da história”.

Corrupção

“Quantos delinqüentes há no mundo? Seria interessante fazer essa sondagem e perguntar quantas pessoas estão diretamente e indiretamente ligadas à delinqüência e a corrupção? Ficaríamos estarrecidos se soubéssemos a quantidade de pessoas ligadas a isso”.

Pensando certo, fazendo errado

“Quando poderíamos imaginar pais que não têm mais autoridade sobre seus filhos. Esses reis e rainhas do mundo fazendo o que acham que tem de ser feito. Depois vão sofrer os encontrões e reversões da realidade, quando não tiverem, para se defender, a áurea e a esperança que a juventude transporta consigo”.

Quem é pessimista?

“Dizem que sou bastante pessimista. Eu não sou pessimista é o mundo que é péssimo”.

Panorama mundial

“O homem bom almeja um mundo melhor. Pode parecer tolice, mas para mudar esses acontecimentos absurdos que vemos hoje, é preciso resgatar a bondade. Ela é inerente ao ser humano e deve ser resgatada. Deve ser vista, colocada em evidência. Não podemos mudar a vida e não mudarmos de vida!”.

* Foto de Saramago aos 10 anos. Arquivo Fundação José Saramago

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Entrevista com Saramago

Recentemente o admirável e respeitado escritor José Saramago esteve em São Paulo para lançar mundialmente o seu mais recente livro “A Viagem do Elefante”.

A ocasião foi publicada neste blog, no dia 26 de novembro, no formato de narrativa. Porém, a coletiva para a imprensa havia acontecido no dia anterior. Após alguns pedidos, o RÊ-TÊ-TÊ publica trechos da entrevista.
Boa leitura!

A primeira pergunta foi sobre pergunta

“Quando digo que estou cansado de dar entrevista, em parte é por causa de vocês da imprensa que repetem as mesmas perguntas. Quando vocês fazem as mesmas perguntas, eu fatalmente vou ser tentado a dar as mesmas respostas. Mas eu me esforço, quando fazem as mesmas perguntas, em dar respostas que não sejam exatamente iguais”.


Sobre a comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos

“Nesses dias que estão próximos de comemorar os sessenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, temos que refletir sobre as reais conquistas desse documento. Ele foi escrito do ponto de vista Ocidental, da Igreja Católica, Igreja Cristã. Mas parece que os direitos humanos ficaram só no papel, pois de fato nunca existiram. Infelizmente tenho que reconhecer que nunca existiu os direitos humanos, esse documento ficou só no papel, uma coisa ridícula. Uma grande parcela da humanidade não sabe, nem sequer, o que está escrito no documento. A grande causa que a humanidade poderia mobilizar-se seria essa: reivindicar os seus direitos. Mas sei que é muito difícil colocá-lo em ação. Não vejo como. A Declaração é uma intenção”.

Sobre sustentabilidade

“Uma vida sustentável está se transformando numa coisa impossível para milhões de pessoas que estão perdendo seus empregos, depois da crise financeira mundial. Mas do ponto de vista ecológico, as pessoas deveriam preservar mais os bens da natureza. Estamos distantes de Governos que pensam na ecologia, no mundo atual”.

O que o intelectual pensa sobre a crise?

“Essa crise fez com que milhões de pessoas que antes pertenciam à classe média e que agora não pertencem mais, estejam sem saber o que fazer. Não sabemos até onde isso vai parar. Como é que os responsáveis por tudo isso não perceberam o que poderia acontecer; O que é paradoxal é que os mesmos agentes que antes diziam que tínhamos que ter menos Estado, são os mesmos que hoje pedem socorro ao Estado”.

Quanto à prática de ações efetivamente políticas

“Não há uma alternativa política para o panorama econômico atual. Vamos viver essa vida de remendos até quando?”.

A cara da morte estava viva

“Quando eu comecei a escrever esse conto, que prefiro chamar assim, no lugar de romance, eu tive um grave problema de saúde e tive de parar de escrever. Quando voltei a escrevê-lo, depois de me curar e voltar do hospital, eu estava pesando cinqüenta e um quilos, para eu que pesava em torno de setenta quilos, isso era demais. Hoje peso setenta e seis. Eu pensei que não ia mais viver e aqui estou. Antes de ficar doente eu tinha escrito quarenta páginas e depois que saí da enfermidade, fiz o resto. Mas o que é interessante é que você, ao ler, não percebe nenhuma descontinuidade na história”.

Humor em um momento de tristeza

“’A Viagem do Elefante’ é o meu primeiro livro que conta com humor. Embora pareça paradoxal, pelas circunstâncias em que foi escrito. O meu livro é bem humorado e faz com que os leitores dêem algumas gargalhadas”.

Serenidade para poucos

“Não mudou quase nada minha visão do mundo. Sem a doença, eu estaria dizendo aqui as mesmas coisas que hoje estou dizendo. Posso dizer que uma coisa acentuou. Foi a minha serenidade. Embora eu sempre a tive, a serenidade acentuou ainda mais no meu comportamento. E eu nem precisei ler Paulo Coelho. Não precisei ler toda a sua obra”, brincou.

A origem simples

“Sempre fui calado, melancólico e até mesmo reservado. Vivia no campo com meus familiares e amigos que eram filhos de camponeses como eu. Me tornei o escritor que hoje sou, pelas leituras que fui fazendo no decorrer da minha vida, pois meus familiares eram quase analfabetos. Esse homem que está aqui, que tem Prêmio Nobel de Literatura, viveu de uma certa maneira”.

Saramago também é blogueiro

“Eu tenho certas dúvidas em relação à revolução da Internet. No fundo sou um ingênuo. Escrevo os textos (em seu blog) para ter mais contato com o leitor e poder trocar idéias. A Internet, talvez no futuro, seja uma coisa totalmente diferente do que é hoje... Será que teremos a mesma liberdade que temos hoje? Não sei, pois vejo que a Internet está a se transformar em um grande negócio?”.

Ideologia para viver

“É preciso conquistar o poder político para que possamos mudar o estado das coisas”.

* Foto de Saramago. Lisboa, 2006 (Kim Manresa)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Lançamento: “Onde a Água Encontra a Terra”

Para você que gosta de fotografia, amanhã, dia 16, às 18 horas, o crítico de arte Paulo Herkenhoff estará, na Livraria Arte e Cultura, lançando o livro “Onde a Água Encontra a Terra”.

Decorrente da exposição homônima, realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, em julho deste ano, a obra reúne trabalhos dos fotógrafos Carol Armstrong, Fernando Azevedo e Leonardo Kossoy.

Os três profissionais, interessados em discutir as relações entre a imagem e temas sobre a teoria da cultura, convidaram Herkenhoff, curador da exposição, para fazer parte também desse projeto.

Editada pela G. Ermakoff Casa Editorial, a publicação apresenta um aprofundado estudo sobre a imagem e sua poética, estabelecendo nexos entre a presença da água na fronteira com a terra.

Segundo a assessoria de imprensa do evento, o livro “Onde a Água Encontra a Terra” conta com inúmeras referências de obras, pensadores, artistas, movimentos e conceitos que tecem o consistente pensamento crítico construído pelo autor a partir de significativos nomes como Edmund Hussel, Merleau-Ponty, Roland Barthes e Gaston Bachelard.

O que?
Livro “Onde a Água Encontra a Terra”
228 páginas, 128 imagens, capa dura com sobrecapa
Em Português e Inglês
R$ 90
Livraria Arte e Cultura
Avenida Paulista, 2073 – Conjunto Nacional


Tenha uma linda semana!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Direitos Humanos no Cinema

Um importante evento, realizado na cidade, completa dois anos e, segundo seus incentivadores, entre eles, o ex-ministro José Gregory e Presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos de São Paulo, o Entretodos Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos terá um longo ciclo de vida.

O encerramento do II Festival ocorreu nesta última quarta-feira, dia 10, no Sesc Vila Mariana, com a premiação de sete categorias, envolvendo 8 filmes vencedores, dos 27 concorrentes e mais de 100 inscritos. Além do troféu alguns dos ganhadores receberam entre 7 e 8 mil reais.

O evento contou com a presença da candidata à última eleição para prefeito de São Paulo, Soninha Francine, profissionais da cinematografia brasileira e entusiastas da imagem e do som.

Uma platéia pequena, porém consciente, e pouco interesse da mídia na comemoração de 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Uma pena!

Um acontecimento como o Festival faz lembrar o quanto há diferenciados tipos de direitos humanos que, ainda, precisam ser garantidos pela sociedade brasileira, assim como outros que algumas pessoas nem imaginam que existam.

Entre os pensamentos ou revolta fica a grande importância de se valorizar a arte e a cultura, sobretudo, entendê-las. Juntas, elas também apontam para a necessidade de lutar por condições mais justas.

A área da saúde, por exemplo, a qual a cada dia enfrenta inúmeros problemas, há muito perdeu espaço na mídia para as disputadas fofocas sobre celebridades, mulheres melancias, forró estilizado e, lamentavelmente, crimes bárbaros e toda essa “lixificação” do homem.

Os filmes trouxeram à platéia, durante os dias 2 e 8 deste mês, relevantes reflexões sobre o que representam os direitos humanos, esforçando-se para desmistificarem o chavão de que o “estatuto” aplicado no Brasil defende ladrões.

Embora a arte seja um excelente veículo de forma a promover debates, discussões, reflexões sobre o verdadeiro significado desse, entre outros temas fundamentais, o Brasil, infelizmente, tem um longo caminho até, efetivamente, respeitar e reconhecer a diversidade, oferecer condições básicas de sobrevivência e defender a inclusão social, em seus variados aspectos.

Mas, não é por isso, que os direitos humanos, os quais continuam no papel por estas bandas de cá e de lá, não devem ser lembrados e relembrados como parte essencial para se alcançar mais respeito e dignidade Entre Todos.

Deixar de abordar o assunto, é entregar esse direito, e até certo ponto um dever, nas mãos das pessoas preocupadas apenas em viver em redomas gelatinosas com seus pares.

Portanto, se você tiver oportunidade de assistir a esses curtas em algum momento de sua vida, anote. Não perca a oportunidade!

Melhor Filme – “Depois do Ovo”, de Canói Ramará - PE
Melhor Diretor Estreante – André Marques, com “João e o Cão”
Melhor Roteiro – “Café com Leite”, de Daniel Ribeiro – SP
Prêmio Mochileiro e Menção Honrosa 1 – “Dia sim, dia não”, de Eveline Costa – RJ
Menção Honrosa 2 – “Dez Centavos”, de César Fernando de Oliveira – BA
Menção Honrosa 3 – “O Ano do Porco”, de Cláudia Calderón - SP
Prêmio Visão Social – “Solidário Anônimo”, de Débora Diniz
Troféu Assovio – “Menino Aranha”, de Mariana Lacerda

"Cansamos de tentar abrir um caminho pela matéria bruta. Escolhemos, agora, um outro caminho e nos lançamos, apressados, aos braços do infinito. Mergulhamos em nós mesmos e criamos um novo mundo". Frase do filósofo e cientista dinamarquês Henrik Steffens, ao descrever o movimento Romântico do século XVIII, no qual pertencia. Ele também lecionou na Alemanha e foi um grande influenciador do romantismo alemão.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Não acostumado com o clima...

... de festas do tipo rave, ele foi para um desses encontros, realizado em uma área afastada da cidade.

Depois de horas perdidos pelo caminho, por vias não certeiras, ele e seus amigos da faculdade encontraram a tal da rave.

“Que festa estranha, que gente mais esquisita”, pensou ele quando chegou ao local.

Mas já que o rê-tê-tê estava formado, decidiu não comentar sobre a sua primeira impressão. Receava criar uma atmosfera indigesta, envolvendo seus quatro amigos do primeiro ano do curso de Rádio e TV. Afinal, ele tinha de fazer jus ao esforço que havia feito para ser convidado.

Muita gente, música ensurdecedora, muitos gritos, cenas de namoros ardentes entre alguns dos participantes. Homem com homem, mulher com mulher, homem com mulher.

“Nossa, que... moderno”, refletiu sem ter muita certeza do que realmente achara naquele primeiro momento.

Até aquela encantadora experiência, ele só havia freqüentado festas promovidas por sua família e, às vezes, em casa de filhos de amigos de seu pai, que era desembargador.

“Ei garoto quer um pouco?”, disse uma menina magra, bem menor do que ele, loirinha, bonitinha, voz melosa, meio mole.

“O que é?”, respondeu ele, sem graça.

“Toma logo. Está com medo de mim?”, gargalhou em “câmera lenta” a garota.

Mesmo desconfiado tomou o líquido, bem parecido com água. Preferia arriscar a ser considerado medroso, covarde ou não aceito.

“Nossa, estou ficando um pouco tonto”, olhava para a garota que havia o levado para o meio da pista, perto de uma piscina.

Ele olhava para ela e via seu rosto desfocado, deformado, nebuloso... Ficou com muita vontade de rir. E... riu pro-funnnnnnnnn-da-mente.

Sentia-se feliz com toda aquela gente ao redor, que não o conhecia. “Que bom. Ninguém sabe se sou rico ou pobre, se me chamam de CDF da classe ou o malandrinho que sempre passa de ano colando as provas”, supôs saboreando a flutuação da alma.

Aos poucos o seu corpo foi assumindo um descontrole muito próprio. Libertou-se! Sentia-se livre e feliz pela primeira vez na vida.

Uma outra garota bem mais alta do que ele aproximou-se. Proprietária de uma voz grave, perguntou:

“Oi, você tem pó?”

“Pó, pó, um pó, né? Ah! Não tenho não... Mina”.

“E folhinha?”

“Hum, folhinha? Essa acabou agora a pouco”.

“E bala cara, tem uma bala aí?”

“Desculpe-me, deixei as minhas pastilhas no carro”.

“Puxa... Você conhece alguém aqui que tem um GHB?”

“Não, eu não conheço não. O meu também acabou”.

“Está bem moleque, então me dá um chiclete”.

“Olha sabe o que é: - A verdade é que é a primeira vez que eu venho a uma festa assim. Chiclete? Essa droga eu não conheço. Como ela é?”

“Você está me tirando. Chiclete? É chiclete, ué!”

* Baseado em história real.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tomie Ohtake, a exposição

Hoje abre para o público a exposição individual, intitulada “Tomie Ohtake”. São 14 telas e 6 esculturas realizadas neste ano, entre outros trabalhos, pela artista japonesa de 95 anos.

É uma rara oportunidade para apreciar esses dois tipos de expressão de Tomie, que reúne em sua extensa trajetória 20 Bienais Internacionais (6 em São Paulo), mais de 200 exposições entre o Brasil e o exterior e outras tantas importantes realizações.

“A opção por apresentar ao lado de pinturas um pequeno, mas significativo número de esculturas lineares realizadas em tubos metálicos pintados de branco, termina por evidenciar a agilidade do raciocínio da artista, a maneira desenvolta com que ela lida com a linha, uma das protagonistas recorrentes de sua obra, fazendo-a transitar do espaço plano da tela para o espaço do ambiente, saltando de um para o outro, conquistando seu lugar no mundo”, explica Agnaldo Farias, crítico de arte e organizador da mostra.

Costumava-se observar que as linhas da pintura de Tomie num determinado momento, principalmente a partir de sua sala especial na Bienal Internacional de São Paulo, em 1996, foram para o espaço alcançar a linguagem escultórica.

Nestas novas pinturas, a linha parece retornar calma à tela, porém, como elemento estruturante, ao mesmo tempo em que continua a habitar as novas esculturas, que podem brotar das paredes e do teto, ou “simplesmente” permanecerem apoiadas no chão. Para Agnaldo, a poética de Tomie está no modo como ela opera a relação entre cor, plano e linha, engendrando situações tão diversas quanto surpreendentes.

Onde?
Galeria Nara Roesler - galeria térreo
Av. Europa, 655
Tel: 11.3063-2344
Até 31 de janeiro de 2009
Grátis
http://www.nararoesler.com.br/

Mas se você prefere...

... a sétima arte ibérica a artes plásticas, programe-se! Amanhã começa a mostra “Cinema Espanhol Atual”, na Cinemateca Brasileira.

Além desse espaço, as exibições, que vão até o próximo dia 14, contam com os apoios da Embaixada da Espanha no Brasil e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional. O evento promete presentear o público com um breve panorama da nova cinematografia espanhola.

A partir da exibição de títulos premiados, aclamados pela crítica e, em sua maioria, nunca lançados comercialmente no Brasil, o ciclo é uma boa oportunidade para você conferir os rumos e tendências da telona na Espanha.

Confira!

Dia 10, às 20h30 - Azulescuroquasepreto (Azuloscurocasinegro), de Daniel Sánchez Arévalo
Espanha, 2006, 35mm, cor, 105’ I Legendas eletrônicas em português, com Quim Gutiérrez, Marta Etura, Antonio de la Torre, Héctor Colomé.
Depois de passar anos estudando, cuidando do pai doente e trabalhando como faxineiro, um jovem decide mudar o rumo de sua vida

Dia 11, às 20h30 - O melhor de mim (Lo mejor de mí), de Roser Aguilar
Espanha, 2007, 35mm, cor, 85’ Legendas eletrônicas em português, com Marian Álvarez, Juan Sanz, Lluís Homar, Alberto Jiménez.
Quando criança, Raquel não conseguia entender porque as pessoas falavam tanto sobre o amor, pois ela pensava no que poderia acontecer se ninguém a amasse.

Dia 12, às 20h30 - Eu sou a Juani (Yo soy ja Juani), de Bigas Luna
Espanha, 2006, 35mm, cor, 90’ Legendas eletrônicas em português, com Verónica Echegui, Dani Martín, Laya Martí, Gorka Lasaosa.
A jovem Juani tem problemas em casa. Seu namorado é insuportável e, não aturando mais seus ciúmes, ela o abandona e decide fazer tudo aquilo que não fez enquanto estava com ele.

Dia 13, às 20h30 – Um Franco, 14 pesetas (Un Franco, 14 pesetas), de Carlos Iglesias
Espanha, 2006, 35mm, cor, 96’ Legendas eletrônicas em português, com
Carlos Iglesias, Javier Gutiérrez, Nieve de Medina, Isabel Blanco.
Em 1960, dois amigos abandonam suas famílias na Espanha e partem para a Suíça em busca de trabalho.

Dia 14, às 20h30 - Salvador – Estória de um Milagre Cotidiano e Tua Vida em 65’

Salvador – Estória de um milagre cotidiano, de Hwidar Abdelatif
Espanha, 2007, 35mm, cor, 14’ Legendas eletrônicas em português, com Nacho Fresneda, Gabriel Merchán, Orlín Morán.
O diretor Hwidar Abdelatif idealiza a trágica manhã de 11 de março de 2004, em Madri, dia em que uma série de atentados terroristas foram cometidos na rede ferroviária da cidade.

Tua vida em 65 minutos (Tu vida en 65 minutos), de María Ripoll
Espanha, 2006, 35mm, cor, 100’ Legendas eletrônicas em português
Javier Pereira, Oriol Vila, Marc Rodríguez, Tamara Arias.
Num domingo, três jovens lêem uma nota de óbito e acreditam que o morto é um antigo colega de escola. A partir daí, a confusão e o acaso tecem uma história de amizade, amor e morte.

Onde?
Cinemateca Brasileira
Largo Senador Raul Cardoso, 207, próxima ao Metrô Vila Mariana
Tel. 11 – 3512.6111 (ramal 215)
Grátis
Não indicado para menores de 16 anos

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Teatro Grátis!

Você gosta de teatro? Se a resposta é sim. Então, que tal assistir à leitura dramática de “Noite de Reis”, de William Shakespeare, dirigida por Amir Haddad, no Mosteiro de São Bento, centro da Cidade?

O encontro será amanhã, dia 9, às 19 horas, e contará com os atores Dalton Vigh, Alinne Moraes, Leopoldo Pacheco, Luiz Araújo, Edgar Bustamante, Haylton Farias, Jairo Matos, Maximiliana Reis e Maurício Marques.

A iniciativa é da produtora Julia Catelli e marca o início do projeto para a montagem do espetáculo, prevista para o segundo semestre de 2009.

De acordo com a assessoria de imprensa do evento, esta é a primeira vez que o Salão Monástico do Mosteiro de São Bento é aberto, inclusive ao público, para a realização de uma leitura dramática.

Onde?
Mosteiro de São Bento – Salão Monástico
Largo do São Bento, sem número.
Tel. 3833.0110
Grátis
Retirar senha dia 9, a partir das 15 horas
Capacidade: 100 lugares


O que é?
"Noite de Reis"
é considerada, entre muitos críticos atuais e daquela época, a comédia mais bem escrita por Shakespeare. Trata-se de um grupo de pessoas que arma uma cilada para Malvólio de bobo, o qual não sabe se divertir e muito menos aceitar a diversão dos outros.

Uma segunda personagem, não imbuída do espírito de diversão naquele Dia de Reis, por conta da morte do irmão, é Olívia. Mas esse estado perde a importância, quando a moça conhece Cesário e por ele se apaixona.

Neste ponto da peça, segundo especialistas, nota-se a genialidade de Shakespeare ao lidar, de modo magistral, com questões de amores não correspondidos, afetos impossíveis, identidades falseadas, levando a trama cômica a um final feliz de acertamentos amorosos. "Noite de Reis" revela-se altamente circunstancial e, na maioria das vezes, comicamente apaixonada.

Tenha uma linda semana!

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

RÊ-TÊ-TÊ informa:

... Se você quer ouvir hoje música popular brasileira de qualidade, de forma descontraída e ao lado de pessoas para lá de especiais, não perca a apresentação do grupo musical “A Força”.

Formada pelos artistas Nilton Ni, Anna Paula Par e Caio, a “A Força” apresenta-se em bares e eventos da capital há cerca de 6 anos e, desde então, tem proporcionado ao público momentos ímpares de admiração, cultura e entretenimento. Portanto, não perca!

Onde?
Fun Bar, sobre o Boca Club
Rua Augusta, 902
Tel.: 11-3459.7010
Hoje, às 21h



Outra dica, que começa hoje e vai até o dia 14, é o Festival Fábricas de Cultura, em que jovens da periferia apresentam-se em programação inédita.

O evento reúne um conjunto de nove diferentes modalidades artísticas, envolvendo dança (coordenação Inês Bogéa), teatro (coordenação Marcio Aurélio), música (coordenação Ari Colares) e circo.

As montagens são inspiradas na obra Petrouchka e o resultado foi alcançado após um ano de vivências artístico-culturais e ensaios, com cerca de mil jovens, moradores dos bairros de Capão Redondo, Cidade Tiradentes, Itaim Paulista, Jaçanã, Jardim São Luís, Luz, Sapopemba, Vila Curuçá e Vila Nova Cachoeirinha.

Petrouchka

Em uma feira popular de São Petersburgo repleta de danças e de apresentações de artistas de rua, surge um misterioso Mago com suas três marionetes: Petrouchka, Mouro e Bailarina. Com toques de sua flauta, ele dá vida aos bonecos, que aprendem a se relacionar e a amar. O triângulo amoroso que se desenrola leva ao conflito entre o Mouro e Petrouchka que, em meio aos espantados espectadores, disputarão o amor da Bailarina em pleno carnaval.

Com música de Igor Stravinsky e coreografia de Michel Fokine, Petrouchka estreou em 13 de junho de 1911, no Théâtre du Châtelet, em Paris, com o lendário Nijinsky no papel do introvertido boneco.

Onde?
Teatro Sérgio Cardoso
Quinta, sexta e sábado, às 20h; domingo, às 18h
Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista
Tel.: 11-3288.0136
Acessibilidade para pessoas com deficiências
Grátis
Indicação Etária: Livre
Retirada de senhas na bilheteria, uma hora antes do espetáculo.
Estações do Metrô próximas: São Joaquim e Brigadeiro

Parque do Ibirapuera - espaço atrás do Auditório
Domingo, dia 7, às 11h; única apresentação
Espetáculo “Pedrinho Capão Redondo”
Grátis
Informação no Teatro Sérgio Cardoso

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Chorara pelos momentos...

...que ainda não tinha vivido. Não sabia se por falta de coragem, oportunidade ou manobras do destino.

Sentia como se o vento soprasse e a levasse para horizontes desconhecidos, sem que tivesse controle do leme.

O leme já há muito estava longe de suas mãos. Não sentia dona de sua vida, de seus sentimentos e tampouco de seu coração.

Era um coração leviano e maldoso, porque só a colocava nas piores situações. Por mais que lesse livros de auto-ajuda, de psicologia, de espiritismo, de hinduismo, de budismo, de taoismo e todos os ismos, não achava uma explicação plausível para tanto vendaval existencial. Era um atrás do outro. Como Deus poderia permitir uma coisa dessas, se é que Deus existia!

Tinha dia que ela se sentia mais feliz, motivada a acordar, agradecia pelo sol, mais tarde pela lua, estrelas, o céu, a chuva e o mar. Sentia até vontade fazer ásanas (yoga).

No outro pedia para morrer. Sem esperanças, queria apenas acabar com a profunda dor que sentia. A dor que não sabia de onde vinha e nem o porquê.

Sim, não queria mais saber o motivo do sofrimento. Até da terapia já tinha desistido. “Que Freud, que Jung, que Eva Pierrakos, que nada!”, pensava enfurecida.

"Abaixo o autoconhecimento", escreveu com o seu batom de cor mais escura na vidraça de sua janela da sala de jantar, do 21º andar, da avenida Antônio Carlos Berrini, no Morumbi.

Após o ato de redenção, foi tomar banho.

Naquela noite queria banho de espumas para alvejar a pele. Em seguida, trocou a água e despejou um vidro de óleo importando (to take a shower), o qual havia trazido do Canadá.

Guardou a fragrância por um ano. Esperava uma ocasião... A dois! Mas como a noite ou o dia fabuloso nunca chegara, resolveu usar tudo de uma só vez. Jogou o vidro contra a parede. “Tão difícil e impossível que nem quebrou”, pensou aludindo mais à deplorável situação do que ao próprio frasco.

Saiu da banheira lentamente, enxugou cada parte de seu corpo, sentindo seu toque como se estivesse despedindo de seu corpo. Esfregou o hidratante que trouxera de sua mais recente viagem a Nova Iorque, sem sequer imaginar o momento que havia planejado para usar o tal moisturizing.

Foi até o closet. Tirou da gaveta a camisola de seda inglesa, comprada naquela tarde, e a colocou, juntamente com aquela glamurosa calcinha do tipo fio dental da famosa marca americana, feita para "dar asas à imaginação".

Caminhou penosamente até a varanda. Olhou os carros pequeninos que passavam por entre as diversas ruas desertas daquela noite.

Fitou o jardim bem cuidado de seu condomínio. Deslizou as unhas na cor "la boheme" pela grade dourada, que cercava a sacada.

Foi até o espelho da sala de jantar. Era o maior entre os vários que decoravam o belo duplex de 500 metros quadrados herdado de seus pais.

Dirigiu-se ao refrigerador. Pegou o champanhe que havia colocado há menos de uma hora para gelar. Voltou à varanda. “Que noite linda”, pensou debruçada na grade.

Abriu a garrafa, derramou lentamente o líquido em uma de suas taças, entre as muitas de cristal que colecionava, tomou com dificuldade a bebida, brindando a sua maravilhosa solidão!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Duas festas para você

Se você está pensando em que festa pretende ferver nos próximos dias, seguem duas dicas de eventos de dois amigos que estão se empenhando para realizar um RÊ-TÊ-TÊ inesquecível. Cada um com o seu encantamento:

Nesta sexta, dia 5, você (que é fã ou não de Madonna) poderá ouvir de “tudo um pouco”, conforme a Cia Teatro de Janela, organizadora do evento, que está preparando um mix musical, unindo o "velho e o novo", com direito a performances e outras surpresinhas!

Onde?
A festa chama-se “Friends of Madonna”
No Galharufa (antigo Ópera Bufa), a partir das 23h
Praça Roosevelt, 82, Consolação
R$ 10
Tem estacionamento em frente
Ps.: O local só não aceita o cartão Mastercard



O outro Rett é dia 10, quarta-feira, e tem a proposta de festejar a VIDA, encontrando "conhecidos e desconhecidos", para juntos comemorarem o final de 2008. Se você tem motivos para celebrar, eis a oportunidade! Se não tem, que tal criar uma? Esse é o lema do evento, que será realizado no Vermont Itaim Bar e Restaurante.

Onde?
A festa chama-se “Across The Universe”
Rua Pedroso Alvarenga, 1.192 - Itaim Bibi
Das 20h às 2h
R$ 10
Tel. (11) 3707-7721/ 3071-1320
Ps.: Chope gelado por R$ 3,50

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Faça um filme!

Você já sonhou um dia em ser cineasta? Se sim, eis a chance de concretizar o devaneio. Se não, que tal começar a se iludir? Pois, o RÊ-TÊ-TÊ, promete!

A exposição “Rebobine, Por Favor”, montada originalmente em Nova Iorque, pelo cineasta ganhador do Oscar Michel Gondry, chega a São Paulo dez meses depois de ser considerada um sucesso de público em Nova Iorque.

Nela, você e seus amigos poderão entrar na atmosfera da sétima arte de forma mais profunda, criando a própria película.

Treze cenários customizáveis lhes permitirão, após participarem de um workshop, finalizar as filmagens no formato de vídeo. Segundo a organização do evento, ao término dos "sets", vocês também vão assistir à produção em uma TV lá mesmo no local*.

Depois você ainda poderá exibi-la para quem desejar, pois alguns dos filmes serão transmitidos em uma área específica do portal UOL. O intuito é oferecer ao público uma oportunidade única de “interagir com o cinema”, em uma linguagem moderna, democrática e original.

E o filme “Rebobine, Por Favor”? A sua estréia está prevista para o próximo dia 12. Ele encerrou o Festival de Cinema de Berlim deste ano e foi considerado uma das melhores produções exibidas no Festival do Rio e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, realizada no último mês de outubro.

O diretor francês Michel Gondry está em São Paulo para falar à imprensa sobre o filme, a exposição e o seu livro “You´ll Like This Film Because You´re In It: The Be Kind Rewind Protocol”, recém lançado nos Estados Unidos.

Gondry ganhou o Oscar de melhor roteiro pelo filme “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” (2004), o qual também tem sua assinatura como diretor.

Apesar de ter sido a sensação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo do ano passado, o seu penúltimo filme “The Science Of Sleep”, com sessões lotadas e filas quilométricas, não foi lançado comercialmente no Brasil. Que pena!

Mas em compensação “A Natureza Quase Humana” (Human Nature), sua primeira produção, datada de 2001, lotou as salas escuras do País. Tenha um lindo final de semana!

Onde e como?
“Rebobine, Por Favor – A Exposição”
Museu da Imagem e do Som
Av. Europa, 158 - Jardim América
De 2 de dezembro a 11 de janeiro de 2009
De terça a sábado, das 12h às 21h; domingos e feriados, das 11h às 20h
Tel. 11 - 2117-4777
Workshop 1 – das 14h às 17h
Workshop 2 – das 15h30 às 18h30
(grupos de até 12 pessoas)
Grátis

As gravações terão duração de 1 hora, após a realização dos workshops.
Inscrições pelo site: http://www.rebobineporfavorexposicao.com.br/
* o museu estará fechado nos dias 24 e 25 e 31 de dezembro e 1 de janeiro de 2009.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Propagandas na Web

Imagino que em breve seja necessário uma política que controle, efetivamente, o número de anúncios exibidos a cada página visualizada na Internet.

A rede de computadores está a cada dia mais contaminada por anúncios para públicos de diversos segmentos, sem a preocupação em atingir o potencial consumidor.

Talvez, os profissionais de marketing não estejam percebendo que quanto mais propaganda “pulando” nas páginas, menos tempo o internauta terá para realizar o que pretende, ao ligar o seu computador. Conseqüentemente, ele irá se habituar a deletar essas propagandas o mais rápido possível, sem prestar atenção na mensagem.

O "zapping", ação surgida a partir da invenção do controle remoto e do número infinito de publicidade desinteressante, sem criatividade e não segmentada, comercializada na TV dos anos 80, parece estar prestes a se repetir como hábito durante a navegação pela Internet.

Esse comportamento tende a comprovar uma das 16 previsões da nostradamus do marketing, a norte-americana Faith Popcorn.

Em seu livro “O Relatório Popcorn”, a nona tendência, intitulada 99 vidas, ela aponta a necessidade de otimização do tempo pelo ser humano, em função de tantos compromissos que passou a assumir e da excessiva carga horária de trabalho.

Fatores como a facilidade e a rapidez de serviços, de informações, da praticidade oferecida por eletrodomésticos, eletrônicos e outros RÊ-TÊ-TÊs, trouxeram para o homem moderno o desejo de “esticar” o seu tempo, já que a máquina pode assumir algumas de suas atribuições.

Dentro deste ponto de vista, a propaganda na Internet está caminhando na contra mão. Sem inovar e em grande quantidade, a maioria dos anúncios passa a ser um incômodo na vida do “navegador” que deseja acesso rápido e agilidade.

Quem sabe um investimento significativo em pesquisas e ações de marketing integrado para não afugentar o consumidor por conta dessa bombardeio de publicidade?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Eu e José Saramago

Depois de alguns minutos de expectativa, entra na sala o escritor José Saramago. Muito sereno, ele falou sobre variados assuntos durante uma coletiva para a imprensa, realizada no Consulado de Portugal, no Jardim América, zona Sul de São Paulo.

Para muitos, foi um privilégio estar diante de um “Prêmio Nobel de Literatura”. Para o “Prêmio Nobel de Literatura”, aquela situação parecia não ter tanta importância. Era mais um ritual organizado por sua editora para lançar, mundialmente, um de seus livros. Desta vez, o mais recente: “A viagem do elefante”.

A relevância, na verdade, estava no seu discreto, quase imperceptível orgulho e sentimento de gratidão a "algo", quem sabe ao cosmo, por ter conseguido terminar a sua obra. Ele contou que quando chegou a 40ª página foi abatido por uma grave pneumonia. Ficou 6 meses afastado das escrituras, para depois, finalizar essa recente produção "cheia de humor", a qual não reflete em nada a doença, segundo ele.

Terminar o livro foi uma "grande vitória". Com essa experiência, à beira da morte, ele admite que a sua serenidade ficou ainda mais acentuada. “E sem precisar ler Paulo Coelho”, brincou.

Um homem com tanta cultura, fama, respeito, dono de uma bagagem literária e escrita invejáveis é, absolutamente, humilde.

A humildade, tão recomendada em estudos espirituais, de fato, não usa máscara. Basta prestar atenção nas palavras, nas ações, na maneira de andar e, principalmente, no olhar de quem a pratica. Estar diante de um dos poucos bons pensadores vivos, mundialmente reconhecido, é comprovar esta afirmação.

Aos 86 anos, o consagrado escritor português falou que o mundo só tem um jeito para se redimir de tanta barbárie, pela qual está inserido: - a bondade. Sim, ele afirmou que somente com a bondade - essência do ser humano -, os direitos humanos, de fato, poderão ser exercidos. Caso contrário, eles (os direitos humanos) continuarão somente no papel.

O inquieto escritor não é um pessimista como muitos afirmam. Ele é realista. O pensador está incrustado em seu tempo e fala intrinsecamente e, com muita propriedade, dele. Antes de tudo, o carismático “Prêmio Nobel de Literatura” (1998) é também amoroso e tolerante.

Fica aqui a mensagem de um ser humano tranqüilo na forma de se relacionar com o outro, inquieto e incomodado com as injustiças do mundo e, acima de tudo, muito preocupado com os rumos que a humanidade vem se direcionando nestes últimos tempos.

Será que no momento atual valeria a pena defender a célebre frase dos anos 60 “É proibido proibir?”. Em uma certa altura desse inesquecível momento, que durou cerca de 1 hora e 15 minutos, ele semeou essa reflexão.

Ao final da entrevista surgiu uma pergunta: Como poderemos mudar o panorama atual? Ele respondeu: “Não mudaremos a vida, sem mudarmos de vida”.

O que?
“A viagem do elefante” - 15º Romance de José Saramago
264 páginas
Tiragem de 50 mil exemplares
Editora Companhia das Letras
R$ 42

Exposição “José Saramago: A Consistência dos Sonhos”
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201, Pinheiros
Tel. 11 - 2245-1900
De 29 de novembro a 15 de fevereiro de 2009
De terça a domingo, das 11h às 20h
Grátis

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Uma mulher estava louca...

... para encontrar novamente um “gato” que ela havia “ficado” cerca de três dias.

- Ai, meu Deus! Será que eu ligo para ele? Se eu ligar, vou parecer muito fácil? Vulgar. Sem amor próprio. Ele vai ter uma péssima imagem de mim... Vai pensar que sou daquelas do tipo grude. Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...

Em um rompante, pegou o telefone:

Trililim, trililim, trililim, trililimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...

Não havia uma mão do outro lado para retirar o fone da base e nem uma boca para dizer um simples alô.

- Puxa vida, ninguém quer falar comigo? Ninguém, ninguém, ninguenzinho....

Respirou profundamente. Foi ao banheiro. Lavou o rosto. Uma, duas, três vezes. Fitou o espelho por alguns segundos, procurando algum defeito em sua face, e lavou o rosto novamente.

- Tudo bem! Vou ligar pela última vez.

Trililim, trililim, trililimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm...

- Alô!

- Oi! Por que você não atende esse telefone?

- Ah, é você, só podia logo cedo! O que aconteceu dessa vez?

- Ai bi*, estou tão nervosa!

- Nervosa com o que amapô*?

- Ai amigo, eu estou louca para sair de novo com aquele cara que eu conheci, lembra? Você acha que devo ligar? Estou tão indecisa. O que você faria no meu lugar?

- Rachasssssss* !!! Suspirou, o amigo do outro lado da fibra ótica.

- Isso significa exatamente o quê, bi? Eu ligo ou não?

- Você não saiu com o bofe na quinta? Ou, melhor, conheceu o bofe na quinta, foi para casa dele, transou com ele e ainda dormiu no apartamento dele, amiga?

- Ai meu Deus. Isso significa que eu fui muito fácil, né? Eu já não sei mais o que eu faço para arrumar um namorado. Se eu dou uma difícil, perco o cara para outra mais esperta. Se vou para a casa dele no primeiro encontro, sou vulgar. Já não sei mais nada. O melhor é morrer. Vou me matar. Sozinha eu não quero ficar!

- Caaaaaaaaaaaaaaaaalma. No drama honey. Os ocós não gostam de rachas que ficam correndo atrás deles, nãooooooo! Homem gosta de mulher, digamos, que domine a situation, entendeu?

- Entendi!

- Entendeu nada! Você sempre faz tudo errado, queridinha. Eu já falei mil vezes para você não transar logo de cara. Mas não adianta, né? Não adianta mesmo, disse ele muito bravo. - Eu fico passado* com você!

- Mas... Então, o que eu faço?

- Vá ao cinema com uma amiga, depois tome um lanche. Amanhã, domingo, você envia um torpedinho, como quem não quer nada e sutilmente faz um convite para dar uma voltinha. Se ele quiser levar você para a casa dele, diga NÃO com todas as letras. Agora, eu preciso desligar. Beijinhos, honey!

- Que RÊ-TÊ-TÊ é esse?

- Uma amiga que vai te ligar amanhã, porque hoje você vai dormir aqui em casa, na caminha da tata...hummmmmmmmmmmmmmmmmmmm!!!

O que? (na comunidade lingüística LGBT)
Bi, forma carinhosa de tratar um amigo ou amiga
Amapô e racha significam mulher
Passado quer dizer desacreditado

Ocó e bofe referem-se a homem

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ela acordou ontem...

... e foi direto à padaria preferida, próxima de sua casa. Prazerosamente, saboreava o seu pão na chapa, com pouca manteiga, crocante e sem miolo, tomava também café com leite sem açúcar em uma xícara grande e, claro, bebia o contemplado suco de laranja com acerola e beterraba, sem açúcar.

Ainda meio sonolenta percebeu alguns olhares curiosos para uma TV de plasma, fixada no alto da parede, a sua frente.

Visualizou um skatista colocando o seu skate em uma rampa. Fitou a imagem. Ao abrir a lente, a câmera mostrou uma grande rampa, a qual se dividia em duas alturas, 22 e 27 metros.

Olhando com mais atenção percebeu que o cenário fazia parte da “Megarampa”, competição ocorrida no sambódromo do Anhembi, ontem, em São Paulo.

Parecia tão emocionante!

De personalidade vibrante, ela rapidamente sentiu vontade de presenciar aquele RÊ-TÊ-TÊ. “Tantos nomes famosos desse esporte e somente um único brasileiro conseguiu chegar à final”, pensou.

Apesar de tanta violência, corrupção, desigualdade, discriminação, despreparo da polícia e tantas outras incontáveis injustiças sociais, ela era fiel a sua pátria. Sabia admirar as belezas de seu País e de sua gente.

Por isso, ao ver o skatista sozinho em seu próprio solo, sentiu um enorme desejo de torcer por ele pessoalmente, mas receou não chegar a tempo.

Do balcão da padaria emanou boas vibrações ao bravo guerreiro Bob Burnquist. “Nome estranho para um irmão tupiniquim”, pensou.

Ela empolgou-se tanto com as apresentações e as manobras radicais em até 7 metros de altura, que as pessoas que chegavam ao local perguntavam-lhe quem estava ganhando.

Aos poucos todos se encantaram com as cenas e torciam pelo solitário rapaz. Brasil, Brasil, Brasil!
E não é que ele ganhou!

O competidor (responsável por trazer o evento ao Brasil), demonstrando muita humildade e discreta confiança, ultrapassou seus adversários. Com 178 pontos, desbancou os americanos Jake Brown e Andy Macdonald, segundo e terceiro colocados, respectivamente.

Ela saiu do estabelecimento orgulhosa da bandeira “Ordem e Progresso”. E, melhor do que isso, abriu-se para aprender mais uma lição em um momento trivial: Somos o que somos e podemos doutrinar o medo, mesmo quando pertencemos à minoria. Acreditar em si mesmo é o melhor dos prêmios!

Se Bob tivesse sido influenciado pelo comportamento do grupo, teria perdido! Parabéns garoto!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ópera “Sansão e Dalila”

O público lotou o Teatro Municipal de São Paulo, gostou e aplaudiu a ópera “Sansão e Dalila”, do compositor francês Camille Saint-Saëns. A pré-estréia, somente para convidados, foi realizada ontem, das 19h38 às 22h39.

A montagem com características modernas no que concerne ao figurino, iluminação e cenário será aberta para o público amanhã e vai até o dia 30 deste mês. O espetáculo, bastante esperado, encerra a temporada lírica de 2008.

A pré-estréia contou com a meio-soprano brasileira Denise de Freitas (Dalila) e o tenor também nacional Marcello Vanucci (Sansão). Denise começou tímida, tendo a sua voz quase abafada pela orquestra. Nos segundo e terceiro atos, a cantora lírica apropriou-se do papel, dando mais vida e som ao personagem.

Já Marcello teve um bom desempenho do começo ao fim do espetáculo. O barítono brasileiro Leonardo Neiva interpretou com propriedade o grande sacerdote de Dagom (deus faliseu).

A direção de André Heller-Lopes exigiu ritmo dos artistas, os quais se apossaram do palco, em uma dramatização sincrônica e equilibrada entre um ato e outro.

A produção explora significativamente a quarta parede, tanto para oferecer um clima épico e enigmático a determinadas encenações, quanto para projetar imagens e criar efeitos enfatizados pela boa iluminação, assinada por Fábio Retti.

Com movimentos técnicos precisos, o balé exibe graça, delicadeza e poesia admiráveis tanto no primeiro ato em que Dalila aparece com um vestido vermelho, dono de uma imensa e suntuosa cauda, aludindo a uma serpente, quanto ao final, quando Sansão é humilhado por perder a sua força ao acreditar no falso amor de uma mulher.

A Orquestra Sinfônica Municipal, regida pelo maestro e diretor artístico do Teatro Jamil Maluf, foi responsável pelo encantamento da platéia, que soube corresponder a contento com aplausos a cada apresentação solo (entre atos) e, claro, no conjunto da obra.

O Coral Lírico também demonstrou o seu profissionalismo e entrosamento intrínsecos à complexa e minuciosa montagem, que vai da música à dramatização, assim como dos variados elementos em cena ao significativo número de atores no palco.

Apesar de um francês “de passado simples” e italianizado dos atores, o espetáculo não perde o fôlego. O conjunto de todos os fatores conta uma história de fé, sensualidade, egoísmo, amor, traição, ódio, poder, desejo e redenção. Haja RÊ-TÊ-TÊ !!!

Baseada no Livro dos juízes, parte do Antigo Testamento da Bíblia, a trama gira em torno do conflito entre os povos hebreu e falisteu. Para descobrir o segredo da força descomunal do hebreu Sansão, provida pelo seu longo cabelo, Dalila alia-se ao grande sacerdote de Dagom, vivido por Leonardo. Ela, então, seduz o guerreiro e o entrega aos seus inimigos.

Como?
Durante as apresentações Denise revezará com a argentina meio-soprano Cecília Diaz e Marcello com o inglês Richard Berkeley-Steele, enquanto Leonardo interpretará todos os dias. Richard e Cecília (22 e 30) e na récita do dia 26, ele canta com Denise.
Marcello divide o palco com Denise, no dia 24, e com Cecília, 28.

Quando e quanto?
Dias 22, 26 e 28, às 20h30 (R$ 20, R$ 30 e R$ 40)
Dia 24, às 20h30 (R$ 10, R$ 15 e R$ 20)

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Consciência Negra

Atendendo a sugestões, o RÊ-TÊ-TÊ de hoje disponibiliza dicas de cultura e lazer inerentes ao feriado.

O “Dia da Consciência Negra” é feriado em 225, de um total de 5.561 municípios do País. A data foi escolhida para homenagear o líder Zumbi, do Quilombo dos Palmares, um dos principais símbolos da resistência negra à escravidão. Ele foi assassinado neste mesmo dia, no ano de 1695.

A vasta programação propõe divertimento e reflexão. Fique por dentro!

O fervo começa logo cedo! Às 9 horas, na Praça da Sé, haverá a Entrada das Congadas, seguida do show da cantora Virgínia Rodrigues. Às 11h, será celebrada uma missa afro e ao meio-dia sobe ao palco a cantora Rita Ribeiro, acompanhada de Jussara Silveira e Teresa Cristina. Às 14h, DJs animarão a galera. A apresentação de Fabiana Cozza está prevista para as 16h. O tributo a Tim Maia, pela Banda Black Rio, será logo depois, às 18h. Quem encerra o RÊ-TÊ-TÊ é Seu Jorge e Paula Lima. Gostou?

Outro espetáculo é o “Dança dos Ritos”, com o Carlinhos Antunes Quinteto e o grupo peruano Chocolate Riveros y Los Cajones, no Museu da Casa Brasileira. Lá, também haverá debates sobre design e exibição do documentário “Sete Dias em Burkina”, que trata de um importante festival de dança realizado naquela região africana.

Se você prefere uma salinha escurinha, assista ao longa “Fhiladelphia – Orixá: Yomonja”, no Geledés, Instituto da Mulher Negra. Já no Centro Cultural São Paulo, a proposta é a “Mostra de Cinema Negro”, que consiste em adaptações de obras de Machado de Assis.

Em seu vão livre, o Masp apresenta a 1ª edição da Bienal do Livro Afro. Ainda no local sairá a 5ª Marcha da Consciência Negra, com o tema “120 anos da Abolição Inacabada”. Quatro trios elétricos animarão o evento, o qual será finalizado na Praça Ramos de Azevedo, no centro da cidade.

Em uma atmosfera mais intimista, Daúde estará no Sesc Vila Mariana e Leci Brandão no Sesc Ipiranga.

No Studio SP, Wesley Nóog mostrará seu mix de funk, soul e samba. Enquanto isso, o Espaço das Américas traz a cantora Kelis, considerada um ícone do R&B norte-americano. Lá também acontecem as apresentações gratuitas da Banda Black Rio e Mano Brown, Quinteto em Branco e Preto e o grupo canadense de hip-hop Nomadic Massive.

Mais dança! O Sesc Ipiranga contará com grupos do Amapá de “marabaixo”, batuque e outros ritmos de herança africana. O evento terá a participação de Chico César, Ceumar, Zé Renato, Celso Viáfora, Leci Brandão, Jean Garfunkel e Vicente Barreto, entre outros.

Sem vínculo com clubes esportivos, o Museu do Futebol oferece ao público visitas monitoradas focadas na história da inserção de negros, mulatos e mestiços no futebol, sem deixar de lado a paixão do brasileiro pelo esporte.

Outras histórias do nosso País podem ser conhecidas no Museu Afro Brasil. O acervo de três mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, livros, vídeos e documentos, de artistas e autores nacionais e internacionais, promete deixar o visitante conectado à cultura afro.

No mesmo local haverá performance do poeta e crítico musical cubano Félix Contreras e lançamentos de livros e vídeos, além do show da cantora de MPB Áurea Martins, que finalizará a agenda do Museu.

Onde?
Museu Afro-Brasil

Parque do Ibirapuera
Exposições fotográficas e lançamentos de livro e vídeo
20/11, das 18h às 22h
Avenida Pedro Álvares Cabral – s/n – Vila Mariana
Grátis
www.museuafrobrasil.com.br

Museu da Casa Brasileira
20/11, às 20h
Avenida Faria Lima, 2705 – Jd. Paulistano
Grátis
Telefone: (11) 3032-3727
agendamentomcb@terra.com.brwww.mcb.sp.gov.br

Espaço das Américas
Kelis
20/11, às 17h
Rua Tagipuru, 795 - Metrô Barra Funda
De R$ 30 a R$ 80
Telefone: (11) 3829-4899
http://www.espacodasamericas.com.br/

Geledés Instituto da Mulher Negra
20 e 21/11
Grátis
Rua Santa Isabel, 137 - 4º andar
Telefone: (11) 3333-3444
www.geledes.org.br

Centro Cultural São Paulo
De 18 até 23/11; sessões às 16h, 18h e 20h
Grátis
Rua Vergueiro, 1000
Telefone: (11) 3383-3402
www.ccsp.com.br

Masp - Museu de Arte de São Paulo
5ª Marcha da Consciência Negra
20/11, às 10h
Bienal do Livro Afro
20/11, às 11h
Grátis
Avenida Paulista, 1.578 – Metrô Trianon-Masp
www.masp.uol.com.br

Sesc Vila Mariana
Daúde
20/11, às 18h
Rua Pelotas, 141 - Vila Mariana
De R$ 5 a R$ 20
Telefone: (11) 5080-3000
www.sescsp.org.br

Sesc Ipiranga
Leci Brandão e Grupo Senzalas
20/11, às 20h
De R$ 5 a R$ 20
Rua Bom Pastor, 822 – Ipiranga
Telefone: (11) 3340-2000
www.sescsp.org.br

Stúdio SP
Wesley Nóog
20/11, às 22h
R$ 25
Rua Augusta, 591 – Consolação
Telefone: (11) 3129-7040
www.studiosp.org

Museu do Futebol
Praça Charles Miller, s/nº - Pacaembu
Terça a domingo, exceto nos dias de jogos no Pacaembu, 10h às 18h
R$ 6
www.museudofutebol.org.br

Quer mais? Clique neste endereço: http://www.cidadedesaopaulo.com/atividades_consciencia_negra.pdf

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Festival da Diversidade

Desde a semana passada acontecem em São Paulo discussões sobre variados temas que envolvem a diversidade sexual. Abordando comportamentos diferenciados em várias partes do mundo, a 16ª edição do “Mix Brasil - Festival de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual” é de fato o mais audacioso evento, neste estilo, do País.

De filmes pornográficos aos mais convencionais, a mostra deste ano, que começou exibindo três produções apenas no Cine Olido, no dia 12, vai até domingo, 23, com exibições em diversos espaços da cidade, como o MIS (Museu da Imagem e do Som), Centro de Cultura Judaico, Espaço Unibanco de Cinema e outros.

Conforme a organização, são mais de 200 obras, entre longas e curtas-metragens. O Festival também será apresentado de 9 a 14 de dezembro, em Belo Horizonte.

Costumeiramente, a presença masculina está sendo mais expressiva do que a feminina. Para atrair mais meninas, a diretora artística Suzy Copô tem divulgado dentro das salas escuras a festa intitulada “Girls on film”, a ser realizada hoje à noite, dia 19, no saguão do Espaço Unibanco de Cinema.

Além disso, a programação na sala 1 do local está destina para elas, com cinco sessões - das 14h50 às 22h50. O dia promete ser aquele RÊ-TÊ-TÊ!

Onde?
Espaço Unibanco de Cinema (salas 1 e 4)
Rua Augusta, 1475 – Consolação - (11) 3288-6780
Segunda a quinta – R$ 14 (inteira); R$ 7 (meia)

Saiba mais, clicando no endereço abaixo!
http://www.mixbrasil.org.br/index.htm

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Show do Gongo 2008

O vencedor do Show do Gongo 2008, realizado ontem no Memorial da América Latina, Barra Funda, foi o vídeo intitulado “Pacsivia”. A mini-produção, menos de 3 minutos, leva a assinatura de André Machado, que subiu ao palco para receber o Coelho de Prata das mãos da atriz Marisa Orth.

O evento, pela 12ª vez, compôs a programação do Mix Brasil - Festival de Cinema e Vídeo da Diversidade Sexual, o qual se encontra em sua 16ª edição e vai até o dia 23. Nos outros anos, a sessão de vídeos brasileiros produzidos para divertir a platéia ocorreu no Cinesesc. Com seus lugares sempre disputadíssimos, a organização do Festival resolveu transferir o acontecimento para o Memorial, que teve seu auditório lotado. São 850 lugares contra 300 do Cinesesc.

Vinte filmagens foram apresentadas por Marisa Orth, que também acumula a função de gongar o vídeo, com base na opinião do público e do júri, que neste ano foi composto pelo humorista do programa Pânico na TV, Christian Pior, pela drag queen Michele Summer e pela fotógrafa Ida Feldman. Já imaginou o RÊ-TÊ-TÊ? Foi o maior de todos os tempos...

Ao lado dela é colocado um gongo bem grande dourado, ela senta-se em sua poltrona vermelha e assiste às “sessões”. Se a platéia não gosta, grita "gooooongaaaaa" repetidamente. Em meios aos gritos, piadas e muitas gargalhadas, os jurados dão nota de 1 a 5, ajudando Marisa a definir se o filme vai ou não para a final. Muito divertido!

As regras são simples. É importante que o título seja criativo; as produções devem ter de 30 segundos a 5 minutos e podem ser inscritas até 5 minutos antes do Show.

O “Pacsivia” faz alusão a um iogurte que comunica a seus consumidores a necessidade de estabilizar o intestino e pode ser visto em comerciais de TV, além de prateleiras de supermercados. Com esta mesma idéia, o filmete de André Machado brinca com a possibilidade de regular ou não o aparelho digestivo. O produtor ganhou o prêmio pela terceira vez. No ano passado, ele venceu seus adversários com o “Telebarbies”.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ele havia economizado...

... dinheiro de seu salário por quase seis meses para comprar um tocador de áudio digital portátil, repleto de modernos recursos, e um super, mega, ultra fone de ouvido, como ele mesmo dizia.

Costumava ir à faculdade, na rua da Consolação, ouvindo suas músicas prediletas para aliviar a tensão de um dia cheio de trabalho, cheio de cobranças de sua chefe chata, cara de batata, e do próprio curso de sua vida, que às vezes parecia entrar em estado de total estagnação.

Vida tão inerte... Naquela noite, tinha a sensação de não sentir seus pés no asfalto de péssima qualidade, pois se lembrava que recentemente aquele mesmo trecho tinha passado por um recapeamento. “Nossa de novo esta obra”, pensava indignado.

Refletiu sobre os políticos, a economia, a sociedade, as eleições, cujo processo havia ocorrido há menos de um mês. De repente sentiu-se mal por morar naquela cidade - no centro daquela cidade - e presenciar a sua triste decadência.

Cachorros abandonados na rua, ratos saindo de bueiros, ruas sem iluminação adequada, milhares de pessoas, milhares de automóveis... O transporte público, então? Uma calamidade. “Aí que angustia”, pensava, respirando profundamente aquele ar repleto de CO2.

Sua vontade era de voltar para casa - nas imediações - e dormir. Dormir sem pensar em nada. Na verdade, ele queria mesmo era um “flit paralisante qualquer”. Há pouco tinha escutado Cazuza em seu novo aparelho!

Continuou andando cabisbaixo, quando de repente sentiu um cheiro esquisito e um golpe, quase um soco, em seu queixo. Aturdido também sentia uma forte dor na sua orelha esquerda. – Meu Deus fui roubado!

Olhou para trás e viu três moleques saindo em disparada, melhor dizendo, três garotos desses que dormem nas ruas “do purgatório da beleza e do caos”.

Pouco antes dessa cena ouvira Fernanda Abreu e rapidamente associou o “Rio 40 Graus” com a “Paulicéia Desvairada”. Afinal, qual era mesmo a diferença?

Sentiu-se invadido, com muita raiva, com vontade de cortar as cabeças daqueles três pirralhos que acabavam de levar o seu mais recém concreto sonho de consumo.

Ele corria atrás dos ladrões como um velocista. A raiva o cegava.

Pegou um e jogou na rua. Continuou atrás dos outros... Agarrou o segundo e resgatou o fone, já com o fio cortado. Espumou de ódio! Foi atrás do terceiro. Segurou-o pelo braço, o capetinha jogou o tocador no meio da via.

- Moleque, por que você fez isso?.

- Me larga tio, me larga, foi sem querer.

- Sem querer, sem querer... Vocês vão... .

Antes que ele terminasse a frase, o menino cortou a sua mão com uma navalha, soltou-se e correu para o outro lado da rua, em meio a motoqueiros irresponsáveis e carros dirigidos por motoristas alucinados.

- Vou chamar a polícia! Gritou, sentindo dor.

Andou, andou e não encontrou viatura alguma. Lembrou-se de um posto policial, atrás da avenida Amaral Gurgel.

- Senhor policial, acabo de ser roubado.

- É? Onde?

- Na rua da Consolação, aqui pertinho.

- Como foi?

Ele contou todo o RÊ-TÊ-TÊ, o qual você já conhece.

- Olha meu rapaz é melhor deixar isso pra lá. Aqui nas redondezas tá cheio de moleque safado. Vai pra casa, toma um banho e dorme que você ganha muito mais. Este cobertor velho, encardido e fedido, que você está segurando, não prova nada.

Perplexo, ele não havia percebido que estava carregando o cobertor de um dos garotos durante todo o tempo. Livrou-se do objeto repulsivo e foi embora!

Chegou em casa. Trocou de jaqueta. Pegou o seu “spray de pimenta” e saiu em direção ao minhocão.

“Encontrei um dos delinqüentes”, pensou...

Mirou o recipiente na cara do moleque, que estava deitado no chão com um outro cobertor, é claro! Apertou a válvula e tsssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss...

- Seu f-d-p. Meu olho está ardendo. Aííiííííííííííiííí... seu puuuuuuuuuuto...

Ele chegou em casa. Tomou banho. Jantou, ouvindo Cazuza e dormiu!

“Ideologia? Eu quero uma pra viver”.

Infelizmente este texto é baseado em uma história bem real.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A peça "Flores Brancas", de...

... João Fábio Cabral, reestréia hoje, dia 14, no Espaço Parlapatões, às 21h30. A montagem tem a direção da dupla Fabiana Carlucci e Rogério Harmitt. Trata-se de uma intrigante história sobre uma cineasta renomada e uma estudante da sétima arte, que a partir de um encontro casual, passam a viver um ardente RETÊTÊ (que aqui pode ser entendido como paixão). De acordo com a diretora do espetáculo, o roteiro passou por algumas mudanças em relação à estréia, realizada em abril deste ano no teatro Crowne Plaza, em São Paulo. Confira!

Onde?
No Espaço dos Parlapatões, praça Franklin Roosevelt, 158, região central, tel.: 11 - 3258-4449
Duração de 55 minutos
R$ 30 e R$ 15 (meia-entrada)
Até o dia 12 de dezembro de 2008, todas as sextas-feiras.

ABERTURA

Bem-vindo ao blog!

É TODO UM RÊ-TÊ-TÊ tem a intenção de falar sobre assuntos diversos, de comportamento à política, se possível com humor... rsss.

Um pouco de alegria, um pouco de informação, um pouco de reflexão, um pouco de fofoca, e quem sabe, sem pretensão, um pouco de afeto.

RÊ-TÊ-TÊ, na minha comunidade lingüística, originou-se de uma conversa com um amigo.

Em uma certa circunstância ele me disse:

- Rô, isso é o RÊ-TÊ-TÊ da galinha morta.

Eu não contive a minha famosa gargalhada. Ri por bons e “sonoros” minutos...rsss!

A partir de então, comecei a usar a expressão para tudo. Principalmente, para as coisas que eu não encontrava um adjetivo na hora... Ui!

Ao longo do tempo, a expressão virou quase um termo* (definição abaixo): apenas RÊ-TÊ-TÊ. Então, eu dizia:

- Oi querido, que tal fazermos um RÊ-TÊ-TÊ hoje à noite?

E o meu interlocutor dizia:

- Legal, vamos fazer sim um RÊ-TÊ-TÊ. O que você sugere?

- Sei lá... Pode ser um cineminha, um cinemão, uma volta no parque ou qualquer outro RÊ-TÊ-TÊ.

E aí surgiu o RÊ-TÊ-TÊ com vários significados!

Também, quando eu queria dizer que o assunto ou a situação tratava-se de algo complexo, eu dizia:

- ÉÉÉH... Toooodo ummmm RÊ-TÊ-TÊTTTTTT...

Aí, em meio a risos debochados, o RÊ-TÊ-TÊ começou a fazer parte novamente de uma expressão... E, claro, o quase termo continuou. Tudo válido! Tão válido que surgiu este blog.

Devo agradecer ao Junior (Brotas) e a todos os meus amigos que me encorajaram a assumir esta empreitada.

Portanto, acesse, opine e acompanhe. A sua impressão sobre todas as postagens é demasiadamente importante. Porque este blog É TODO UM RÊ-TÊ-TÊ... Que também pode ser É TODO UM RETT!

* O que é termo?

Entre as suas várias definições, aqui o termo está sendo aplicado para designar uma palavra que por ser tão utilizada acaba incorporando o universo do discurso. Pretensão? Vamos discutir se for o caso! Que RETT é esse?

Cyndi Lauper no Brasil

O primeiro show de Cyndi Lauper no Brasil agradou ontem, dia 13, o público paulistano presente na casa de espetáculos Via Funchal, na Vila Olímpia, zona Sul de São Paulo.

Com roupa preta, cabelo louro e algumas mechas pink, além de um corte para lá de moderno, a artista norte-americana cantou cerca de 13 músicas, sendo 5 do seu novo álbum Bring Ya To The Brink, lançado em maio deste ano.

Ela abriu o show como no DVD Live in Paris de 1986, com a música Change Of Heart. Jovens e adultos acompanharam com mais entusiasmo esse e outros grandes hits dos anos 80 como She Bob, que fala masturbação feminina e Time after Time. Porém, não deixaram de cantar novidades como a Rockin’ chai”.

A norte-americana, aos 55 anos, provou que a sua voz continua intacta, que o seu corpo exibe vitalidade e o seu espírito é dono de um grande contentamento. Ela dançou, pulou, bateu o cabelão - ou como eu prefiro dizer: picuman -, fez “caras e bocas” e, principalmente, cantou muito. Em seu terceiro show no País, Cyndi ainda ganhou presentes de seus fãs, entre eles uma bandeira do Brasil.

Considerada uma das divas da música pop e vencedora do Grammy, de 1984, na categoria "melhor cantora revelação”, ela demonstrou simpatia ao tentar falar, em português, por diversas vezes com o intuito de manter uma conversa com o público.

Vez ou outra tinha em suas mãos um livro contendo expressões traduzidas do inglês para o português. A carismática artista ensaiou algumas expressões em português, por oito vezes durante o show. Esses momentos foram bastante divertidos, pois só na quinta tentativa é que saiu um desajeitado “como vai?” E na última, a melhor delas, um carinhoso “eu te amo”, que levou seus admiradores ao delírio.

E, claro, chegando perto do fim, ela presenteou a platéia com o grande sucesso Girls Just Want To Have Fun, hino da geração MTV da época, seguido por All Through The Night e True Colors.

De acordo com a equipe de segurança do local, cerca de seis mil pessoas, distribuídas entre a pista e o piso superior da casa, ovacionaram Cyndi, durante o tempo exato de 1 hora e 15 minutos. Com início previsto para as 21h30, o evento começou depois de imperceptíveis 15 minutos e acabou deixando saudades.

No “bis”, a cantora surgiu sozinha, somente com sua lap guitar, apoiada em um suporte, e cantou uma versão acústica de True Colors. Antes do término, ela deixou suas duas últimas mensagens, desta vez em inglês (tradução livre): “as pessoas têm poder” e “nunca desista de sua casa”.

A atmosfera exalava muita alegria e diversão, entre pessoas de todas as idades e diversidade, no que concerne à orientação sexual. Ou seja, todas as tribos em perfeita harmonia. Apenas querendo se divertir!

Mas, o RÊ-TÊ-TÊ não pára por aí! Hoje haverá mais uma apresentação da norte-americana na Via Funchal e, amanhã, em Belo Horizonte. Depois, ela seguirá para os palcos de Curitiba e Porto Alegre, nos dias 17 e 19, respectivamente.

A turnê, batizada de Bring Ya To The Brink World Tour 2008, (algo como Trazer para você uma turnê ao redor do mundo) começou no Japão em 23 de setembro e será encerrada em Caracas, no próximo dia 29.