domingo, 27 de junho de 2010

Fortes Emoções, com Clarisse Abujamra

Hoje eu gostaria de compartilhar uma informação valiosa: uma leitura reflexiva e atenta do livro "Na Artéria".

Para quem gosta de poemas (ou até para quem não gosta), a recomendação é saborear a profundidade do discurso da atriz e escritora Clarisse Abujamra em seu terceiro livro "Na Artéria".

Por uma estrada imaginária, ela tece de forma orgânica, ora com humor ora com profundas dores, nuances da existência humana, ilustradas por um panorama contemporâneo: situações corriqueiras como trânsito, filhos, relacionamentos...

Nesta obra, a escritora apresenta um conto poético bem estruturado e repleto de simbologia e imagens, capazes de levar o leitor a uma viagem cheia de alegorias, sem deixá-lo escapar da realidade.

Essa concretude fala da vida, das angústias, dos tormentos e da morte de forma belíssima em um texto não linear. E, claro, Clarisse não lhe deixa escapar temas como o amor, o erotismo, a alegria e o entusiasmo que o pulsar do sangue nas veias garante ao ser humano. Essas abordagens, com citações de grandes escritores como Shakespeare e Hilda Hilst, oferecem uma leitura prazerosa, sem resistências...

Caracterizado também por um formato não tradicional, o qual singularmente possui folhas soltas, é possível escolher uma página somente e desfrutá-la. Você pode até guardar a página em uma agenda, por exemplo, e retornar às escritas para reflexões aleatórias ao conjuto da obra.

A publicação, acompanhada por um CD, vem dentro de uma caixinha de papelão. A mídia contém a leitura completa do livro, realizada pela própria escritora, permeada por uma bela trilha sonora composta por André Abujamra.

O livro, ótima dica para presente, até então vendido por meio do site oficial de Clarisse Abujamra, passou a ser comercializado recentemente pela Livraria Cultura – http://www.livrariacultura.com.br/.

Para quem deseja também, além do livro, deseja ver Clarisse no palco, ela tem apresentado o texto "Antonio" no teatro em forma de monólogo. Vale a pena ver essa excelente atriz compartilhando o seu belíssimo trabalho em meio a uma plateia ávida por descobertas envolventes, estimulada pela apresentação contundente da escritora.

Acesse o site dela (http://www.clarisseabujamra.ato.br/site/index.asp) e fique por dentro de sua agenda. Boa leitura!!!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mônica Martelli em conjunção com os planetas

Se a atriz Mônica Martelli tem ligação com toda a galáxia, eu não sei, mas que a peça dela (texto e atuação solo) “Os Homens são de Marte... e é pra lá que eu vou! é uma bela montagem, não há dúvida!

E... vale muito a pena ver! O texto é inteligente, bem amarrado, honesto, divertido e, ao mesmo tempo muito verdadeiro, no que diz respeito, principalmente, aos pensamentos e idealizações do amor por parte do gênero feminino.

Ela? Bem, Mônica Martelli é apaixonante! No palco causa admiração, entre outros sentimentos. Pessoalmente, é como estar com uma pessoa sem tintas, sem pincéis. Ela é clara e, absolutamente, humana, sem medo de responder algo que possa ser usado contra ela. Claro, que eu jamais faria isso. Mas, normalmente, pessoas famosas dão entrevistas com cautela. Alguns, com muita cautela. Esse não é o caso de Mônica e isso, entre outras atitudes me chamaram atenção.

Foi assim que eu senti e agora você mesmo terá suas impressões, a partir de trechos que eu selecionei da entrevista que fiz com ela para ser capa da iN House Revista. Boa leitura!

Qual o maior presente de Fernanda (sua personagem na peça)?
A minha vida é antes de “Os homens são de Marte... e depois de “Os homens são de Marte...”. O que mudou foi o reconhecimento profissional e isso me trouxe mais segurança. Tive o retorno de tudo. É como se eu tivesse um pano preto me cobrindo e a peça retirou o pano preto e eu apareci. É aquele trabalho que é o pulo do gato. Mas, ao mesmo tempo em que eu acho isso. Na vida o que vale é a somatória das coisas. Você não pode ficar só em cima de um sucesso. É claro que nesse caso realmente é um grande sucesso. Mas, mesmo assim, caio nas contradições... Esses sentimentos humanos...

Nesse processo, você entrou em contato com o seu medo interno?
Claro. É a nossa insegurança. Eu sou totalmente influenciável... Mas dessa vez me senti segura e deu certo. Menina, me deu um ataque de segurança! (brinca). Então, quando vem o medo eu tento lembrar disso sempre e me fortaleço.

Com isso, você descobriu uma outra Mônica. Você reconhecia tanto talento e coragem em você?
É muita exposição estar sozinha no palco. Ter de prender a plateia. Eu não sabia que eu tinha talento. Foi um risco. Mas depois que eu estreei a peça, eu vi que a gente tem de arriscar. Eu demorei um tempo para arriscar. Eu sempre fui muito insegura. Foram anos de terapia... Reconheci a minha coragem, acreditei em mim e segui a minha intuição em tudo, do texto ao cenário.

Que bom! E a peça é um sucesso. Você conta a sua história como solteira e aborda a ansiedade em conhecer alguém e casar. Agora, depois de cinco anos, você está casada e com uma filha. Como tem sido a experiência da maternidade para você?
Ter filhos é experimentar o verdadeiro amor, o amor incondicional mesmo. Filho é um amor... Só quando a gente os tem, sabe como é o negócio.

É como é o negócio?
(Risos). É muito bom. É uma fonte de alegria todo o tempo. Quando eu acordo e vejo aquela coisinha gostosa dentro de casa. É uma delícia! Eu penso nela o tempo todo. Quando saio de casa já fico imaginando a hora de voltar... De encontrar aquela bolotinha me esperando com aquele sorriso lindo.

E você conheceu o Jerry no dia de Santo Antonio, não é?
Sim. Dia 13 de junho de 2002. Ficamos noivos em dezembro, mas eu quis colocar essa data na minha aliança. A grande data é o dia em que você conhece a pessoa ou dá o primeiro beijo. O grande lance é o dia do encontro. Puxa, pensado bem o santo me deu mesmo uma forcinha (brinca).

Você segue a risca o catolicismo?
Sou católica, vou à missa. Mas também vou à Siddha Yoga de vez em quando. Adoro cantar os mantras. Adoro meditar. Às vezes eu vou à igreja messiânica e recebo o Johrey. Eu acredito que todas as religiões caminham para o mesmo lugar, em busca do equilíbrio, da paz, do amor eterno. Cada uma delas tem uma prática diferente. Eu gosto das que eu conheço.

Mas enquanto o catolicismo prega um Deus externo, essas religiões fazem preleções de um Deus interno. Você não entra em conflito?
Eu gosto muito desse conceito da busca interna. No Siddha Yoga se canta muito o mantra “Om Namah Shivaya”, que significa “Eu reverencio o Deus interior”. Na igreja católica eu também me sinto bem. Seja qual for a religião, cada vez mais eu acredito, com certeza, nesse Deus interior e cada um deve buscar esse lugar dentro de si e não fora.

E como você aplica essa crença na sua vida prática?
Dentro de nós está a alegria, o amor, o entusiasmo pela vida! É a sua fonte. Ela te ajuda a passar melhor nessa vida, em ser uma pessoa melhor, em se relacionar melhor com as coisas. Essa busca por mais consciência reflete na vida em todos os sentidos. Até a alimentação fica melhor. Tudo o que você respira, olha... Tem tudo a ver. Está tudo interligado.

Como será sua participação no remake Tititi? Fará o papel que foi da Mila Moreira?
Sim. Eu serei a Dorinha Bacelar, uma ex-modelo, que dá aula para as modelos, ensina etiqueta, ensina como desfilar na passarela. Ela mora no apartamentinho das modelos e não tem grana. Dorinha trabalha em uma agência de modelos. Eu acho que vai ser engraçado. Eu sei pouco ainda. Começarei a gravar daqui há três meses, quando Júlia tiver 10 meses. Tudo certo, perfeito! (seus olhos brilham ainda mais).

Tudo certo, mesmo?
Estou muito feliz por poder trabalhar em uma novela da Maria Adelaide Amaral. Eu fiz um personagem pequeninho em “Os Maias” (2001), dela também. Eu tinha muita vontade de voltar a trabalhar em outra obra dela.

Você diria que chegou lá?
Olha está dando tudo certo! A peça é um sucesso, pude parar de trabalhar um tempo para ter a minha filha e me dedicar a ela totalmente, sem preocupações ou ansiedades. Mas, acho que chegar lá não existe, porque enquanto estamos vivos não tem ponto final. Estamos sempre aprendendo, sempre querendo chegar lá!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Finalmente... I Love You Phillip Morris entrará em cartaz!

O longametragem “O Golpista do Ano” - versão brasileira não muito feliz para o título original “I Love You Phillip Morris” - chega ao Brasil nesta sexta, dia 4, somando mais um evento para os dias que antecedem à Parada Gay 2010.

O filme fez parte da programação da 33ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que ocorreu entre 23 de outubro a 05 de novembro de 2009. Nos Estados Unidos, ele somente será visto a partir de 30 de julho. Pode?

A instigante comédia, que paradoxalmente leva o espectador ao riso e às lágrimas, é coescrita e codirigida pelos roteiristas, parceiros de longa data, Glenn Ficarra e John Requa (“Papai Noel às Avessas”). A história é baseada no romance do ex-repórter investigativo Steve McVicker, do jornal Houston Chronicle.

O filme, por vários motivos, virou polêmica nas mídias brasileira e internacional. Primeiro, porque teve dificuldades para captar recursos financeiros. Segundo, porque tem o ator brasileiro Rodrigo Santoro. Em terceiro lugar, ele conta uma bela história de amor entre dois homens. Quarto, põe em cheque-mate a ineficiência dos sistemas policial e carcerário do Texas (EUA). Quinto, ele aponta para a burocracia demasiada daquele Estado. Sexto, a história é baseada em fatos reais!

O longa é envolvente e 100% livre de militância. Mais do que falar sobre a homossexualidade, ele retrata, principalmente, o amor idealizado, a paixão desenfreada e o medo do abandono, sentimentos que ao serem vividos de forma distorcida podem levar o ser humano a cometer erros irreparáveis. Esses autoenganos acontecem na vida de Steven Russell (Jim Carrey).

Durante a sessão não é raro esquecer os gêneros sexuais. A película vai a fundo ao abordar os reais desejos da essência humana, que muitas vezes se resumem em Ser o que realmente se É. Essa afirmação de viver a vida de verdade tem seu alicerce em Steven.

Ele é um policial, casado com Debbie (Leslie Mann) e pai de uma bela garotinha. Aparentemente feliz e muito bem-humorado, Steven relaciona-se bem com todos a sua volta, sendo até organista da igreja de seu bairro. No entanto, por trás dessa máscara há um segredo. Ao sofrer um grave acidente automobilístico, decide sair do armário e buscar a sua felicidade, mesmo que tenha de violar a lei.

Esse é o grande ponto de virada do filme e partir desse acontecimento, vai ser difícil não ficar vidrado na telona. Adotando um estilo de vida extravagante, ele aplica uma fraude atrás da outra, sustentando um estilo de vida incoerente com suas condições financeiras.

Nesse momento você verá Rodrigo Santoro, feliz da vida, descendo a Collins Avenue, em Miami, de braços dados com o já ex-policial. Depois dessa aparição, o ator brasileiro tem mais três curtas participações como Jimmy Kemple. Com certeza melhor do que em “As Panteras”, lembra-se? Está melhorando...

Jim Carrey, como sempre atua bem dos pés à cabeça, usando e abusando de seus recursos gestuais inatos bem conhecidos do público. Em nenhum momento aparenta ser um heterossexual fingindo ser gay.

Encarna de forma extravagante, sem passar do ponto, o golpista charmoso e carismático, que vai de um empresário provinciano a um exuberante criminoso de colarinho branco.

Com frequência, Steven foge da polícia e escapa de modo brilhante do sistema prisional do Texas em quatro diferentes ocasiões. Todas em nome do amor e sem fazer mal a ninguém. Um anti-heroi apaixonante!

Nessas idas e vindas, ele é enviado à Penitenciária Estadual, onde conhece Phillip Morris e, dentro da cadeia, começam a viver um grande amor. O homem sensível e de voz aveludada é muito bem interpretado pelo belo ator escocês Ewan McGregor (”Anjos e Demônios”).

Nesse momento fica claro que “I Love You Phillip Morris” possui dois protagonistas. Dar corpo e alma a Phillip é uma tarefa delicada para um ator, que se mal dirigido ou sem maestria cênica, facilmente cairia na caricatura. Ewan assimilou completamente a profundidade do Ser desamparado, infantil e idealizado do personagem.

Encantado com esses aspectos de sua personalidade, Steven vai até as últimas consequências tanto para libertar Phillip da cadeia quanto ao querer construir com ele uma vida perfeita, ironicamente associada ao famigerado sonho americano (american dream).

A narrativa, desenvolvida em primeira pessoa por Steven, o aproxima do espectador, que acredita piamente em tudo o que ele conta, presenteando a plateia com truques surpreendentes. Ora ele a conduz para o seu senso bem-humorado e aventureiro, ora para o contato com suas emoções. O roteiro tem força, tem justificativa e ousadia. O resultado final não é um filme extraordinário, mas cumpre bem o que lhe é proposto.

Grande parte das filmagens ocorreu em cadeias no Texas e em suas redondezas, mas não espere obter a visão, totalmente, real do sistema carcerário da localidade. A produção é romantizada e utiliza a ironia sem pudor.

A trilha sonora é um convite à dança e ao entusiasmo. Entre suas canções estão “Hallelujah, We Shall Rise" (Yellow Dog Choir), “Dance Hall Days" (Wang Chung), "It's You and Me Tonight" e “Vibe Time”. As duas últimas foram compostas e produzidas por Stephen Edwards.

Atualmente, o verdadeiro Steven Russell está confinado em sua cela, 23 horas por dia, pelos próximos 144 anos. Já Phillip Morris atuou como consultor no filme e faz uma ponta, juntamente com o autor do livro Steve McVicker.

Ficha Técnica:
I Love You Phillip Morris (O Golpista do Ano), 2009, EUA, 102 min, classificação: 16 anos
Gênero: Comédia / Drama
Direção: Glenn Ficarra e John Requa
Link para o trailer: http://www.youtube.com/watch?v=XoFANivV44g
O lema da Parada Gay 2010, que acontece neste domingo, 6, é “Vote contra a homofobia: defenda a cidadania!”. É uma alusão ao projeto de lei que defende a criminalidade para a homofobia, ainda não aprovado.
Mais informações sobre a Parada, acesse http://www.paradasp.org.br/