sexta-feira, 13 de abril de 2012
"Um Método Perigoso" tem bom roteiro
Quem tem inclinação pela área de psicologia pode gostar do filme “Um Método Perigoso”, em cartaz desde o mês passado, no Brasil. A história é baseada no livro “A Most Dangerous Method”, de John Kerr. Antes das telonas, a trama foi adaptada para o teatro, com o título “The Talking Cure”.
No cinema a literatura foi roteirizada pelo premiado escritor Christopher Hampton, vencedor do Oscar de Melhor Roteiro por “Ligações Perigosas”.
Acompanhado de uma bela fotografia e elegante figurino, o roteiro bem articulado foca três aspectos da vida pessoal do famoso e clássico psicanalista Carl Gustav Jung (Michael Fassbender).
A narrativa começa retratando a distância afetiva de Jung, em relação à esposa Emma (Sarah Gadon), em paralelo com o conflito interno causado pela repressão de seus desejos por sua paciente Sabina Spielrein - interpretada com grande força dramática pela atriz Keira Knightley - e sua insatisfação sobre o comportamento rígido de Sigmund Freud (Vigo Mortensen).
Portanto, não entre na sala escura pensando que terá uma aula sobre as teorias célebres de Jung, como o Inconsciente Coletivo, Interpretações de Sonhos, Símbolos, Libido como energia psíquica etc. Muito menos, esperando calorosas discussões entre os dois maiores psicanalistas do século XX, Freud e Jung.
Porém, o filme louva o que propõe. Trata com assertividade a perturbação mental de Jung, deflagrada entre o desejo sexual por Sabina e seus valores e princípios morais pertinentes ao adultério, impostos pela sociedade. Coloca em evidência discordâncias de certas teorias e conceitos do irredutível Freud, a passividade da esposa diante do romance com Sabina e a insegurança e vaidade de Freud.
É libertador, de certa forma, entrar em contato com as angústias, inseguranças e medo dos grandes mestres da psicanálise com questões que assolam até hoje mentes de homens e mulheres mais simples. E isso o filme abarca bem, embora sem tanta profundidade.
O período retratado diz respeito a sete anos, iniciados em 1904, quando Sabina chega à Clínica Burgholzli, onde Jung trabalhava. Ele decide tratá-la com um dos métodos da psicanálise freudiana, dialogando com a paciente.
Escutando suas memórias infantis e indagando sobre a participação de seu pai em sua vida, Jung obtém resultados evolutivos e o romance entre os dois desenvolvem na mesma proporção. Esse seria o método perigoso, que dá o título ao filme.
Com isso, surge a paixão entre eles e o famoso debate sobre o envolvimento entre terapeuta e paciente. Dois anos depois, Jung procura Freud. A troca é enriquecedora para ambos e, com o tempo, turbulenta. A amizade é rompida devido, principalmente, às ideias “alternativas” de Jung e suas discordâncias de conceitos freudianos já consagrados. Nada profundo.
O drama, no entanto, é envolvente e em certos momentos intrigante, desperta interesse pela história, mas não supre todas as curiosidades. Apesar de estático, tem uma dinâmica coerente, com reviravoltas previsíveis.
Sobre Sabina
Sabina Spielrein era russa. Judia, nasceu em 1885 e morreu em 1942, assassinada por soldados nazistas, juntamente com suas duas filhas. Seu convivio com Jung foi a ponte para tornar-se uma das primeiras psicanalistas do mundo. Ela influenciou diversos aspectos do trabalho de Jung, destancando-se como uma excelente pesquisadora.
Ficha Técnica
“Um Método Perigoso”, 99 minutos, 2011, EUA, drama, colorido, 14 anos
Diretor: David Cronenberg
Elenco: Michael Fassbender, Viggo Mortensen, Keira Knightley, Vincent Cassel, Sarah Gadon, Michael Fassbender
Produção: Martin Katz, Marco Mehlitz
Roteiro: Christopher Hampton
Fotografia: Peter Suschitzky
Trilha Sonora: Howard Shore
Marcadores:
“Um Método Perigoso”,
Carl Jung,
filme,
Sabina Spielrein,
Sigmund Freud
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário