quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FELIZ ANO DE 2010 PARA VOCÊ!

Este é o último post do ano. Nele, resolvi relatar um pouco do que está sendo os meus últimos dias de 2009. Chegay ontem à Praia Grande com o meu amigo Elias. Sim, Praia Grande! E como esta região está diferente! Lembrei-me de quando criança. Eu vinha para cá com pai, mãe, irmãos, primos e primas e era uma delícia. Como brincávamos e passávamos momentos felizes entre família. Que saudade!

Com o tempo fomos deixando de vir. Muita coisa mudou de lá para cá. Eu ouvi por muito tempo que as praias estavam impróprias, havia muita violência e sujeira. Enfim... nunca mais pisei nas areias de praias mais extensas do Litoral de São Paulo. São 11 quilômetros.

A minha primeira surpresa foi a modernidade da região: um shopping enorme, o Litoral Plaza, ruas sinalizadas, vários semáforos organizando toda a grande movimentação e motoristas - apesar do intenso trânsito - respeitando os pedestres. Para quem está acostumada com São Paulo, esse comportamento chama a atenção.

O oceano? Uma beleza! Com a água no pescoço via os meus pés. Fiquei emocionada. Em tempos que pedem urgência para a humanidade respeitar a natureza, a Prefeitura da região "mandou bem" e, com ela, todas as pessoas que colaboram, pois infelizmente, ainda há aqueles que deixam o lixo na praia e saem andando "com cara de paisagem". Mas, à noite tratores equipados e garis recolhem o lixo "esquecido". O esquema montado para garantir a limpeza funciona! Pelo menos até agora, pois essas coisas "é todo um rê-tê-tê"!!!

A descida, terça dia 29, à tarde, foi bem tranquila, com exceção de um acidente em um dos túneis da serra, somado à lentidão da polícia em retirar os dois carros do local, já que o choque foi superficial e sem nenhum ferido. Por fim, chegamos em duas horas!

Muita gente nas ruas? Sim bastante! Mas todas bem humoradas, gentis e no semblante a felicidade de desfrutar bons momentos entre as pessoas queridas. Também senti que havia a expectativa de dias melhores em 2010 e a espera por uma despedida animada. De novo lembrei-me de momentos da minha infância na região.

Eu e Elias estamos esperando mais cinco amigos e esperamos nos divertir ainda mais com eles. Portanto, estou certa de que até a virada e as cenas felizes de outrora se repetirão.
Desejo que todos vocês estejam vivenciando as últimas horas do ano com muita Saúde, Paz, Amor e Harmonia. Que 2010 seja um ano de muito crescimento interno e, claro, será irradiado externamente também. Muito grata por acompanhar o "É Todo Um Rê-Tê-Tê" e até janeiro do ano que se anuncia! VIVAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sempre ao Seu Lado (Hachiko - A Dog's Story, 2009, 93 min.)

Para quem viveu um Natal repleto de emoções e continua aberto para se conectar aos seus sentimentos, ou ainda, para quem não fica emocionado neste período de encerramento de ciclos, simbolicamente falando, e gostaria de um motivo para deixar fluir as lágrimas, anote: Desde ontem, 25, “Sempre ao Seu Lado” está na telona.

A película conta a história emocionante de um cachorro muito especial e seu dono mega sensível. Nenhuma novidade? Um clichê do cinema hollywoodiano? Realmente, seria mais um “água com açúcar” como tantos outros que retratam o afeto entre um cão e o seu dono, que hora é uma criança, um adulto ou até mesmo um casal como em o bem-sucedido de bilheteria “Marley e Eu”, lançado no mesmo período do ano passado.

Mas, não é! Apesar de o filme ser linear e quase previsível, surpreende ao abordar com profundidade o comportamento e fatores psicológicos do cão, o protagonista dessa montagem. Além disso, trata de forma contundente relações de amizade, amor e lealdade, sugerindo, ainda, reflexões sobre o "destino traçado".

O vetor da história é a rápida conexão de Parker Wilson com Hachi (diminutivo de Hachiko), um "foférrimo" filhote canino da raça akita, que encontra perdido na estação de trem de sua cidade. O cãozinho, por sua vez, deixa transparecer, sem vergonha nenhuma, o imenso amor que sente por Parker, desde o início do encontro de ambos.

Parker é interpretado pelo eterno galã de “Pretty Woman”, Richard Gere. Ele vive um professor universitário de música e diretor de dança, bem casado com uma arquiteta, personagem vivida por Joan Allen (indicada ao Oscar de Melhor Atriz de 2001, por The Contender - A Conspiração).

Com apenas um plot point (ponto de virada) significativo, o roteiro é simples, fruto de um argumento sem entraves. Sim, porque na verdade, o longa é uma adaptação de uma história real, que aconteceu no Japão, no início do século XX, mais precisamente em Shibuya, um dos 23 bairros de Tóquio.

Hachiko ficou famoso em todo o país depois que apareceu em reportagens de jornais que contavam sua história de lealdade ao seu dono, também professor em universidades. Todos os dias, ele acompanhava Ueno até a estação de trem e estava lá quando o amigo voltava para casa.

O drama original foi filmado em 1987, intitulado "Hachiko Monogatari". Em “Sempre ao seu lado”, uma personagem faz a intermediação entre as duas culturas. É o professor Ken (Cary-Hiroyuki Tagawa). Ele dá uma pincelada sobre alguns costumes japoneses, de forma a justificar os acontecimentos propostos pelo roteiro estadunidense.

A montagem é bem dirigida por Lasse Hallström (Regras da Vida, Chocolate, O Vigarista do Ano), escrito por Stephen Lindsey e estrelado por Richard Gere, mestre em imprimir atuações suaves e profundas a suas personagens. O ator também é o produtor da película.

Joan Allen acompanha a sutileza de Gere, sem deixar absolutamente nada a desejar. Sarah Roemer é a bela filha amorosa e bem resolvida do casal. A direção do sueco enfatiza o drama, portanto leve um lencinho se optar por assistir ao filme. Ah! Se quiser saber tudo o que acontece, veja o trailler, que, praticamente, conta toda a história! Pode?

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Passagem para Xanadu...

E quando acordar
Perdida, sentindo o frio fustigando a alma
Desnorteada pensando no Leste
Confundindo o Sul com o Oeste

E o centro de si
Sem alcance
Sem eixo
Sem lance
Sem rumo
Sem prumo
Sem chão.

Minha amiga,
Mulher
tão sofrida!

Não, não olhe para o medo
Com medo de Ser.

Não, não olhe para o medo
Com medo de ser frágil
Agora, eu sei como é isso!

De tão frágil perdeste a vida,
De tão frágil não curaste a ferida,
Com medo do medo, atenta, sucumbiste,
Mas quem está livre disto?

As vitrolas ao fundo
Soam a sua música preferida
Ouça...

Naquele palco está a peça
que você ainda não protagonizou
Veja...

Tudo bem aquele filme pornográfico,
Você ainda nem aprendeu a cena do crime!

E o estúdio de cromaqui?
Tão misterioso, rodando, rodando numa tarde linda...

Ele ainda está lá, solitário, triste, vazio...
Escuro! Turvo!
Esperando para a cena da próxima novela
das seis, das sete ou talvez seja das oito!
Espere mais um pouco!

Olhe!
Entre nesta sala imensa, escura, 3 D
É a sétima arte do seu filme mais querido.

Lembre-se:
- Almadóvar mesmo a cegas termina uma película!

Não se Mate!


* Baseado na morte de Leila Lopes .
** Dedico ao meu amado amigo Andrezinho, que ficou tão chocado quanto eu fiquei.
*** Dedico ao meu amado amigo Alessandro, que sempre me faz rir das tragédias da vida.
**** Dedico a Todos que Desistiram...
***** Dedico a Todos que Não Desistiram...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Menina da Porteira

Ai, ai, ai Bombom,
você saiu mesmo da Fazenda?
Que pena, que choro comovente,
Que promessa difícil,
Bombom, não tema o amanhã
Pois mesmo sem galos ou galinhas cantando...
Êpa! galinha não canta,
Canta Bombom?

“Deixa que digam
Que pensem
Que falem
Deixa isso pra lá
Vem pra cá
O que que tem?..."

- “Vou te mostrar que é chocolate
De chocolate o amor é feito
De chocolate choc choc chocolate bate o meu coração
[...] Brigadeiro, rocambole e doce de leite
É só você tomar cuidado pra não derreter.”
Lembra-se?

Então, Bombom,
Deixa essa Fazenda para lá:

Veja bem, preste atenção!
Compre uma franquia da Cacau Show
Da Kopenhagen ou da Chocolat Du Jour
Quem sabe até surge
um convite para a próxima novela
do Walcyr Carrasco: “Almas de Bombom”!
Você será a dona da principal Bomboniere,
da fictícia cidade baiana Caucazina Hershey's do Norte
Esqueça a roça Bombom, você não era Nobre?

sábado, 12 de dezembro de 2009

O deslizamento dos inocentes

Equinócio, Primavera, São Paulo e chove!
A tristeza de quem perde tudo
O choro da mulher-mãe desesperada
As lágrimas do pai-homem embargadas no coração
As mortes de crianças inocentes e puras.
Sem nem ter ainda roubado o primeiro beijo
Nem ter sentido o coração partir ao ver o seu melhor
amigo da escola ser transferido de colégio.

A criança que não tinha experimentado a dor
De ter de repetir o ano da escola
De ver o seu primeiro amor ir embora
De sentir a angústia e o vazio da longa demora.

Vítimas do descaso do governo
Da desleal distribuição de renda
Da falta de consciência dos adultos
Da injúria dos Homens
Da pequenez da humanidade
Da mediocridade financeira ou
Da vontade de Deus?

sábado, 16 de maio de 2009

SIMPLESMENTE SER!!!

Apesar de tantas injustiças na Cidade de São Paulo contra diversas comunidades como a LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), imigrantes nordestinos, negros, pessoas de baixa renda, idosos, pessoas com deficiência física e tantas outras, estamos mais democráticos do que Moscou. Pelo menos, no que concerne à livre expressão relacionada ao gênero sexual, já que ao contrário de lá, a Passeata Gay de São Paulo pode até sofrer algum tipo de preconceito, mas muito longe de ter seus ativistas presos.

O que de fato está faltando aqui são ativistas ou ao menos pessoas assertivas que defendam os direitos dessa minoria e de outras também. A Passeata do ano passado foi uma vergonha, vista por este ângulo.

Vamos ver se a deste ano, a ser realizada dia 14 de junho, a situação melhore neste e em outros sentidos como segurança, participação de pessoas condizentes à proposta inicial e histórica do evento, respeito ao próximo, harmonia entre todos e muita, muita, muita alegria de ser o que realmente se é (também em todos os sentidos)!!!

Abaixo a reportagem sobre a Passeata Gay de Moscou, publicada no UOL. Clique no link (final da matéria) e veja a foto!


16/05/2009 - 08h16
Polícia interrompe marcha gay em Moscou

da BBC Brasil

A polícia russa interrompeu uma passeata gay em Moscou neste sábado, marcada para coincidir com a final do festival de música Eurovision Song Contest a ser realizada na cidade. Dezenas de ativistas haviam se reunido perto de uma universidade desafiando a proibição, e alguns deles foram arrastados pela polícia quando tentaram gritar palavras de ordem. O ativista pelos direitos gays britânico Peter Tatchell estava entre os detidos.

Mais cedo, a polícia permitiu a passagem de uma manifestação contrária, liderada por grupos religiosos e nacionalistas.

Os grupos de defesa dos direitos gays estavam levantando bandeiras e cantando palavras de ordem, exigindo direitos iguais e criticando o tratamento dispensado aos homossexuais na Rússia. Ao ser levado pela polícia, o ativista Tatchell gritou: "Isso mostra que as pessoas russas não são livres!".

"Satânico"

Há informações de que a polícia também teria prendido um líder russo da luta pelos direitos gays, Nikolai Alexeyev. O festival Eurovision Song Contest conta, tradicionalmente, com uma grande audiência gay e os ativistas viram a final em Moscou como uma oportunidade para mostrar que são tratados com forte preconceito, disse o correspondente da BBC na cidade, Richard Galpin.

Homossexuais sofrem ataques constantes no país, e ainda há o risco de ser demitido do emprego e desprezado por suas famílias.

O prefeito de Moscou, Yuri Luzkhov, descreveu passeatas gays como coisas "satânicas". Grupos de ativistas contra os direitos gays haviam ameaçado tomar as rédeas, caso a polícia não conseguisse interromper a marcha deste sábado.

Álbum do Dia - Álbum de Fotos - UOL Notícias

sexta-feira, 15 de maio de 2009

FEIRA DA POMPÉIA

A Feira da Pompéia está em sua 20ª edição. A homenagem deste ano vai para a não menos memorável Carmem Miranda, em comemoração de seus 100 anos.

A feira, para quem ainda não conhece, é uma das maiores do gênero no País. Ela conta com uma programação cultural diversificada, apresentada em palcos e nas ruas. As atrações vão desde trabalhos de artesãos, artistas plásticos, fotógrafos, estilistas, designers a uma ampla oferta de alimentação. Então prepara-se é neste domingo, dia 17, das 9 às 19 horas, na Vila Pompéia.

O dia será bastante interativo e promete unir muitas pessoas interessantes, já que a agenda está lotada de boas intenções. Acompanhe abaixo:

NEGRO UNIVERSO
9h - Vivência de danças afrobrasileiras
10h - Oficina jogos africanos
11h - Oficina confecção bonecas pretas
12h - Oficina customização afro (stencil, pet, pinturas criativas etc.)

AMOR EXPERIMENTAL
13h - Oficina confecção coletiva estandarte, fita, bonecos etc
14h - Oficina pintura rosto/corporal
15h - Cortejo lúdico
16h - Oficina cartun e flipbook
17h - Intervenção (na barraca)

E ainda:
- Feira de trocas (saberes, experiências), Retratos Artísticos; Radio Oficinativa e Materiais pedagógicos.

Serviço:

Quanto?
Entrada Franca
Para as oficinas será cobrada a taxa simbólica de R$ 1,99

Onde?
Rua Ministro Ferreira Alves, 305, travessa da Avenida Pompéia (São Paulo) e nas adjacentes.

Quando?
Dia 17, das 9 horas às 19h.

Outras informações http://www.centroculturalpompeia.org.br/ e http://www.centroculturapompeia.blogspot.com

Apoio: ARCA (Associação Ribeirãopirense de Cidadãos Artistas) e FundAÇÃO KAH-HUM-KAH

terça-feira, 10 de março de 2009

Show Grátis!


Você se lembra da artista Klébi Nori? Cantora e compositora paulistana, ela preparou para sua apresentação na Semana Contra a Violência a Mulher do SESC Consolação, um repertório variado.


Sua homeagem às mulheres contará, além de grandes sucessos que fazem parte de seus cinco álbuns de carreira, novas canções e interpretações. Klébi promete surpreender a platéia. Será? Que tal comprovar pessoalmente nesta quarta, dia 18?

Onde?
SESC Consolação

Quando?
Dia 18 de março, quarta, às 19h30
Rua Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque
telefone: 11 3234-3000

Grátis

Livre para todos os públicos

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O que pensar disto?

Impressionante as declarações do senador Jarbas Vasconcelos à reportagem da revista Veja desta semana. Não me lembro de ter visto tal atitude em algum dos políticos brasileiros, nos últimos tempos. Você tem algum exemplo?

Claro, que o senador possui interesses bem claros em se opor a Lula e apoiar José Serra (PSDB) na campanha para presidente. Mas, de qualquer forma, é uma Ode à Boa e Verdadeira Política no Brasil, que carece profundamente de desempenhos honrosos de todos os políticos como forma de retribuir a confiança depositada por meio dos votos de eleitores brasileiros tão sofridos, os quais esperam no mínimo respeito, já que mais do que isso tornou-se uma triste ilusão. Principalmente para as gerações "Diretas Já!" e "Caras Pintadas".
Onde estão os jovens brasileiros? Beijando na boca, tomando êxctase, brigando nos estádios de futebol, aplicando trotes cruéis a calouros de faculdades e participando ativamente da liberdade sexual, conquistada pelas gerações anteriores?

Enquanto Barack Obama clama pelo orgulho do povo americano ao “levantar” o país com força, igualdade social e cidadania, o presidente Lula alimenta a baixa estima e a preguiça do brasileiro (como já foi tratada na obra prima Macunaíma (1928), pelo brilhante Mário de Andrade).
Muito triste! Cabe, então ao É todo um rêtêtê voltar de férias, com a reprodução da entrevista para, quem sabe, promover uma reflexão sobre a decadência de nossas assembléias, câmaras e senado. Vale a pena ler todo o texto!

O que representa para a política brasileira a eleição de José Sarney para a presidência do Senado?

É um completo retrocesso. A eleição de Sarney foi um processo tortuoso e constrangedor. Havia um candidato, Tião Viana, que, embora petista, estava comprometido em recuperar a imagem do Senado. De repente, Sarney apareceu como candidato, sem nenhum compromisso ético, sem nenhuma preocupação com o Senado, e se elegeu. A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador.

Mas ele foi eleito pela maioria dos senadores.

Claro, e isso reflete o que pensa a maioria dos colegas de Parlamento. Para mim, não tem nenhum valor se Sarney vai melhorar a gráfica, se vai melhorar os gabinetes, se vai dar aumento aos funcionários. O que importa é que ele não vai mudar a estrutura política nem contribuir para reconstruir uma imagem positiva da Casa. Sarney vai transformar o Senado em um grande Maranhão.

Como o senhor avalia sua atuação no Senado?

Às vezes eu me pergunto o que vim fazer aqui. Cheguei em 2007 pensando em dar uma contribuição modesta, mas positiva – e imediatamente me frustrei. Logo no início do mandato, já estourou o escândalo do Renan (Calheiros, ex-presidente do Congresso que usou um lobista para pagar pensão a uma filha). Eu me coloquei na linha de frente pelo seu afastamento porque não concordava com a maneira como ele utilizava o cargo de presidente para se defender das acusações. Desde então, não posso fazer nada, porque sou um dissidente no meu partido. O nível dos debates aqui é inversamente proporcional à preocupação com benesses. É frustrante.

O senador Renan Calheiros acaba de assumir a liderança do PMDB...

Ele não tem nenhuma condição moral ou política para ser senador, quanto mais para liderar qualquer partido. Renan é o maior beneficiário desse quadro político de mediocridade em que os escândalos não incomodam mais e acabam se incorporando à paisagem.

O senhor é um dos fundadores do PMDB. Em que o atual partido se parece com aquele criado na oposição ao regime militar?

Em nada. Eu entrei no MDB para combater a ditadura, o partido era o conduto de todo o inconformismo nacional. Quando surgiu o pluripartidarismo, o MDB foi perdendo sua grandeza. Hoje, o PMDB é um partido sem bandeiras, sem propostas, sem um norte. É uma confederação de líderes regionais, cada um com seu interesse, sendo que mais de 90% deles praticam o clientelismo, de olho principalmente nos cargos.

Para que o PMDB quer cargos?

Para fazer negócios, ganhar comissões. Alguns ainda buscam o prestígio político. Mas a maioria dos peemedebistas se especializou nessas coisas pelas quais os governos são denunciados: manipulação de licitações, contratações dirigidas, corrupção em geral. A corrupção está impregnada em todos os partidos. Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção.

Quando o partido se transformou nessa máquina clientelista?

De 1994 para cá, o partido resolveu adotar a estratégia pragmática de usufruir dos governos sem vencer eleição. Daqui a dois anos o PMDB será ocupante do Palácio do Planalto, com José Serra ou com Dilma Rousseff. Não terá aquele gabinete presidencial pomposo no 3º andar, mas terá vários gabinetes ao lado.

Por que o senhor continua no PMDB?

Se eu sair daqui irei para onde? É melhor ficar como dissidente, lutando por uma reforma política para fazer um partido novo, ao lado das poucas pessoas sérias que ainda existem hoje na política.
Lula ajudou a fortalecer o PMDB. É de esperar uma retribuição do partido, apoiando a candidatura de Dilma?

Não há condições para isso. O PMDB vai se dividir. A parte majoritária ficará com o governo, já que está mamando e não é possível agora uma traição total. E uma parte minoritária, mas significativa, irá para a candidatura de Serra. O partido se tornará livre para ser governo ao lado do candidato vencedor.

O senhor sempre foi elogiado por Lula. Foi o primeiro político a visitá-lo quando deixou a prisão, chegou a ser cotado para vice em sua chapa. O que o levou a se tornar um dos maiores opositores a seu governo no Congresso?

Quando Lula foi eleito em 2002, eu vim a Brasília para defender que o PMDB apoiasse o governo, mas sem cargos nem benesses. Era essencial o apoio a Lula, pois ele havia se comprometido com a sociedade a promover reformas e governar com ética. Com o desenrolar do primeiro mandato, diante dos sucessivos escândalos, percebi que Lula não tinha nenhum compromisso com reformas ou com ética. Também não fez reforma tributária, não completou a reforma da Previdência nem a reforma trabalhista. Então eu acho que já foram seis anos perdidos. O mundo passou por uma fase áurea, de bonança, de desenvolvimento, e Lula não conseguiu tirar proveito disso.

A favor do governo Lula há o fato de o país ter voltado a crescer e os indicadores sociais terem melhorado.

O grande mérito de Lula foi não ter mexido na economia. Mas foi só. O país não tem infraestrutura, as estradas são ruins, os aeroportos acanhados, os portos estão estrangulados, o setor elétrico vem se arrastando. A política externa do governo é outra piada de mau gosto. Um governo que deixou a ética de lado, que não fez as reformas nem fez nada pela infraestrutura agora tem como bandeira o PAC, que é um amontoado de projetos velhos reunidos em um pacote eleitoreiro. É um governo medíocre. E o mais grave é que essa mediocridade contamina vários setores do país. Não é à toa que o Senado e a Câmara estão piores. Lula não é o único responsável, mas é óbvio que a mediocridade do governo dele leva a isso.

Mas esse presidente que o senhor aponta como medíocre é recordista de popularidade. Em seu estado, Pernambuco, o presidente beira os 100% de aprovação.
O marketing e o assistencialismo de Lula conseguem mexer com o país inteiro. Imagine isso no Nordeste, que é a região mais pobre. Imagine em Pernambuco, que é a terra dele. Ele fez essa opção clara pelo assistencialismo para milhões de famílias, o que é uma chave para a popularidade em um país pobre. O Bolsa Família é o maior programa oficial de compra de votos do mundo.

O senhor não acha que o Bolsa Família tem virtudes?

Há um benefício imediato e uma consequência futura nefasta, pois o programa não tem compromisso com a educação, com a qualificação, com a formação de quadros para o trabalho. Em algumas regiões de Pernambuco, como a Zona da Mata e o agreste, já há uma grande carência de mão-de-obra. Famílias com dois ou três beneficiados pelo programa deixam o trabalho de lado, preferem viver de assistencialismo. Há um restaurante que eu frequento há mais de trinta anos no bairro de Brasília Teimosa, no Recife. Na semana passada cheguei lá e não encontrei o garçom que sempre me atendeu. Perguntei ao gerente e descobri que ele conseguiu uma bolsa para ele e outra para o filho e desistiu de trabalhar. Esse é um retrato do Bolsa Família. A situação imediata do nordestino melhorou, mas a miséria social permanece.

A oposição está acuada pela popularidade de Lula?

Eu fui oposição ao governo militar como deputado e me lembro de que o general Médici também era endeusado no Nordeste. Se Lula criou o Bolsa Família, naquela época havia o Funrural, que tinha o mesmo efeito. Mas ninguém desistiu de combater a ditadura por isso. A popularidade de Lula não deveria ser motivo para a extinção da oposição. Temos aqui trinta senadores contrários ao governo. Sempre defendi que cada um de nós fiscalizasse um setor importante do governo. Olhasse com lupa o Banco do Brasil, o PAC, a Petrobras, as licitações, o Bolsa Família, as pajelanças e bondades do governo. Mas ninguém faz nada. Na única vez em que nos organizamos, derrotamos a CPMF. Não é uma batalha perdida, mas a oposição precisa ser mais efetiva. Há um diagnóstico claro de que o governo é medíocre e está comprometendo nosso futuro. A oposição tem de mostrar isso à população.

Para o senhor, o governo é medíocre e a oposição é medíocre. Então há uma mediocrização geral de toda a classe política?

Isso mesmo. A classe política hoje é totalmente medíocre. E não é só em Brasília. Prefeitos, vereadores, deputados estaduais também fazem o mais fácil, apelam para o clientelismo. Na política brasileira de hoje, em vez de se construir uma estrada, apela-se para o atalho. É mais fácil.

Por que há essa banalização dos escândalos?

O escândalo chocava até cinco ou seis anos atrás. A corrupção sempre existiu, ninguém pode dizer que foi inventada por Lula ou pelo PT. Mas é fato que o comportamento do governo Lula contribui para essa banalização. Ele só afasta as pessoas depois de condenadas, todo mundo é inocente até prova em contrário. Está aí o Obama dando o exemplo do que deve ser feito. Aqui, esperava-se que um operário ajudasse a mudar a política, com seu partido que era o guardião da ética. O PT denunciava todos os desvios, prometia ser diferente ao chegar ao poder. Quando deixou cair a máscara, abriu a porta para a corrupção. O pensamento típico do servidor desonesto é: "Se o PT, que é o PT, mete a mão, por que eu não vou roubar?". Sofri isso na pele quando governava Pernambuco.

É possível mudar essa situação?

É possível, mas será um processo longo, não é para esta geração. Não é só mudar nomes, é mudar práticas. A corrupção é um câncer que se impregnou no corpo da política e precisa ser extirpado. Não dá para extirpar tudo de uma vez, mas é preciso começar a encarar o problema.
Como o senhor avalia a candidatura da ministra Dilma Rousseff?
A eleição municipal mostrou que a transferência de votos não é automática. Mesmo assim, é um erro a oposição subestimar a força de Lula e a capacidade de Dilma como candidata. Ela é prepotente e autoritária, mas está se moldando. Eu não subestimo o poder de um marqueteiro, da máquina do governo, da política assistencialista, da linguagem de palanque. Tudo isso estará a favor de Dilma.

O senhor parece estar completamente desiludido com a política.

Não tenho mais nenhuma vontade de disputar cargos. Acredito muito em Serra e me empenharei em sua candidatura à Presidência. Se ele ganhar, vou me dedicar a reformas essenciais, principalmente a política, que é a mãe de todas as reformas. Mas não tenho mais projeto político pessoal. Já fui prefeito duas vezes, já fui governador duas vezes, não quero mais. Sei que vou ser muito pressionado a disputar o governo em 2010, mas não vou ceder. Seria uma incoerência voltar ao governo e me submeter a tudo isso que critico.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Bastante dinâmico...

Leopoldo Pacheco, que terminou em setembro do ano passado, suas gravações interpretando o empresário Raul na novela global “Beleza Pura”, já começou a decorar as falas do prefeito Norberto do remake de “Paraíso” (1983), que será a nova trama das 6, da TV Globo, com estréia prevista para março.

Em outubro e novembro, ele gravou uma minissérie com Renato Aragão. Em dezembro foi um dos atores da leitura dramática da peça “Noite de Reis”, de William Shakespeare, realizada no mosteiro de São Bento, região central da cidade de São Paulo. Também em março, ele volta ao palco com “Amigas, Pero no mucho”, de Célia Regina Forte, no Teatro Renaissance.

Com 23 anos de carreira, Leopoldo coleciona importantes prêmios como ator. Entre eles, o Prêmio Shell, o Prêmio Mambembe, o Prêmio Governador do Estado e o Prêmio pela Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA.

O sólido trajeto como artista o lançou na televisão em papéis marcantes como o libanês Samir da minissérie "Um Só Coração" (TV Globo, 2004), o vilão Leôncio da novela "Escrava Isaura" (TV Record , 2005) e o bom moço Cemil da novela "Belíssima" (TV Globo, 2006). Em 2007, esteve na minissérie "Amazônia" e participou de "Paraíso Tropical", ambas na Globo.

Sobre o não sucesso da peça “A Javanesa”

Eu acho que eu não estava no teatro certo, na época certa. O espetáculo é maravilhoso. Mas o Jaraguá (teatro) não era conhecido do público na época e era um monólogo. Eu acho que as pessoas têm reticências a monólogos. É um espetáculo do meu coração e eu ainda vou fazê-lo muito.

Filme "Veias e Vinhos - Uma História Brasileira" (2006)

Foi o primeiro filme que eu fiz inteiro, pois em “Carandiru” e “Feliz Ano Velho” fiz participações. Eu adoro esse filme e lamentei muito por ele ter sido pouco visto. É um filme lindo, a história é linda. Ele foi feito de um jeito muito especial. Eu gosto muito da maneira como o João (João Batista de Andrade) conduz o cinema dele.

Outro filme pouco assistido que fala sobre política e, também, da época de tortura é “Batismo de Sangue”. Por que o brasileiro não gosta de ver a sua própria história?

O mundo sempre vai acabar nos filmes americanos. E eles partem do princípio de que têm os heróis todos para resolver o mundo. Isso, eu ainda, verdadeiramente, não gosto muito de ver. Nos nossos filmes nós também temos os nossos heróis e o nosso fim do mundo e é sobre eles que nós vamos falar. Eu não me incomodo com o tema (tortura) nem um pouco.

No teatro, as pessoas também não gostam muito de drama.

Não só no Rio, mas em São Paulo também. Eu vejo que as pessoas estão querendo ver mais uma comédia bem leve do que um drama. Elas não querem pensar, não querem sofrer. Acho que não é um desleixo com o teatro e, sim, um estado das pessoas. Elas estão cansadas e não querem sofrer mais. Porém, o teatro ainda mantém um público que ainda gosta do drama e da tragédia. O teatro ainda mantém um pouco isso.

A televisão dilui esse público?

Dilui sim, bastante. Uma televisão tem alcance de um público infinitamente maior do que o teatro. O teatro perdeu muito público para a televisão. A televisão ganhou esse público.

Em recente pesquisa detectou-se que jovens, entre outros, não sabem o que foi o AI-5, como você vê essa questão entre eles?

Eu vejo pelo meu filho que tem 14 anos. Eu fico de todas as maneiras lutando contra essa necessidade do agora que essa molecada tem. Eles têm de dar certo em tudo. E tudo tem de ser agora. Eles estão esquecendo da calma, de respeitar um certo período para que as coisas aconteçam. Eu acho que a Internet trouxe essa rapidez. Ela tem um lado muito bom. O meu filho é inteligentíssimo, rápido, mas tem um outro lado que acaba perdendo o fio da história.

Esse fio é a despreocupação com o passado e com o lado poético dos acontecimentos?

Eu sinto que sim.