sábado, 29 de maio de 2010

“Sex and the City 2” exibe um mundo de glamour, consumo e muito humor

O filme de número dois, com base no seriado “Sex and the City”, estreou ontem (28) em cinemas de todo o mundo. A película apresenta um texto repleto de humor simples e simultaneamente cáustico, às vezes romântico, os cenários são exóticos e luxuosos, com roteiro e personagens fiéis à série. Sim, diversão! Tudo continua muito bem-humorado e este é um dos principais motivos para assistir ao filme.

A outra razão, evidente, é compartilhar as crises da jornalista e escritora Carrie (Sarah Jessica Parker), o conflito em relação ao envelhecimento de Samantha (Kim Cattrall), o Eu idealizado de Charlotte (Kristin Davis) e a autoafirmação de Miranda (Cynthia Nixon), entre outros sentimentos dominados pela complexidade do universo feminino.

Em outras palavras, reviver e matar a saudade dos momentos prazerosos com essas quatro mulheres divertidíssimas e encantadoras. Afinal, passaram-se exatos doze anos, seis temporadas e um bem-sucedido longa-metragem. Porque não voltar no tempo e aproveitar mais essa chance? E com muito glamour, of course! Não espere nada mais!

Desde o seu começo, “Sex and the City” tornou-se um fenômeno internacional, com plateias ao redor do planeta, que rapidamente se identificaram com histórias de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda. Na TV, a série rendeu mais de US$ 415 milhões em todo o mundo.

A sensação de muitos fãs é a de que as personagens são amigas de infância e não personagens de uma obra de ficção. A linguagem simples e fora da realidade da maioria de seus espectadores surpreendentemente conversa intimamente com eles. Coisas desse mundo contemporâneo entrópico!

E vale dizer: as atrizes continuam ancorando muito bem essas figuras universais. O filme, além de manter o eixo fundamental representado pela amizade e lealdade entre elas, arrisca ao tentar se aprofundar em dois pontos: a crise conjugal de Carrie e John, o Mr. Big (Chris Noth) e a obsessão pela juventude de Samantha. Consegue? Não!

Completando dois anos de casados, Carrie e Mr. Big entram em turbulência ao sentir que a rotina e a falta de ânimo começam a fazer parte de suas vidas. Essa preocupação é claramente mais experimentada por Carrie, que a partir dessas constatações passa a ficar insegura, confusa, bem desequilibrada...

Ela que escrevia sobre a vida de solteira em Nova Iorque, agora passa a falar sobre o voto do casamento e, claro, os pontos de incongruência em sua vida são facilmente transferidos para a sua obra. Assim, a personagem experimenta, mais uma vez, ser foco de crítica, nascendo outra frustração.

Mas ela, que já sofreu muito em função de seus sentimentos objetivados por Mr. Big durante os episódios na TV, na película é acolhida pelo marido, que exibe maturidade, compreendendo o momento da esposa amada, que muitas vezes se comporta como uma menina. Ele mesmo a chama carinhosamente de kid (criança) ao longo da história.

Já a exuberante Samantha continua preocupada com a aparência. A guerra é literalmente declarada ao envelhecimento pela mais velha das quatro inseparáveis amigas, com 52 anos. Ela tem como motes os hormônios, a juventude, o luxo, a beleza e, claro, isso continua super latente: sua libido exacerbada.

A personagem nega a passagem do tempo. Ela não aceita a possibilidade de colecionar as implacáveis marcas da idade. Esse fato leva a encenações engraçadas. Ela aparece com cremes no rosto, tem malas revistadas no aeroporto e cria uma relação de dependência com suas 44 pílulas que toma diariamente, entre vitaminas, medicação para reposição hormonal, anti-radicais livres, entre outros.

Para um bom pensador, a obsessão de Samantha pode significar um questionamento sobre a busca desenfreada pela perfeição do corpo, a qual muitas pessoas se envolvem de forma inconsciente e desmedida. Pior ainda quando esse desejo leva esses seres a situações de risco em cirurgias estéticas e aplicações de medicamentos proibidos. Nada novo, mas muito atual!

A pergunta sugerida pelo comportamento de Samantha poderia ser: Até que ponto fazemos parte da ditadura do físico perfeito, imposta pelos dias de hoje? Que tal?

A crise que envolve a maternidade é o tema de Charlotte. Ela entra no drama, na vítima e na culpa, ao mesmo tempo. A sua filha menor, Rose, chora constantemente. Ela sente-se sufocada, mas não admite. A outra maior também lhe exige bastante. Para completar o Rê-Tê-Tê aparece uma babá fogosa que lhe deixa, aparentemente, insegura com relação ao marido.

Todos esses conflitos emocionais de Charlotte dominam o seu ser e lhe tira o sossego, durante quase toda a viagem que as quatro fazem ao novo Oriente Médio, em Abu Dhabi. Seu sofrimento é atribuído à idealização de um casamento e filhos perfeitos.

Por último vem Miranda com as questões profissionais. Acima de tudo ela é uma advogada, inteligente e muito competente, porém ainda não encontrou o eixo de equilíbrio entre ser mãe, esposa e boa profissional.

Se as discussões apresentam tentativas de se aprofundar, o alcance é parco. O filme é para se divertir e reencontrá-las. Essa é a promessa! No mais, você vai notar um exagero de cores nas roupas, uma crítica americana ao Oriente Médio, uma rápida participação da sempre charmosa Penélope Cruz e uma exaltação merecida à Liza Minnelli, cantando e dançando "All the Single Lady", mais admirável do que brega. Afinal... é Liza, aos 64 anos, e de "shortinho"!

O diretor e roteirista é Michael Patrick King. E para quem não sabe a série de TV foi criada por Darren Star, inspirada nos personagens do livro de Candace Bushnell.

A equipe de produção conta com alguns veteranos de “Sex and the City”, como o diretor de fotografia John Thomas, o desenhista de produção Jeremy Conway, o editor Michael Berenbaum, além da estilista e figurinista Patrícia Fields e do compositor Aaron Zigman.

Boa sessão!

Ficha Técnica:
"Sex and the City 2", 2010 (EUA), 146 min, comédia romântica, classificação: 14 anos
Dreção e roteiro: Michael Patrick King
Atores: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth e outros
Estúdio e distribuidora: Warner Bros. Pictures
Produção: Michael Patrick King, John P. Melfi, Sarah Jessica Parker e Darren Star
Site oficial: http://www.sexandthecity2.com.br/

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Segunda Festa do Teatro começa amanhã!

Você sabia que amanhã, dia 27, a partir das 11 horas, começa a distribuição gratuita de ingressos para diversos espetáculos em cartaz na cidade de São Paulo?

A segunda edição da Festa do Teatro distribuirá 30 mil ingressos para o público adulto e 10 mil para a criançada até sábado (29). Serão sete pontos, onde cada pessoa terá direito a um par de convites. Basta ter disposição para enfrentar as filas, pois a julgar pelo ano passado, elas serão longas.

A abertura do evento será no dia 27, ao meio-dia, na fachada do edifício das Casas Bahia, Praça Ramos de Azevedo, Centro. Lá, um grupo do Circo Funâmbulos fará apresentações, tendo o rapel como base para suas performances. Porém, os pontos localizados nos bairros da Lapa, Vila Formosa, Santo Amaro e Vila Nova Cachoeirinha começarão a distribuir os tíquetes às 11, finalizando às 14 horas.

Já os quiosques do Teatro Municipal, SP Escola de Teatro e Centro Cultural de São Paulo atenderão das 16 às 19 horas. A iniciativa inclui 183 peças em cartaz e você poderá usufruir o par de convite entre 28 de maio e 6 de junho.

Clique no link oficial do evento e veja quais espetáculos estarão disponíveis no local de sua escolha. http://www.festadoteatro.com.br/

sexta-feira, 21 de maio de 2010

QUINTA Q PARIU! volta às quintas, em junho

Se você é daquelas pessoas que adora ter um motivo para dar risada e, ainda, gosta de comédias no formato de esquetes, o mundo teatral tem uma boa notícia: dia 3 de junho estreia Quinta Q Pariu!, no Teatro Shopping Frei Caneca.

As apresentações serão todas às quintas-feiras, às 21h30. Os textos e personagens foram criados por cada um dos seis atores da montagem e a direção de cena ficou a cargo do também ator da produção Carlos Fariello.

Esta versão (o espetáculo já esteve no Teatro Folha) traz Marcelo Mansfield como convidado especial. Ele interpretará dois personagens. Um deles é Falso Modesto, um artista que se sente o máximo do máximo, e o outro é Franklin Silveira, um apresentador de uma coluna social.

Entre os pontos mais altos da encenação, segundo o produtor Marcel Sampaulo, estão: um turista que odeia viajar, um padre politicamente incorreto, os dilemas de um metrossexual muito confuso diante da tentativa de dar um simples banho em sua filha, a incompatibilidade de dois irmãos gêmeos e Nina, uma garotinha absolutamente nonsense, obrigada a ficar de castigo no quarto com seus irmãos para lá de encapetados.

Nesse cenário ainda surgem figuras ímpares como um personagem narcisista e o seu boneco inflável, cuja face é idêntica a dele, o casal Allien e o Predador medindo forças durante uma DR (discussão de relacionamento) e Zóio, um ex-presidiário inocente.

Para dar ritmo, de forma a costurar as cenas do espetáculo, surge o gerente de RH. Ele entra e sai do jogo cênico com frases que denunciam suas variações de humor.

Segundo seus criadores, no espetáculo não cabem rótulos ou segmentações. Para eles, o Quinta Q Pariu! foi concebido para agradar todos os gostos, porém busca a sua própria identidade.

A Cia. de Humor Quinta Q Pariu! teve início em 2006, quando seis atores tiveram a ideia de apresentarem suas performances, despretensiosamente, no palco de um bar localizado no bairro do Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Essa experiência deu a cada um deles a chance de desenvolver seus personagens, seus textos e testá-los junto ao público. Nesse período, o material foi trabalhado, adaptado e modificado. Daí foi um pulo para o espetáculo ocupar o palco do Teatro Folha, depois de ter participado do projeto Nunca Se Sábado.

Serviço:
Quinta Q Pariu! (75 minutos), classificação: 12 anos, comédia.
Teatro Shopping Frei Caneca (600 lugares)
Rua Frei Caneca, 569 - 6º andar – Cerqueira Cesar.
Informações: (11) 3472.2226/ 2229/ 2230
Bilheteria: Terça a domingo, das 13h às 19h ou até o início do espetáculo.
Vendas: http://www.ingressorapido.com.br/ e 4003.1212
Quintas, às 21h30 - R$ 50

Ficha Técnica:
Elenco: Antonio Ribeiro, Marlei Cevada, Maurício Sampaulo, Melissa Comunalle, Théo Ribeiro e Carlos Fariello
Foto: Káki

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vem aí Zorro, O Musical

Entre os musicais previstos para entrar em cartaz neste segundo semestre está o lendário Zorro. Gerações dos anos de 1970 deliciaram-se com os episódios da série na televisão, estrelada por Guy Williams.

O espetáculo é baseado no livro Zorro - Começa a Lenda, da famosa escritora chilena Isabel Allende (A Casa dos Espíritos, De Amor e de Sombra, Paula e Cidade das Feras) e conta a história do notório personagem mascarado, que ganhou ainda mais popularidade com a interpretação de Antonio Banderas no cinema.

Dirigido pelo admirado Roberto Lage, a versão brasileira será executada por uma orquestra de 10 músicos com direção musical de Willy Verdaguer.

Conforme Lage, “a música é um dos pontos altos do espetáculo, todas compostas pelo famoso grupo francês Gipsy Kings". Segundo ele, as mais conhecidas no Brasil como 'Djobi, Djoba', 'Bamboleo' e 'Baila Baila', entre outras canções, prometem levantar o astral da plateia.

Murilo Rosa foi o escolhido para encarnar o mascarado, ao lado de 27 atores, entre eles: Camilla Camargo (Luiza), irmã da cantora Wanessa Camargo, Claudio Curi (o Velho Cigano, que narra o espetáculo), Naima (Inês), Gerson Steves (Sargento Garcia) e Luiz Araújo, o irmão do Zorro.

A história aborda desde a ida de Diego de La Veja para a Califórnia até assumir, secretamente, o seu alter-ego Zorro.

Suas paixões, batalhas e espírito idealista estarão estampados nesse musical que mistura humor, esgrima, sapateado, luta e dança flamenca. Tudo associado ao comportamento do brasileiro, de acordo com Lage.

Zorro, The Musical ficou em cartaz durante nove meses em Londres e ganhou cinco indicações ao prêmio britânico Oliver, equivalente ao americano Tony Awards, com a premiação da artista que interpretou a cigana Inês.

Em outubro do ano passado a temporada foi iniciada em Paris, no Teatro Follies Bergere e deve permanecer em cartaz até agosto de 2010.

Um pouco do espetáculo apurado pelo Rê-Tê-Tê, durante a coletiva:
Don Diego de La Vega é um jovem rapaz rico que sai da Califórnia e vai estudar em Barcelona deixando para trás Luiza, o seu amor de infância.

Mais tarde em Barcelona, Diego se afasta da escola para se juntar ao grupo de músicos ciganos, tornando-se a estrela principal. Luiza encontra Diego e pede para ele voltar a Califórnia, pois Ramon, seu irmão, assumiu o poder após a morte de Don Alejandro, seu pai, e se tornou um capitão para lá de tirano.

Inês, uma cigana apaixonada por Diego e de forte personalidade, convence todos os ciganos do grupo a irem para Califórnia ajudar o amado.

Após testemunhar a crueldade de Ramon, Diego decide criar um herói para combatê-lo, daí nasce Zorro.

Durante o espetáculo, Ramon quer acabar com Zorro, o herói que luta pela paz de seu povoado. Já Inês sonha em ser correspondida por seu amor e Luiza quer saber quem é o charmoso e encantador homem, escondido por trás daquela máscara.

Serviço:
Zorro – O Musical
Previsão de estreia: julho de 2010
Curta temporada: julho a setembro de 2010
Teatro das Artes
Avenida Rebouças, 3970/ 3° andar – Shopping Eldorado
Bilheteria: (11) 3034-0075

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A Virada Cultural começa amanhã!

Para quem vive na cidade São Paulo, a Virada Cultural é um evento de importância. Primeiro porque democratiza as artes; segundo, porque reúne vários tipos de gêneros culturais. Muito difícil não satisfazer todos os gostos. Terceiro, na maioria, a programação é gratuita.

Outros motivos: apresentações de qualidade, valorização dos artistas e da cultura brasileira, projeção da cidade e o grande prazer de andar pelas ruas, durante a madrugada, conversando e brincando com amigos, livre da grande preocupação, que assola a paz dos paulistanos, de ser vítima de algum tipo de violência frequente na cidade. A visita noturna ao parque da Luz é um exemplo.

Sem falar nas delícias de entrar na Pinacoteca, no Centro Cultural de São Paulo, nos Sescs depois da meia-noite. É uma sensação de liberdade e bem-estar, que deveria ser comum na capital não somente nessas famosas 24 horas, mas Sempre. Seus cidadãos merecem! Proporcionar eventos nos CEUs para moradores mais afastados do Centro também é uma boa atitude.

Essas vantagens começam às 18 horas de amanhã (15) e vão até as 18 horas de domingo (16). A sexta edição do evento reúne shows, peças de teatro, espetáculos circenses, de dança, folclóricos, concertos musicais, cinema etc.etc.etc.

A expectativa da Secretaria da Cultura é a de que quatro milhões de pessoas participem da programação. Serão cerca de mil atrações, apoiadas por um investimento de R$ 8 milhões. Cinco milhões a mais do que no ano passado e um salto exorbitante em relação aos R$ 600 mil da primeira edição, de 2005.

O show de abertura, no sábado, às 18 horas, ficará por conta dos cubanos Barbarito Torres e Ignácio Mazacotte, do Buena Vista Social Club, no Palco da Praça Julio Prestes. Entre os shows internacionais destacam-se as bandas de Janis Joplin e Frank Zappa, Booker T. e Living Colour.

Toquinho, Zélia Duncan, Elza Soares, Titãs, Living Colour e ABBA - The Show (sim, é o mesmo espetáculo que se apresenta em Curitiba, no dia 23 de maio, com preços entre R$ 120 e R$ 400) também fazem parte da agenda.

Também haverá apresentações da Orquestra Imperial, Arnaldo Antunes e Móveis Coloniais de Acaju, os quais poderão ser vistos no Sesc, porém serão pagos.

Para quem prefere música clássica, o Palco da Praça da Luz terá apresentações da Orquestra Sinfônica de São Paulo (OESP) e da São Paulo Companhia de Dança, com o espetáculo Tchaicovsky Pas de Deux. Será a primeira vez que estarão juntas ao ar livre.

Na Vieira de Carvalho, point gay da Paulicéia, você verá os tradicionais e divertidos Arrigo Barnabé, André Abujamra, Frank Elvis & Los Sinatras - Baile da Vassoura, Luis Caldas, Jerry Adriani e Wanderléa.

Como tem acontecido nos últimos anos, a Virada terá mostra e sessões de cinema. Todos os filmes têm legendas em português. As salas escuras liberadas compõem o Cine Olido, onde indico o Hanami – Cerejeiras em Flor (direção de Doris Dörrie); o Cine Dom José, que abrigará exibições de filmes do monstro Godzilla, além do Cine Arouche, Cinesesc e o Cine Windsor para quem gosta de clássicos da licantropia (lobisomem, besta).

No Palco da dança (Vale do Anhangabaú), diversas companhias se apresentarão. Entre elas, São Paulo Companhia de Dança, Cena 11, Cisne Negro e Balé da Cidade. O destaque é a parceria entre a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e a São Paulo Companhia de Dança.

Em palco montado entre a Pinacoteca e a Estação Luz do Metrô, a Osesp, regida pelo maestro John Nelson, homenageia o bicentenário de nascimento de Schumman com a execução da abertura da obra Manfred e a Sinfonia nº2. Na sequência, como já mencionado, a orquestra acompanhará um casal de bailarinos, que apresentará Tchaikovsky Pas-de-deux, de George Balanchine.

As crianças, até que enfim, também serão contempladas. Além da apresentação do maravilhoso Palavra Cantada (Sandra Peres e Paulo Tatit), que acontecerá em palco fixo, elas poderão andar pelo Centro e se divertir com o palhaço Xuxu (Luiz Carlos Vasconcellos), com a Família Burg (o circo tradicional em leitura contemporânea) e a companhia Pia Fraus, entre outros, os quais se deslocarão nas imediações do Vale do Anhangabaú.

Além disso, para todas as idades o jogo de futebol apresentado pelos Acrobáticos Fratelli e as esquetes dos vários artistas de rua. Unidades do Sesc também têm espetáculos dessa natureza.

No Palco Barão de Limeira você dançará ao som de músicos jamaicanos como Pablo Moses e Clinton Fearon, além da primeira formação da banda Cidade Negra, que traz Ras Bernardo nos vocais, interpretando canções do disco Lute para Viver (1991), além da Tribo de Jah.

De acordo com a organização, serão disponibilizados cerca de mil banheiros químicos, 57 ambulâncias, 20 UTIs móveis, 700 seguranças particulares. O metrô e os trens da CPTM funcionarão durante as 24 horas do evento.

Espero que essas simples ações, as quais envolvem limpeza, higiene e segurança sejam, rigorosamente, cumpridas pela Prefeitura Kassab, que tem deixado esses itens a desejar nos últimos três anos da Virada.
É fundamental também que haja fiscalização acirrada sobre o grave fato do consumo de bebida alcoólica entre os adolescentes, que invariavelmente são vistos bêbados pelas ruas, em situações vexatórias. Além de ser crime o consumo de bebida alcoólica para eles, a venda indiscrimida por camelôs não é legalizada e todos os anos esses acontecimentos se repetem. São apenas medidas simples e assertivas, que podem garantir um evento de fato prazeroso e democrático. O Governo precisa ter mais consciência sobre essa sua responsabilidade.

A parte desses problemas, você pode, ainda, se divertir. Então, elabore o seu roteiro, convide seus amigos e abra espaço para se envolver e se emocionar com espetáculos de qualidade. Clique no site oficial e escolha: http://viradacultural.org/programacao. O Blog É Todo um Rê-Tê-Tê deseja-lhe um lindo final de semana!

sábado, 8 de maio de 2010

Reestreia de “In On It” foi animada e muito aplaudida!

A peça In On It, sem dúvida é um marco atual do teatro brasileiro. Sucesso de público e crítica, no Rio de Janeiro (2009) e em São Paulo (2010), reestreou ontem, 07 de maio, no Teatro Eva Herz.

A montagem, que rendeu o Prêmio Shell Rio de Melhor Ator a Fernando Eiras e Melhor Diretor a Enrique Diaz, soma todas as novidades da sexta arte contemporânea e deixa o espectador entusiasmado, perplexo. Texto e ótima direção, certos momentos, quebram a quarta parede, interagem com a plateia, fingem não estar no palco, criam situações inusitadas.

Vale a pena! Eu diria até: - Não perca a oportunidade de fazer parte desse momento, o qual comprova que o melhor teatro é feito de texto + ator + relações humanas em profundidade. Atuações complexas dentro um universo poeticamente muito abaixo da superfície dão o tom de In On It. (Tradução livre Por dentro).

A narrativa segue uma arquitetura orgânica (não linear) e exige muito dos atores Fernando Eiras e Emílio de Mello, que não deixam a desejar em nada! Os personagens são "Este Aqui" e "Aquele Ali", que entram e saem do jogo cênico com fluência lógica e harmônica. Perfeito!

Os atores revezam-se com maestria ao interpretarem 10 personagens diferentes, enquanto discutem sobre o processo de criação de uma peça de teatro.

É uma metalinguagem. Uma peça falando da elaboração de uma outra peça, enquanto uma terceira peça se anuncia. Nessa moderna mimese teatral, três camadas são apresentadas e fundidas durante o espetáculo: a peça (escrita por um dos personagens em cena), a atuação cênica e a intersecção entre o passado e o presente.

O presente consiste principalmente na discussão entre “Este Aqui” e “Aquele Ali”, que hora um ou outro é Raymound (Ray), Loy, Brenda, Terry e outros. Tudo isso em um único figurino constituído por camisa, calça, sapato, tênis, gravata e um casaco. Incrível!

Há um acidente envolvendo um carro Mercedes azul. O auto é jogado para uma outra pista, sem motivo aparente. “Este Aqui” e “Aquele Ali” representam cenas do espetáculo que "Este Aqui" escreveu sobre Ray, o qual supostamente dirigia a Mercedes.

Em um dado momento, Ray descobre que sofre de uma doença grave, a partir de exames médicos. Um gancho que permite aprofundar a misteriosa condição humana de vida x morte. Tratam-se de seres angustiados, inseguros, confusos, vitimados, corajosos, egoístas, amorosos, alegres, gentis, engraçados, enfim duais, humanos.

Os personagens discutem sobre situações que envolvem, ainda, a mulher de Ray, Brenda, seu filho Max e seu velho pai. No decorrer da história, os dois vivenciam implicações de suas vidas pessoais, nas quais a homossexualidade - não panfletada, nem atacada - existe como um dos componentes reais da complexidade apresentada.

Em muitos momentos, a sensação é de estar assistindo a um filme. A iluminação, o jogo cênico e o próprio cenário simples (duas cadeiras e um tapete), a direção e os generosos atores sugerem uma montagem cinematográfica. A rapidez ao vestir um personagem e outro, alinhada fielmente ao texto, faz um convite especial a sua concentração e ao olhar atento. Não abstraia!

O texto, até então inédito no Brasil, é do dramaturgo canadense Daniel MacIvor. Ele foi descoberto pelo diretor Enrique Diaz, durante uma viagem a Nova Iorque. Uma atmosfera de mistério permeia In On It, que oferece muitas surpresas à plateia. O público ora se manifesta gargalhando, ora silenciosamente é atraído pelo rumo da história. O final da reestreia foi marcado por admiração e muito, mas muito aplauso!

*Se você desejar ampliar a discussão, deixe uma mensagem em Comentários (abaixo) com o seu e-mail. Terei o enorme prazer em conversar sobre o tema! Grata pela leitura!

IN ON IT
Teatro Eva Herz, 60 minutos, 166 lugares, a partir de 16 anos.
Livraria Cultura - Conjunto Nacional - Avenida Paulista, 2073 – Cerqueira César
Sexta e Sábado, às 21h. Domingo, às 18h
Sexta – R$ 40; Sábado e Domingo – R$ 50
Bilheteria: de segunda a sábado, das 14h às 21h. Domingo e feriado, das 12h às 19h30. Informações: 3170-4059 – Aceita todos os cartões de crédito e débito. Não aceita cheque.
Vendas pelo 4003-2330 e http://www.ingresso.com.br/
Até 27 de junho

Ficha Técnica

Texto: Daniel MacIvor
Tradução: Daniele Ávila
Direção: Enrique Diaz
Elenco: Fernando Eiras e Emílio de Mello
Iluminação: Maneco Quinderé
Cenografia: Domingos de Alcântara
Figurino: Luciana Cardoso
Trilha Sonora: Lucas Marcier
Direção de Cena: Marcos Lesqueves
Produção Executiva SP: Roberta Koyama
Direção de Produção RJ: Rossine A. Freitas
Direção de Produção SP: Henrique Mariano
Produção: Enrique Diaz
http://inonit.wordpress.com/

terça-feira, 4 de maio de 2010

Corra, “Antes que o mundo acabe”!

Daniel (loiro), 15 anos, sua namorada Mim (apelido para Jasmim), e o seu melhor amigo Lucas. Os três estudam no colégio de formação católica Dom Bosco, uma escola particular para famílias de classe média da pequena cidade agrícola Pedra Grande, interior do Rio Grande do Sul.

Esses são os principais ingredientes do filme Antes que o Mundo Acabe. A película de estreia da premiada curtametragista gaúcha Ana Luiza Azevedo é simples, despretensiosa e retrata de forma respeitosa os conflitos da adolescência.

São três adolescentes apaixonantes! Mas o maior envolvimento do público é com o protagonista Daniel. Difícil não sentir suas dores, alegrias, confusões e dúvidas. Para os adultos, assistir ao filme é um delicioso convite a mergulhar no passado e relembrar de fatos da adolescência. Depois, emergir cheios de compaixão pela própria fase nebulosa e pelos adolescentes nela inseridos.

Já os adolescentes podem compartilhar os acontecimentos do filme de forma realista, assim como experimentar certa cumplicidade, por estarem mais próximos desse frescor da idade e do nível de consciência próprio desse período da vida.

Antes que o Mundo Acabe estreia dia 14 de maio. Anote aí! Vale a pena pela linguagem, pelo sotaque encantador desses simpáticos personagens gaúchos, pela história maravilhosamente escrita a oito mãos (duas delas do consagrado Jorge Furtado, de produções inesquecíveis como Ilha das Flores e O Homem que Copiava). Sem contar as divertidas peripécias de Maria Clara (irmã de Daniel), uma menina de cerca de 10 anos, responsável pela narrativa em primeira pessoa.

Apesar de o título sugerir um mundo, a história trata de vários mundos: o planeta e sua destruição, o mundo dos beats e dos bits acelerados dos adolescentes, o mundo existencial dos adultos, o mundo imagético de Maria Clara, o mundo dos habitantes de Pedra Grande e o mundo que está sendo resgatado pelo pai biológico de Daniel, um fotógrafo internacional, preocupado em registrar povos e culturas com risco de extinção.

Maria Clara é dona de uma narrativa inteligente que dá sustentação ao filme, fazendo paralelos na progressão da história. Embora, seus conhecimentos são, de certa forma, duvidosos para uma garotinha, a película sugere estarmos diante de uma menina de potência intelectual incomum. Por exemplo, para citar a confusão da humanidade e do planeta, ela usa o termo entropia. Uma grandeza física dentro da termodinâmica, que, bem superficialmente, pode significar desordem, conflito, desarranjo...

A trama é bem contata, os personagens convencem e a produção e fotografia, apesar de simples, cumprem seus papéis. Mas o que tem de melhor é o roteiro e a ação, que levam o espectador a se encantar com todos esses universos diferentes, porém entrelaçados, interdependentes e possivelmente ressonantes dentro de cada espectador. Construção não rebuscada que o coração é capaz de entender muito bem!

A maioria dos personagens vive em um mundo de 15 mil habitantes e 8 mil bicicletas, rodeados de problemas triviais como incertezas, trairagem, insegurança e julgamentos. Com a pouca maturidade e problemas de gente média e grande, o sensível Daniel dá uma lição de amizade, amor e lealdade.

Amizade: Apesar de sentir raiva pela traição do amigo Lucas, que disputa a sua namorada Mim, debaixo de seu nariz, ele tenta manter os laços com os dois. Nessa atitude, que mistura honestidade, amor e culpa, é possível um adulto sentir inveja de sua maturidade. Mas como não há nada pior para uma amizade do que a deslealdade desmedida e a decepção dilacerante, Mim e Lucas mancham profundamente suas imagens diante de Daniel.

Lealdade: Em um primeiro momento Daniel sente raiva do amigo e o coloca, sem querer, em maus lençóis dentro do colégio onde estudam, por conta do desaparecimento de um laptop do laboratório de ciências. Culpado, ele tenta se redimir, no entanto, Lucas parece não ser tão inocente. Mim diz ter sentimentos confusos pelos dois guris, mas demonstra que a dissimulação é em algum nível de sua consciência uma amiga presente.

Mas o verdadeiro e real amor, Daniel encontra em sua casa. O padrasto Antônio é compreensivo e carinhoso. A mãe, apesar de ressentida com o abandono do pai de Daniel, evolui sua compaixão pelo filho e Maria Clara, em um nível infantil, manifesta afeto e admiração pelo irmão.

Ao longo do filme, Daniel se interessa em conhecer mundos fascinantes, apresentados por seu pai biológico, também chamado Daniel, que no momento está na Tailândia (construída de forma fictícia). Incentivado pelo pai, por meio de correspondências, o menino passa também a gostar de fotografar.

Baseado no romance infanto-juvenil homônimo de Marcelo Carneiro da Cunha, Antes que o Mundo Acabe é uma produção singela, sem a pretensão de apresentar um discurso profundo sobre a adolescência e capaz de dialogar com plateias jovens e adultas.

As filmagens começaram em outubro de 2007 e foram realizadas nas cidades de Taquara, Rolante, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre. No II Festival Paulínia de Cinema (2009), recebeu os prêmios de Melhor Direção de Ficção, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Filme de Ficção (Prêmio da Crítica).

Cena favorita: Daniel, Mim e Lucas chegam à cidade de Porto Alegre e se divertem com a rotina da vida urbana, que para eles é um estado de êxtase admirável.

Uma falha que não posso deixar de comentar é a incongruência entre a oralidade e a ação, relacionadas à ida ao museu. Daniel, Mim e Lucas estão em Porto Alegre. Antes, Daniel combina: "Enquanto Lucas faz a prova para admissão no colégio técnico de informática, eu e a Mim vamos à exposição". ('Antes que o mundo acabe', projeto do qual faz parte o pai de Daniel).

Porém, as cenas gravadas mostram primeiro os três na exposição (já sendo desmontada). Depois disso, o diálogo entre eles, constatando que Lucas não pôde realizar o exame, por conta da acusação de furto do laptop. A sequência dos fatos aqui não foi bem resolvida, cinematograficamente falando! Preste atenção se puder!

Ficha Técnica
Gênero: Aventura, 102 min, Brasil (2009), Classificação: 10 anos
Direção: Ana Luiza Azevedo
Roteiro: Ana Luiza Azevedo, Paulo Halm, Giba Assis Brasil e Jorge Furtado
Produção executiva: Luciana Tomasi, Nora Goulart
Co-produção: Casa de Cinema de Porto Alegre
Música: Leo Henkin
Fotografia: Jacob Solitrenick
Direção de Arte: Fiapo Barth
Edição: Giba Assis Brasil

Elenco: Pedro Tergolina (Daniel), Caroline Guedes (Maria Clara), Murilo Grossi (Antônio), Janaína Kremer (Elaine), Bianca Menti (Mim), Eduardo Cardoso (Lucas), Eduardo Moreira (Daniel Pai).

Link para cenas: http://www.youtube.com/watch?v=wIAeG37DYw4