sábado, 29 de maio de 2010

“Sex and the City 2” exibe um mundo de glamour, consumo e muito humor

O filme de número dois, com base no seriado “Sex and the City”, estreou ontem (28) em cinemas de todo o mundo. A película apresenta um texto repleto de humor simples e simultaneamente cáustico, às vezes romântico, os cenários são exóticos e luxuosos, com roteiro e personagens fiéis à série. Sim, diversão! Tudo continua muito bem-humorado e este é um dos principais motivos para assistir ao filme.

A outra razão, evidente, é compartilhar as crises da jornalista e escritora Carrie (Sarah Jessica Parker), o conflito em relação ao envelhecimento de Samantha (Kim Cattrall), o Eu idealizado de Charlotte (Kristin Davis) e a autoafirmação de Miranda (Cynthia Nixon), entre outros sentimentos dominados pela complexidade do universo feminino.

Em outras palavras, reviver e matar a saudade dos momentos prazerosos com essas quatro mulheres divertidíssimas e encantadoras. Afinal, passaram-se exatos doze anos, seis temporadas e um bem-sucedido longa-metragem. Porque não voltar no tempo e aproveitar mais essa chance? E com muito glamour, of course! Não espere nada mais!

Desde o seu começo, “Sex and the City” tornou-se um fenômeno internacional, com plateias ao redor do planeta, que rapidamente se identificaram com histórias de Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda. Na TV, a série rendeu mais de US$ 415 milhões em todo o mundo.

A sensação de muitos fãs é a de que as personagens são amigas de infância e não personagens de uma obra de ficção. A linguagem simples e fora da realidade da maioria de seus espectadores surpreendentemente conversa intimamente com eles. Coisas desse mundo contemporâneo entrópico!

E vale dizer: as atrizes continuam ancorando muito bem essas figuras universais. O filme, além de manter o eixo fundamental representado pela amizade e lealdade entre elas, arrisca ao tentar se aprofundar em dois pontos: a crise conjugal de Carrie e John, o Mr. Big (Chris Noth) e a obsessão pela juventude de Samantha. Consegue? Não!

Completando dois anos de casados, Carrie e Mr. Big entram em turbulência ao sentir que a rotina e a falta de ânimo começam a fazer parte de suas vidas. Essa preocupação é claramente mais experimentada por Carrie, que a partir dessas constatações passa a ficar insegura, confusa, bem desequilibrada...

Ela que escrevia sobre a vida de solteira em Nova Iorque, agora passa a falar sobre o voto do casamento e, claro, os pontos de incongruência em sua vida são facilmente transferidos para a sua obra. Assim, a personagem experimenta, mais uma vez, ser foco de crítica, nascendo outra frustração.

Mas ela, que já sofreu muito em função de seus sentimentos objetivados por Mr. Big durante os episódios na TV, na película é acolhida pelo marido, que exibe maturidade, compreendendo o momento da esposa amada, que muitas vezes se comporta como uma menina. Ele mesmo a chama carinhosamente de kid (criança) ao longo da história.

Já a exuberante Samantha continua preocupada com a aparência. A guerra é literalmente declarada ao envelhecimento pela mais velha das quatro inseparáveis amigas, com 52 anos. Ela tem como motes os hormônios, a juventude, o luxo, a beleza e, claro, isso continua super latente: sua libido exacerbada.

A personagem nega a passagem do tempo. Ela não aceita a possibilidade de colecionar as implacáveis marcas da idade. Esse fato leva a encenações engraçadas. Ela aparece com cremes no rosto, tem malas revistadas no aeroporto e cria uma relação de dependência com suas 44 pílulas que toma diariamente, entre vitaminas, medicação para reposição hormonal, anti-radicais livres, entre outros.

Para um bom pensador, a obsessão de Samantha pode significar um questionamento sobre a busca desenfreada pela perfeição do corpo, a qual muitas pessoas se envolvem de forma inconsciente e desmedida. Pior ainda quando esse desejo leva esses seres a situações de risco em cirurgias estéticas e aplicações de medicamentos proibidos. Nada novo, mas muito atual!

A pergunta sugerida pelo comportamento de Samantha poderia ser: Até que ponto fazemos parte da ditadura do físico perfeito, imposta pelos dias de hoje? Que tal?

A crise que envolve a maternidade é o tema de Charlotte. Ela entra no drama, na vítima e na culpa, ao mesmo tempo. A sua filha menor, Rose, chora constantemente. Ela sente-se sufocada, mas não admite. A outra maior também lhe exige bastante. Para completar o Rê-Tê-Tê aparece uma babá fogosa que lhe deixa, aparentemente, insegura com relação ao marido.

Todos esses conflitos emocionais de Charlotte dominam o seu ser e lhe tira o sossego, durante quase toda a viagem que as quatro fazem ao novo Oriente Médio, em Abu Dhabi. Seu sofrimento é atribuído à idealização de um casamento e filhos perfeitos.

Por último vem Miranda com as questões profissionais. Acima de tudo ela é uma advogada, inteligente e muito competente, porém ainda não encontrou o eixo de equilíbrio entre ser mãe, esposa e boa profissional.

Se as discussões apresentam tentativas de se aprofundar, o alcance é parco. O filme é para se divertir e reencontrá-las. Essa é a promessa! No mais, você vai notar um exagero de cores nas roupas, uma crítica americana ao Oriente Médio, uma rápida participação da sempre charmosa Penélope Cruz e uma exaltação merecida à Liza Minnelli, cantando e dançando "All the Single Lady", mais admirável do que brega. Afinal... é Liza, aos 64 anos, e de "shortinho"!

O diretor e roteirista é Michael Patrick King. E para quem não sabe a série de TV foi criada por Darren Star, inspirada nos personagens do livro de Candace Bushnell.

A equipe de produção conta com alguns veteranos de “Sex and the City”, como o diretor de fotografia John Thomas, o desenhista de produção Jeremy Conway, o editor Michael Berenbaum, além da estilista e figurinista Patrícia Fields e do compositor Aaron Zigman.

Boa sessão!

Ficha Técnica:
"Sex and the City 2", 2010 (EUA), 146 min, comédia romântica, classificação: 14 anos
Dreção e roteiro: Michael Patrick King
Atores: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth e outros
Estúdio e distribuidora: Warner Bros. Pictures
Produção: Michael Patrick King, John P. Melfi, Sarah Jessica Parker e Darren Star
Site oficial: http://www.sexandthecity2.com.br/

2 comentários:

Andre K. disse...

O filme beira o cafona e fora da realidade em alguns momentos, mas é fiel à sua proposta: pura diversão!!
Continua valendo a pena seguir as aventuras e conflitos dessas quatro mulheres!!

Luiz Otávio disse...

Olá Rosi! Aqui é o Luiz, amigo do Fabio e do Elias. É a primeira vez que leio parte de seu blog e gostaria de parabenizá-la pelas críticas de cinema! Eu não conhecia este seu lado de comentarista hein! Os textos são objetivos, claros, inteligentes, críticos, coesos, informativos e úteis! Incrível!
Abração!