Daniel (loiro), 15 anos, sua namorada Mim (apelido para Jasmim), e o seu melhor amigo Lucas. Os três estudam no colégio de formação católica Dom Bosco, uma escola particular para famílias de classe média da pequena cidade agrícola Pedra Grande, interior do Rio Grande do Sul.
Esses são os principais ingredientes do filme Antes que o Mundo Acabe. A película de estreia da premiada curtametragista gaúcha Ana Luiza Azevedo é simples, despretensiosa e retrata de forma respeitosa os conflitos da adolescência.
São três adolescentes apaixonantes! Mas o maior envolvimento do público é com o protagonista Daniel. Difícil não sentir suas dores, alegrias, confusões e dúvidas. Para os adultos, assistir ao filme é um delicioso convite a mergulhar no passado e relembrar de fatos da adolescência. Depois, emergir cheios de compaixão pela própria fase nebulosa e pelos adolescentes nela inseridos.
Já os adolescentes podem compartilhar os acontecimentos do filme de forma realista, assim como experimentar certa cumplicidade, por estarem mais próximos desse frescor da idade e do nível de consciência próprio desse período da vida.
Antes que o Mundo Acabe estreia dia 14 de maio. Anote aí! Vale a pena pela linguagem, pelo sotaque encantador desses simpáticos personagens gaúchos, pela história maravilhosamente escrita a oito mãos (duas delas do consagrado Jorge Furtado, de produções inesquecíveis como Ilha das Flores e O Homem que Copiava). Sem contar as divertidas peripécias de Maria Clara (irmã de Daniel), uma menina de cerca de 10 anos, responsável pela narrativa em primeira pessoa.
Apesar de o título sugerir um mundo, a história trata de vários mundos: o planeta e sua destruição, o mundo dos beats e dos bits acelerados dos adolescentes, o mundo existencial dos adultos, o mundo imagético de Maria Clara, o mundo dos habitantes de Pedra Grande e o mundo que está sendo resgatado pelo pai biológico de Daniel, um fotógrafo internacional, preocupado em registrar povos e culturas com risco de extinção.
Maria Clara é dona de uma narrativa inteligente que dá sustentação ao filme, fazendo paralelos na progressão da história. Embora, seus conhecimentos são, de certa forma, duvidosos para uma garotinha, a película sugere estarmos diante de uma menina de potência intelectual incomum. Por exemplo, para citar a confusão da humanidade e do planeta, ela usa o termo entropia. Uma grandeza física dentro da termodinâmica, que, bem superficialmente, pode significar desordem, conflito, desarranjo...
A trama é bem contata, os personagens convencem e a produção e fotografia, apesar de simples, cumprem seus papéis. Mas o que tem de melhor é o roteiro e a ação, que levam o espectador a se encantar com todos esses universos diferentes, porém entrelaçados, interdependentes e possivelmente ressonantes dentro de cada espectador. Construção não rebuscada que o coração é capaz de entender muito bem!
A maioria dos personagens vive em um mundo de 15 mil habitantes e 8 mil bicicletas, rodeados de problemas triviais como incertezas, trairagem, insegurança e julgamentos. Com a pouca maturidade e problemas de gente média e grande, o sensível Daniel dá uma lição de amizade, amor e lealdade.
Amizade: Apesar de sentir raiva pela traição do amigo Lucas, que disputa a sua namorada Mim, debaixo de seu nariz, ele tenta manter os laços com os dois. Nessa atitude, que mistura honestidade, amor e culpa, é possível um adulto sentir inveja de sua maturidade. Mas como não há nada pior para uma amizade do que a deslealdade desmedida e a decepção dilacerante, Mim e Lucas mancham profundamente suas imagens diante de Daniel.
Lealdade: Em um primeiro momento Daniel sente raiva do amigo e o coloca, sem querer, em maus lençóis dentro do colégio onde estudam, por conta do desaparecimento de um laptop do laboratório de ciências. Culpado, ele tenta se redimir, no entanto, Lucas parece não ser tão inocente. Mim diz ter sentimentos confusos pelos dois guris, mas demonstra que a dissimulação é em algum nível de sua consciência uma amiga presente.
Mas o verdadeiro e real amor, Daniel encontra em sua casa. O padrasto Antônio é compreensivo e carinhoso. A mãe, apesar de ressentida com o abandono do pai de Daniel, evolui sua compaixão pelo filho e Maria Clara, em um nível infantil, manifesta afeto e admiração pelo irmão.
Ao longo do filme, Daniel se interessa em conhecer mundos fascinantes, apresentados por seu pai biológico, também chamado Daniel, que no momento está na Tailândia (construída de forma fictícia). Incentivado pelo pai, por meio de correspondências, o menino passa também a gostar de fotografar.
Baseado no romance infanto-juvenil homônimo de Marcelo Carneiro da Cunha, Antes que o Mundo Acabe é uma produção singela, sem a pretensão de apresentar um discurso profundo sobre a adolescência e capaz de dialogar com plateias jovens e adultas.
As filmagens começaram em outubro de 2007 e foram realizadas nas cidades de Taquara, Rolante, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre. No II Festival Paulínia de Cinema (2009), recebeu os prêmios de Melhor Direção de Ficção, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Filme de Ficção (Prêmio da Crítica).
Cena favorita: Daniel, Mim e Lucas chegam à cidade de Porto Alegre e se divertem com a rotina da vida urbana, que para eles é um estado de êxtase admirável.
Uma falha que não posso deixar de comentar é a incongruência entre a oralidade e a ação, relacionadas à ida ao museu. Daniel, Mim e Lucas estão em Porto Alegre. Antes, Daniel combina: "Enquanto Lucas faz a prova para admissão no colégio técnico de informática, eu e a Mim vamos à exposição". ('Antes que o mundo acabe', projeto do qual faz parte o pai de Daniel).
Porém, as cenas gravadas mostram primeiro os três na exposição (já sendo desmontada). Depois disso, o diálogo entre eles, constatando que Lucas não pôde realizar o exame, por conta da acusação de furto do laptop. A sequência dos fatos aqui não foi bem resolvida, cinematograficamente falando! Preste atenção se puder!
Ficha Técnica
Gênero: Aventura, 102 min, Brasil (2009), Classificação: 10 anos
Direção: Ana Luiza Azevedo
Roteiro: Ana Luiza Azevedo, Paulo Halm, Giba Assis Brasil e Jorge Furtado
Produção executiva: Luciana Tomasi, Nora Goulart
Co-produção: Casa de Cinema de Porto Alegre
Música: Leo Henkin
Fotografia: Jacob Solitrenick
Direção de Arte: Fiapo Barth
Edição: Giba Assis Brasil
Elenco: Pedro Tergolina (Daniel), Caroline Guedes (Maria Clara), Murilo Grossi (Antônio), Janaína Kremer (Elaine), Bianca Menti (Mim), Eduardo Cardoso (Lucas), Eduardo Moreira (Daniel Pai).
Link para cenas: http://www.youtube.com/watch?v=wIAeG37DYw4
Esses são os principais ingredientes do filme Antes que o Mundo Acabe. A película de estreia da premiada curtametragista gaúcha Ana Luiza Azevedo é simples, despretensiosa e retrata de forma respeitosa os conflitos da adolescência.
São três adolescentes apaixonantes! Mas o maior envolvimento do público é com o protagonista Daniel. Difícil não sentir suas dores, alegrias, confusões e dúvidas. Para os adultos, assistir ao filme é um delicioso convite a mergulhar no passado e relembrar de fatos da adolescência. Depois, emergir cheios de compaixão pela própria fase nebulosa e pelos adolescentes nela inseridos.
Já os adolescentes podem compartilhar os acontecimentos do filme de forma realista, assim como experimentar certa cumplicidade, por estarem mais próximos desse frescor da idade e do nível de consciência próprio desse período da vida.
Antes que o Mundo Acabe estreia dia 14 de maio. Anote aí! Vale a pena pela linguagem, pelo sotaque encantador desses simpáticos personagens gaúchos, pela história maravilhosamente escrita a oito mãos (duas delas do consagrado Jorge Furtado, de produções inesquecíveis como Ilha das Flores e O Homem que Copiava). Sem contar as divertidas peripécias de Maria Clara (irmã de Daniel), uma menina de cerca de 10 anos, responsável pela narrativa em primeira pessoa.
Apesar de o título sugerir um mundo, a história trata de vários mundos: o planeta e sua destruição, o mundo dos beats e dos bits acelerados dos adolescentes, o mundo existencial dos adultos, o mundo imagético de Maria Clara, o mundo dos habitantes de Pedra Grande e o mundo que está sendo resgatado pelo pai biológico de Daniel, um fotógrafo internacional, preocupado em registrar povos e culturas com risco de extinção.
Maria Clara é dona de uma narrativa inteligente que dá sustentação ao filme, fazendo paralelos na progressão da história. Embora, seus conhecimentos são, de certa forma, duvidosos para uma garotinha, a película sugere estarmos diante de uma menina de potência intelectual incomum. Por exemplo, para citar a confusão da humanidade e do planeta, ela usa o termo entropia. Uma grandeza física dentro da termodinâmica, que, bem superficialmente, pode significar desordem, conflito, desarranjo...
A trama é bem contata, os personagens convencem e a produção e fotografia, apesar de simples, cumprem seus papéis. Mas o que tem de melhor é o roteiro e a ação, que levam o espectador a se encantar com todos esses universos diferentes, porém entrelaçados, interdependentes e possivelmente ressonantes dentro de cada espectador. Construção não rebuscada que o coração é capaz de entender muito bem!
A maioria dos personagens vive em um mundo de 15 mil habitantes e 8 mil bicicletas, rodeados de problemas triviais como incertezas, trairagem, insegurança e julgamentos. Com a pouca maturidade e problemas de gente média e grande, o sensível Daniel dá uma lição de amizade, amor e lealdade.
Amizade: Apesar de sentir raiva pela traição do amigo Lucas, que disputa a sua namorada Mim, debaixo de seu nariz, ele tenta manter os laços com os dois. Nessa atitude, que mistura honestidade, amor e culpa, é possível um adulto sentir inveja de sua maturidade. Mas como não há nada pior para uma amizade do que a deslealdade desmedida e a decepção dilacerante, Mim e Lucas mancham profundamente suas imagens diante de Daniel.
Lealdade: Em um primeiro momento Daniel sente raiva do amigo e o coloca, sem querer, em maus lençóis dentro do colégio onde estudam, por conta do desaparecimento de um laptop do laboratório de ciências. Culpado, ele tenta se redimir, no entanto, Lucas parece não ser tão inocente. Mim diz ter sentimentos confusos pelos dois guris, mas demonstra que a dissimulação é em algum nível de sua consciência uma amiga presente.
Mas o verdadeiro e real amor, Daniel encontra em sua casa. O padrasto Antônio é compreensivo e carinhoso. A mãe, apesar de ressentida com o abandono do pai de Daniel, evolui sua compaixão pelo filho e Maria Clara, em um nível infantil, manifesta afeto e admiração pelo irmão.
Ao longo do filme, Daniel se interessa em conhecer mundos fascinantes, apresentados por seu pai biológico, também chamado Daniel, que no momento está na Tailândia (construída de forma fictícia). Incentivado pelo pai, por meio de correspondências, o menino passa também a gostar de fotografar.
Baseado no romance infanto-juvenil homônimo de Marcelo Carneiro da Cunha, Antes que o Mundo Acabe é uma produção singela, sem a pretensão de apresentar um discurso profundo sobre a adolescência e capaz de dialogar com plateias jovens e adultas.
As filmagens começaram em outubro de 2007 e foram realizadas nas cidades de Taquara, Rolante, Santo Antônio da Patrulha e Porto Alegre. No II Festival Paulínia de Cinema (2009), recebeu os prêmios de Melhor Direção de Ficção, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Filme de Ficção (Prêmio da Crítica).
Cena favorita: Daniel, Mim e Lucas chegam à cidade de Porto Alegre e se divertem com a rotina da vida urbana, que para eles é um estado de êxtase admirável.
Uma falha que não posso deixar de comentar é a incongruência entre a oralidade e a ação, relacionadas à ida ao museu. Daniel, Mim e Lucas estão em Porto Alegre. Antes, Daniel combina: "Enquanto Lucas faz a prova para admissão no colégio técnico de informática, eu e a Mim vamos à exposição". ('Antes que o mundo acabe', projeto do qual faz parte o pai de Daniel).
Porém, as cenas gravadas mostram primeiro os três na exposição (já sendo desmontada). Depois disso, o diálogo entre eles, constatando que Lucas não pôde realizar o exame, por conta da acusação de furto do laptop. A sequência dos fatos aqui não foi bem resolvida, cinematograficamente falando! Preste atenção se puder!
Ficha Técnica
Gênero: Aventura, 102 min, Brasil (2009), Classificação: 10 anos
Direção: Ana Luiza Azevedo
Roteiro: Ana Luiza Azevedo, Paulo Halm, Giba Assis Brasil e Jorge Furtado
Produção executiva: Luciana Tomasi, Nora Goulart
Co-produção: Casa de Cinema de Porto Alegre
Música: Leo Henkin
Fotografia: Jacob Solitrenick
Direção de Arte: Fiapo Barth
Edição: Giba Assis Brasil
Elenco: Pedro Tergolina (Daniel), Caroline Guedes (Maria Clara), Murilo Grossi (Antônio), Janaína Kremer (Elaine), Bianca Menti (Mim), Eduardo Cardoso (Lucas), Eduardo Moreira (Daniel Pai).
Link para cenas: http://www.youtube.com/watch?v=wIAeG37DYw4
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