
Uma excelente oportunidade para entrar em contato, em apenas 70 minutos, com a arrebatadora história grega, referência, até hoje, não somente no mundo artístico como também no universo da psicanálise.
De forma concisa e bem estruturada oralmente, a plateia é transportada para Tebas, sem recurso visual (cenário e figurino) que remeta à época. Basta soltar a imaginação e deixar-se ser conduzido pelas fortes interpretações dos oito atores, que se incumbem dessa saborosa missão.
Eucir de Souza interpreta com propriedade e na medida certa o herói Édipo, ora com ímpeto de bom moço, ora com a força de um guerreiro. Ele transmite a essência do personagem, que dialoga paradoxalmente sobre a cegueira do homem, que não sabe quem é, e a sua grandeza, aspectos positivos da personalidade humana. É uma tradução simbólica da persistente crise identitária, que acompanha o ser humano desde a sua existência.
Outra atuação que merece destaque é a de Tânia Bondezan, viúva de Laio, mãe e esposa de Édipo. A atriz emociona ao vestir, com firmeza nos gestos e na voz, a pele de Jocasta. Ela transmite a dor da mãe e o desespero da esposa, que por força do destino mandou matar seu filho, mas se casou com o próprio.
Édipo, rei de Tebas, é o herói trágico. Apesar de não agir de forma rude e nem maléfica, puni-se de maneira dolorosa física e emocionalmente. Vítima da sorte, abdica o trono para o bem de seu país, além de deixar os filhos nas mãos de seu cunhado Creonte (Romis Ferreira).
Com adaptação e direção de Elias Andreato, que interpreta o vidente cego Tirésias, a história é revelada à plateia com roupagem enxuta, sem perder a originalidade.
Principal vetor desta versão, o texto é a grande estrela do espetáculo. Mas, sem dúvida, o elenco abarca bem a responsabilidade. Édipo pega nas mãos a rédea do enredo. Com grande força dramática, Eucir, praticamente, contracena com a luz de Wagner Freire, muito bem desenhada.
Os acordeons manuseados pelos atores Nilton Bicudo, Daniel Maia e Clóvys Torres apresentam a trilha sonora, que reverbera os acontecimentos no palco. E, mesmo quando sentados em suas cadeiras, os oito atores imprimem suas marcas de forma dinâmica.
O protagonista traz à tona temas como ética, moral e bom senso, já que ele assume a responsabilidade por todos os seus atos e vai até as últimas consequências para repará-los, mesmo sendo de certa forma inocente.
A trama tem como argumento o “Oráculo de Delfos” (espécie de adivinho da antiguidade), responsável pela previsão de que o filho de Laio e Jocasta mataria o pai e se casaria com a mãe.
Para evitar esse catastrófico destino, Jocasta entrega a criança para um servo de Laio (Daniel Maia), ordenando a sua morte. No entanto, sem coragem para matar o bebê, ele dá o recém-nascido a um pastor (Clóvys Torres), que por sua vez o entrega para a adoção pelo rei de Corinto.
Já adulto, Édipo (aquela criança) fica sabendo de tal maldição e, para não matar os seus pais, foge para Tebas. O resto da narrativa você pode saber no teatro Eva Herz, todas as terças, às 21 horas. Bom espetáculo!
Serviço
Teatro Eva Herz (166 lugares),
Avenida Paulista, 2073 – Livraria Cultura - Conjunto Nacional
Terças, 21h; de 03 de maio a 21 de junho
R$ 40 (meia entrada, R$ 20)
Informações: (11) 3170-4059 - www.teatroevaherz.com.br
Bilheteria: Terça a sábado, das 14h às 21h. Domingo, das 12h às 19h. Feriado, sujeito à alteração. Aceita todos os cartões de crédito. Não aceita cheque.
Vendas pelo www.ingresso.com e telefone: 4003-2330
Ficha Técnica
Autor: Sófocles
Adaptação e Direção: Elias Andreato
Assistente de Direção: André Acioli
Elenco: Eucir ee Souza – Édipo, Tânia Bondezan – Jocasta; Romis Ferreira – Creonte; Nilton Bicudo – Corifeu – Narrador e Músico; Daniel Maia – Estrangeiro; Clóvys Torres – Pastor; Elias Andreato - Tirésias
Música Composta: Daniel Maia
Desenho de Luz: Wagner Freire
Programação Visual: Elifas Andreato
Fotos: Águeda Amaral
Direção de Produção: Marlene Salgado
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