terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Madonna no Brasil

Conforme a mídia, a platéia brasileira, Rio de Janeiro e São Paulo, foi a mais animada, mais empolgada, mais festejada, a mais devota de Madonna. As afirmações foram atribuídas à equipe da estrela, aos organizadores dos shows e a ela própria.

A deusa mencionou a amabilidade de seus “súditos” brasileiros em todas as ocasiões que pôde, seja durante suas apresentações e passagens de som.

No último, domingo, dia 21, em São Paulo, ela - trajando calça de ginástica preta, modelo pescador, uma camiseta preta e tênis também preto cantou “Don´t Cry for me, Argentina”, substituindo aquele país por São Paulo. No decorrer do ensaio, também dançou, cantou e pulou corda.

Ela prestava atenção em cada detalhe e descontraidamente leve brincava com a calorosa platéia. Um grande presente para quem enfrentava a chuva.

Ao se despedir, a musa disse para as pessoas rezarem, pedindo que parasse a chuva. Atendendo ou não às preces, São Pedro fechou a torneira e a rainha, depois de um atraso que já ficou esquecido na memória de seus fãs, entrou triunfante sentada em seu trono.

Mas por que Madonna é ainda um fenômeno em solo brasileiro, mesmo sem subir ao palco por 15 anos? A fidelidade e lealdade são notórias em todas as faixas etárias. Era possível ver crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, tanto na pista quanto nas arquibancadas, cadeiras e camarote.

Os heróis brasileiros morreram de over dose, como já dizia Cazuza, no século passado. E Madonna é tratada como uma heroína e muito mais...

Ela disse no último show que tinha muita sorte. A diva reconhece! As mulheres olham para ela e vêem uma mãe realizada. Três filhos saudáveis. A mais velha, Lourdes Maria, é fruto de um envolvimento com seu ex-personal trainer, Carlos Leon. Fetiche para muitas!

O segundo da prole, Rocco, é um belo menino, resultado de um casamento de oito anos com o dislexo Guy Ritchie, cineasta inglês, nascido em Hertfordshire. Transformar (de certa forma) a vida em filme é arquétipo coletivo.

E, por último, ela ainda arruma espaço para amar (é o que se espera) o filho adotivo David Banda, que conheceu em sua fundação "Raising Malawi". O processo de adoção legal do garoto africano perdurou por dois anos. Admirável, não? (sem mencionar outros artistas hollywoodianos, os quais iniciaram a ação).

Além disso, ao final do show, era comum ouvir mulheres dizerem que a partir daquela noite o destino certo era uma academia de ginástica e uma reeducação alimentar. A boa forma de Madonna é contagiante, senão invejável.

Muitos homens estavam preocupados com as finanças da artista. Não raro ouviam-se comentários sobre a arrecadação dos shows, da turnê e, também, em relação ao corpo malhado, à ousadia e energia da diva.

Carência de ídolos? De bons exemplos no Brasil? Sem dúvida a auto-imagem idealizada - conscientes e inconscientes - de muitos brasileiros vão ao encontro das concretizações reais de Madonna, por esses e muitos outros RÊ-TÊ-TÊs.

Alguns famosos também renderam-se ao "encanto da flauta", deixando de ser estrelas para se tornarem tietes. Preta Gil e Luana Piovani, por exemplo, seguiram a musa do Rio a São Paulo. Já Hortência (ex-jogadora de basquete da seleção) levou os filhos para apresentar Madonna como um bom exemplo, quando o assunto é bem-estar e qualidade de vida.

A mídia, então, nem se comenta. Falaram bem (na maioria das reportagens) ou muito mal como Jotabê Medeiros, na desnecessária e gratuita crítica negativa, publicada no Estadão Online, no dia 12 de dezembro, que parece ter sido retirada do ar.

No palco, a diva é mesmo magnetizante. Quase impossível tirar os olhos. E não adianta falar mal, o público prova que ela tem seus atrativos, cantando bem ou não. A paixão que ela desperta é indiscutível. Incrivelmene cativante. A auto-estima da cantora, dançarina e, raramente atriz, está mesmo em alta!

Se realmente somos auto responsáveis por tudo que temos, já que somos quem criamos e pensamos ser, conforme a lei da atração tão divulgada no Brasil, principalmente nos anos de 2006 e 2007, por meio de filmes e livros como “Quem somos nós?” e “O Segredo”, Madonna criou toda a atmosfera em que vive.

Em uma de suas entrevistas, ela afirmou querer ser Deus. Se Deus é simpático, ela de fato é uma deusa. Na passagem do som de domingo, carisma e atenção não faltou ao público.

Falante e feliz, parecia apossar da sensação de dever comprido. Mais tarde a impressão foi confirmada na final “Give it to me”, quando foi abraçada pelos dançarinos e derrubada no chão, sem perder o ótimo humor. Antes, emocionada chorou ao cantar “You must love me” e agradecer aos filhos, à equipe, aos fãs por tamanha felicidade!

O lado milimetricamente profissional da artista também foi evidenciado. Seja na troca de roupa, em que tudo é altamente esquematizado e pensado, até os passos precisos e sincronizados que realiza com seus super dançarinos.

Ela controla tudo! Precisa estar segura de que tudo dará certo, não se importando com as acusações sobre a maneira de fazer shows mecanizados.

Mecânico sim. Porém impecável. A diva realmente não “entrega pra Deus”. É muita tecnologia, muitos profissionais envolvidos... Muita responsabilidade. Quem sabe ela poderia ensinar esse profissionalismo ao staff da “Tickets For Fun”, que deu um show de incompetência na sua vinda para o Brasil, pelo menos.

Na quinta, dia 18, ingressos nas mãos dos cambistas custavam cerca de 10 a 30% dos valores oficiais, vendidos (muito mal) pela Internet e nas bilheterias. Já sábado e domingo era possível achar lugares pela metade do preço. Sem contar a cobrança da infame taxa de conveniência.

Cambistas e empresários da área de turismo que pretendiam lucrar com os shows foram ludibriados pela ganância. Alguns deles resolveram salvar o medíocre “negócio”, comprando mais barato de quem não assistiria ao show, por diversos motivos, e vendendo mais caro.

No domingo, um grupo de sete pessoas vendeu para um dos “negociantes” tíquetes na pista por R$ 30. Depois da transação, esse mesmo “comprador” oferecia os mesmos bilhetes por R$ 150. E, ainda, havia orgulho ao exercer a “profissão”!

“Compra de mim que sou cambista. Ele é amador. Eu tenho os ingressos. Sou profissional”, disse um, disputando a venda, em frente à entrada para a arquibancada azul, naquela tarde chuvosa.

Além da grande margem de chances para essa imensa vergonha, que passou desapercebida pelas autoridades responsáveis, a 4 Fun pecou também na distribuição.

Próximo das datas dos eventos, muita gente foi trocar seus tíquetes nas bilheterias do Credicard Hall. Eles estavam sem o código de barra. E, portanto, na hora da entrada por não haver leitura seriam considerados falsos. Pode?

No início, as pessoas precisavam comparecer aos guichês da casa de espetáculo por mais de uma vez, pois era exigida a fatura do cartão de crédito. Muitas tiveram de pedir a segunda via, esperar o reenvio, para depois efetuar a troca.

Ao final, talvez porque a notícia se espalhou e vários fãs estavam na mesma situação, bastava apresentar os ingressos “falsos”, vendidos nas bilheterias oficiais do evento e trocá-los. Eu participei dessa leva!

Para a próxima, se houver, a equipe técnica da Madonna deveria preparar um workshop para o grupo de amadores da 4 Fun. Vamos torcer!

3 comentários:

Anônimo disse...

Falou e disse! Ameiiii o POST... um LUXO como todos os outros!
Beijoss......

ER disse...

Tudo é tão difícil no Terceiro Mundo...

Preguiça!

Net, Time4Fun, preço dos ingressos (taxa de quê?), transporte público p um Estádio ordinário que quer ser uma das sedes da Copa (Derruba1 É feio), filas, etc.

Mas o Show foi LINDO!

Agora incrível mesmo foram aquelas duas cortinas de led, de formato circular, descendo no começo da passarela onde ela cantou em cima de um piano "Devil Wouldn't Recognize You" coberta por efeitos de chuvas, raios e trovões, depois numa versão repaginada em "Like a Prayer" ela é 'queimada' pelos leds num belíssimo efeito de fogo.
A complexidade dos efeitos tecnológicos só é superada pelo show virtual da banda "Gorillaz", de resto a sincronia no 'dueto' com Justin Timberlake em "4 Minutes", novamente com leds, desta vez em totens que se movem coreograficamente é de tirar o fôlego (sem fios!). Não basta ser 'rainha' têm de ensaiar, ensaiar...

No domingo ela se despediu do Brasil dizendo nos amar e que não demoraria mais 15 anos para voltar. Espero realmente que não, mesmo tendo a certeza que um show deste tamanho e com tamanha complexidade e energia física dificilmente se repetirá.
Volte sempre 'candy'!

PS. Assisti o show da grade. Dois metros da maior DIVA de todos os tempos. Ui.

Renata Rainho disse...

oi, eu também fui ao show!!! e sou umas das que acham que agora ou nunca vou ter que entrar numa academia pra envelhecer bem. bj bj bj